27 de fevereiro de 2015

A Lógica da Vida Longa e Próspera



Faz uns 5 minutos fiquei sabendo da morte do Mr. Spock (a.k.a. Leonard Nimoy). Ele tinha 83 anos e morreu em decorrência da DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) apesar se ter parado de fumar há mais de 30 anos o fumo cobrou seu preço...

Star Trek fez parte de minha infância e posso até dizer que faz um pouco "parte do que sou". Realmente na década de 60 nós acreditávamos piamente que estaríamos viajando rumo aos espaço sideral em 50 anos - apesar da série original se passar no século XXIII.
Para quem não conhece (será que tem alguém?) o personagem Mr. Spock era do Planeta Vulcano, um planeta muito mais "evoluído" que a Terra onde as pessoas tinham aprendido a viver SEM EMOÇÕES ao longo dos séculos e milênios. Os vulcanos se orientam pela LÓGICA, se algo era ilógico não deveria estar certo, não deveria ser feito. A questão é que o Spock era um "mestiço", ele era filho de um vulcano e de uma terráquea e esta mestiçagem era fonte constante de seus conflitos internos, pois ele, mais do que outros vulcanos, tinha que aprender a controlar suas emoções que volta e meia afloravam, e ele era inclusive discriminado em seu planeta natal em função disto. 

Mr. Spock é uma maravilhosa metáfora do que tanto desejamos: tomar decisões certas, baseadas em fatos, decisões lógicas, na "batata"...  mas que não conseguimos pois somos constantemente bombardeados por nossas emoções e nosso ego... Eu, na classe evolutiva dos Vulcanos, sou praticamente um organismo unicelular (ameba), pois a grande maioria das decisões que tomei durante anos e anos foram guiadas principalmente pelas emoções... E toda vez que eu tomava uma decisão baseada nas emoções e me F- - - -  tinha algo lá dentro que me lembrava que eu deveria ter sido mais racional, mais lógico, mas só depois.
Eu devo confessar que tem um componente anárquico e delicioso em fazer isto, em deixar as emoções guiarem, de certa forma parece que a coisa "certa" a se fazer é seguir suas emoções, mesmo que dê tudo errado... além do que sempre é um certo alívio responsabilizar o meu jeito "exagerado" e passional quando dá M- - - - !
Atualmente, em função da idade que trouxe aprendizado, eu tenho conseguido ponderar um pouco mais minhas decisões, não sem temperá-las com emoção, mas de certa forma eu tenho tomado decisões mais lógicas nos últimos anos, talvez eu tenha subido na escala evolutiva vulcana, mas acho que aprender mesmo vai acontecer só na próxima "encadernação"
Os vulcanos, provavelmente em função desta maneira de ponderar e não se emocionar em demasia, viviam centenas de anos, sem emoções... o oposto da "vida louca" das emoções... que abrevia a vida de tanta gente!

E você, quanto de VULCANO tem? Que tal ser um VULCANO, fazer tudo com lógica e viver muito?



Vida longa e próspera Leonard Nimoy... as reprises das séries e filmes e as legiões de trekkies vão garantir isto!


21 de fevereiro de 2015

HOPELESS

Cada idioma tem suas palavras que eu considero perfeitas... Hopeless, do idioma inglês, é uma delas... o equivalente em português seria SEM ESPERANÇAS, ou "desesperançoso", mas Hopeless pode ser ás vezes interpretado como "desesperado"...
....vamos concordar, Hopeless é bem mais bonita que "desesperançoso"!
Com os últimos acontecimentos - os escândalos de corrupção, a violência do estado islâmico, o calote eleitoral - eu tenho visto muito gente sem esperanças... mas eu fiquei muito triste e até perplexo quando minha filha exprimiu este sentimento... ela se dizia Hopeless em relação ao ser humano, em relação ao futuro da humanidade, em relação ao Brasil.... dizendo que não valia a pena fazer certas coisas pois - não tinha jeito mesmo!
Eu fiquei triste em ver uma pessoa de pouco mais de 18 anos, que acabou de entrar na faculdade, dizendo que não via muito futuro no país, nas pessoas... mesmo dando um desconto para o espírito crítico dela, eu vi que ela estava falando sério...
Tá certo que eu sou um otimista incorrigível, que sempre vejo o melhor das pessoas, sempre vejo o lado positivo das situações, sempre consigo achar motivos para ter esperanças no ser humano... e isto também não é muito saudável... este excesso de "achar que tudo etá ótimo", mas se eu me sentisse Hopeless eu não sei se conseguiria tocar muita coisa adiante... 
...aliás, sem ter esperanças no futuro como é que se pode pensar em ter filhos?

Eu concordo que a situação atual não é para comemorar, mas como será que as pessoas se sentiam por exemplo, durante a segunda guerra mundial? Eu imagino que em alguns paises havia muitos motivos para não ter esperanças, mas será que as pessoas teriam sobrevivido á guerra e suas atrocidades se não tivessem esperanças? 

