Uma grande campanha aponta para novas necessidades da comunidade homossexual
Todos os dias nós assistimos a notícias de violência e crimes cometidos contra homossexuais. São pitboys que agridem homossexuais em boates ou na saída delas; adolescentes que os excluem dos círculos de amigos(bullying); programas humorísticos que elegem gays para piadas de componente homofóbico e inúmeros canais de propagação de discursos moralistas que, no fundo, incitam aos crimes de ódio e à violência.
Em livro recentemente lançado pela Unesco, Juventudes e Sexualidade (março/2004) traz um relatório com pesquisas realizadas com estudantes, pais e professores da rede pública de ensino, em 14 capitais brasileiras. De todos os aspectos tratados, o preconceito existente contra o homossexual foi o ponto que mais chamou a atenção dos pesquisadores.
A pesquisa afirma que um em cada quatro estudantes declarou preferir não ter um colega homossexual em sua classe. A mesma pergunta feita aos pais revelou índices ainda maiores(chegando a 60% em Fortaleza e Recife), apontando que o preconceito é gerado no seio familiar, mostrando que tal opinião e violência praticada entre alunos são, antes, esperada pelos pais. Outro ponto de destaque na obra está na resposta dada pelos alunos sobre as formas mais graves de violência. Sendo solicitado que se apontassem as mais graves, bater em homossexuais ficou em último lugar nas respostas dos meninos que consideraram andar armado, usar ou vender drogas, atitudes mais agressivas.
Em livro lançado no dia 24 de março deste ano, também com o patrocínio da Unesco, Perfil dos Professores Brasileiros, outra notícia chamou a atenção: 60% dos professores brasileiros são homofóbicos.
Esses dados, que confirmam diversos outros relatórios sobre os crimes de ódio praticados no país, inclusive o realizado pelo Grupo Gay da Bahia, colocam o Brasil como uma das nações mais violentas do mundo para os homossexuais.
Na obra, o relatório da Unesco faz uma série recomendações acerca do tema homossexualidade, dentre elas:
v a necessidade de se criar projetos que discutam a questão da diversidade e identidade sexual;
v Capacitação de professores com a colaboração de especialistas, possibilitando e problematizando suas vivências sobre sexualidade;
v Investimento em espaço para escuta e debate com os pais, e principalmente com as mães sobre temas relacionados à sexualidade dos jovens.
A campanha produzida pela associação
Essa campanha tem por fim abordar o tema da convivência com a diversidade. Uma das pautas mais importantes que será discutida no Brasil neste ano é a igualdade de direitos civis entre heteros e homossexuais. O projeto que atende a esse fim é a Parceria Civil, conhecida, erroneamente, como Casamento Gay. A Associação do Orgulho GLBT de São Paulo, organizadora do maior evento de caráter social na América latina, que no ano passado levou mais de um milhão de pessoas às ruas de São Paulo acredita que o país precisa votar o projeto de parceria civil.Ele atina diretamente sobre as uniões e regras para patrimônios, mas indiretamente sobre as políticas para a comunidade homossexual que incluem o respeito social por parte da população e a elevação da auto-estima da comunidade GLBT, para que possa exigir direitos de norte a sul do país.
Ações da campanha
Numa proposta dirigida aos alunos, foi elaborado um plano da Associação GLBT para integrar o projeto Mix Jovem que conta hoje com a apresentação de Vídeos da Associação Mix Brasil e passará a ter a participação de Educadores e Militantes da APOGLBTSP propondo discussões com os alunos sobre o convívio com a diversidade no ambiente escolar.
Para estas atividades serão convidados Secretários de Educação e ONGs GLBTs de todo o país, a fim de que possam reproduzir o mesmo projeto em suas cidades e municípios envolvendo professores, pais e alunos.
· Os grupos, associações e jornais, sites, revistas que tiverem interesse em se unir à campanha em parceria em suas cidades, podem entrar em contato com a Associação Paulista imprensa@paradasp.org.br.
· Empresas, grupos, escolas e universidades que tiverem interesse em organizar debates sobre o assunto poderão entrar em contato com a Associação para participação de cada projeto.
A escolha das peças
Para falar de respeito à diversidade elegemos o conceito de aproximação e distanciamento. Todo mundo passa ou pode passar em algum momento para o lado de uma minoria ou de um grupo que sofre algum tipo de preconceito: negros, orientais, gordos, pobres, mulheres, judeus, loiras, idosos, deficientes, feios etc. Preconceito é algo inerente ao ser humano e, em muitos casos, está vinculado à ignorância/indiferença e a valores sem qualquer base concreta. Esclarecer profundamente a quem tem preconceitos é uma grande tarefa, que só gera resultados se há vontade de quem pratica em rever seus conceitos. Aproximar qualquer pessoa de uma situação em que ela sofreu discriminação é um bom caminho para construir o respeito à diversidade é a temática das peças.
As fotos são do jornalista e fotógrafo carioca, Pedro Stephan e tanto modelos quanto o fotógrafo cederam o material para uso na campanha.
O tema: "Aceitar é uma opção. Respeitar é um dever.", diz: Homossexuais gostariam de ser aceitos, mas principalmente, respeitados. Na pior das hipóteses, cada pessoa tem seu tempo de rever seus preconceitos internos, pois isso é uma decisão pessoal, uma escolha, opção. Mas ninguém deve prejudicar, escandalizar, humilhar ou restringir o acesso e direitos de um homossexual por sua condição sexual. Respeite para ser respeitado!
Pelos Direitos Civis!
Pedro Z Almeida
Associação do Orgulho GLBT de São Paulo
imprensa@paradasp.org.br
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