Não sei o que é melhor... ser um otimista e acreditar que apesar de tudo as coisas sempre podem melhorar ou ser um realista de não ter esperanças... E você? Hopeless?

Você só se torna desesperançado quando você coloca suas esperanças nas coisas erradas!

17 de fevereiro de 2015

HOMOAFETIVIDADE, HOMOPATERNIDADE E VULNERABILIDADES.

O grupo HOMOPATER, coordenado pela psicologa Vera Moris, que reúne homens homossexuais que tem filhos, se reúne periodicamente para discutir assuntos relacionados ao universo masculino, a paternidade e a homoafetividade.
Se você é homossexual e pai é uma boa oportunidade de refletir sobre muitas questões, toda vez que eu participo eu sempre saio com a cabeça fervilhando!
No próximo dia 21 de FEVEREIRO o tema da reunião será HOMOAFETIVIDADE, HOMOPATERNIDADE E VULNERABILIDADES, e no convite para a reunião ela propõe uma reflexão:

"Ser homossexual, assumir a homossexualidade, pode predispor à fatores de risco?
Muitos enfrentamentos são necessários para não sucumbir ao adoecimento quando um homem percebe que não tem outra saida, que PRECISA ACEITAR SUA ORIENTAÇÃO HOMOSSEXUAL.

Há riscos? O que é necessário conhecer, trabalhar, enfrentar para um fortalecimento e enfrentamento consciente do que pode tornar alguém mais vulnerável e exposto a riscos.
Conhecer nossas fragilidades, limites é falar da exposição ao risco e de vulnerabilidades; é também saber como nos fortalecer."

O grupo será coordenado pela Vera e pelo também psicólogo e especialista em relacionamentos Edson Efendi. Se você tiver interesse em participar entre em contato com a Vera pelo telefone 5581.8141 ou pelo email vemoris@uol.com.br


Mas pensando no assunto.... será que um Homem Gay é mais vulnerável que um Homem Hétero? Vou tentar comparecer á reunião e depois eu conto!

13 de fevereiro de 2015

50 tons... de Rosa


Mr. Jay estava ansioso para assistir ás peripécias da Anastácia e do Christian desde que anunciaram que transformariam o livro em filme.... posto isto, lá estava eu - á princípio de maneira compulsória - para assistir ao primeiro filme da trilogia 50 TONS DE CINZA... fui com o espirito aberto, com um pouquinho de preconceito posto que não li os livros, disposto a me divertir... mas no final foi uma experiência cheia de surpresas!

A primeira surpresa foi saber que os ingressos da estreia esgotaram - em todas as sessões do cinemark - duas semanas antes! Coisa que normalmente só os blockbusters NERD, tipo STAR WARS, conseguem fazer...A outra surpresa foi o foyer (eu sou fino) e a fila... 90% mulheres... mulheres em grupos, histéricas, falando alto...
Conforme as pessoas foram se acomodando era uma algazarra digna de pre-estréia de filme da Xuxa (já fui em uma com a filha pequena, posso falar), foram produzidos centenas de selfies e com certeza dezenas de posts anunciando a presença "dazamigaz" no cinema... muito divertido... eu confesso que estava me sentindo até meio deslocado na fila com o Mr. Jay, meio sem graça, como se estivesse no lugar errado! 
Apesar de eu ter lido sobre o sucesso dos livros eu comecei a perceber que eu tinha subestimado o alcance deste sucesso... que de fato pode ser chamado de fenômeno...
Quando começaram as primeiras cenas as moçoilas da platéia (algumas nem tão moçoilas) quase surtaram! Gritinhos, piadinhas, risadas nervosas...  em algumas cenas, que devem ser momentos chaves do livro, a comoção era maior...nem preciso dizer que a "patuléia" foi a loucura a primeira vez que ele tirou a roupa e mais ainda numa cena rápida onde se pode ver de relance os pelos pubianos (a.k.a. pentelhos) do protagonista! 
Uma verdadeira experiência antropológica... especialmente com a presença de alguns "desavisados ou não" namorados acompanhados de suas escolhidas (como dia a revista CARAS)

A estória já foi contada outras vezes... a menina pobre que encontra um cara rico (riquissimo) que faz de tudo para conquistar a moça humilde (presentes caros) mas que depois, descobre-se, ele tem um lado "negro" (cinza no caso) e a menina abre mão de tudo por seus "princípios". O princípio no caso, da menina estudante de literatura inglesa, é basicamente o romantismo... ela se guardou (em vários sentidos) para seu romance idealizado... dormir juntinhos, passear de mãos dadas...
... com o upgrade do Helicóptero, do Audi, da super suíte de hotel, das roupas caras...que nenhum  ser romântico desde os tempos de "Pretty Woman" ia recusar não é???? 

De novo vemos o embate do amor, da idealização do amor, com a realidade, no caso uma realidade de abandono, de violência na infância, de abuso na juventude... justificando, de certa forma, as atitudes do protagonista, incapaz de amar e se entregar aos sentimentos... algo como .... só gente muito perturbada pode gostar de dominação e submissão... deixando nas estrelinhas que COM CERTEZA o amor vai mudar e transformar este homem e vai salva-lo deste mundo de perdição...
Eu não sou praticante e nem especialista deste tipo de prática sexual, mas acho preconceituoso e hipócrita colocar este véu moral, de novo tentando NORMALIZAR a sociedade, coisa que nós gays entendemos bem, pois sempre somos chamados a sermos normais não é? Você vai ver que o protagonista reforça isto em alguns momentos, a tal normalidade...

Eu gostei do filme e me diverti com tudo que ele movimentou.  E seria chutar cachorro morto lamentar que tradução MATOU a confusão proposital entre GRAY e GREY...Não é um filmasso... os atores até que tem bons desempenhos, com certeza serão convidados para outras produções onde talvez possam ser mais reconhecidos - sem a camada de preconceito que envolve o filme.

Quando acabou eu disse 
- Nossa acho que é um filme pesado (por conta de algumas cenas) para minha filha assistir... 
ao que o Mr. Jay disse algo como
 - "Hello! acorda Alice! O filme é classificado para 16 anos!"

É.... mais uma situação que me fez perceber que eu estou bem mais para o Rosa do que para o Cinza...

E você? Em que lado do degradê você está? Mais para o Cinza ou mais para o Rosa?




10 de fevereiro de 2015

Fazendo o JOGO DA IMITAÇÃO...

No fim de semana assisti um dos filmes de temática LGBT menos gays que já tinha visto - O Jogo da Imitação 
O filme é baseado na biografia de Alan Turing, matemático inglês aceito por todos como o inventor do computador, como bom Nerd eu já conhecia um pouco da história dele, inclusive sobre a questão da homossexualidade e do final da vida dele - que eu não vou contar porque não quero estragar a surpresa. 
Digo que é um dos filmes gays menos gays que já vi porque não tem nenhuma cena de nudez, nem um mísero cara sem camisa, nenhum beijinho... nada... aliás, só se fala do assunto homossexualidade efetivamente no fim do filme... o que deve pegar de surpresa algum homofóbico mais xiita que assista o o filme! Mas acho que o filme, por sua abordagem, transmite uma mensagem incrível e efetiva, de como o preconceito é estupido e injusto.

Na hora que assisti ao filme lembrei um pouco da história do Oscar Wilde no final do século XIX e pensei nas centenas de milhares de histórias anônimas similares... realmente era infinitamente mais difícil ser homossexual num passado bem recente... 

Os computadores foram criados para, de certa forma, nos imitarem, pois mesmo funcionando de uma forma diferente que nosso cérebro, eles imitam as nossas necessidades para chegarem ás soluções que nós precisamos, e faz parte do imaginário de todo mundo imaginar o dia que os autômatos se parecerão conosco e serão até confundidos com pessoas por imitarem até mesmo nossos sentimentos... e sabe de uma coisa?  A maioria de nós gays acaba agindo como os computadores em certo momento da vida, para sermos aceitos passamos a imitar o comportamento hétero... para sermos confundidos com humanos héteros... 
Na infância ás vezes imitamos o gosto dos amigos por futebol, na adolescência imitamos os amigos que acham as "minas" gostosas, na família imitamos bons alunos e filhos educados, alguns vão adiante e imitam maridos ardorosos e se tornam pais aceitos socialmente... imitamos para nos confundirmos, imitamos para sermos aceitos. Cada um de nós  faz o seu JOGO DA IMITAÇÃO, dependendo da época, do meio em que vive, imitamos para sobreviver...
Muitos gays inclusive criticam os gays que querem se casar e ter filhos de estarem "imitando" os héteros, para serem aceitos... 

E você? Já jogou muito o seu "jogo da imitação" particular?








6 de fevereiro de 2015

Motivos para NÃO ter filhos...

Outro dia eu vi na linha do tempo de alguém do FACE um post que falava sobre motivos para não ter filhos, eu me diverti muito lendo o post e até concordei com a maioria dos argumentos apresentados, a maioria deles falando sobre as liberdades que uma pessoa sem filhos tem (de dormir a hora que quer, comer a hora que quer e etc...)
Realmente ter filhos não é uma aventura para qualquer um - isto não quer dizer que quem quer ter filhos é melhor ou pior - apenas que não é qualquer um que tem a tal VOCAÇÃO para ter filhos... Dá muito trabalho, dá muita preocupação, muito gasto, muito planejamento e SIM, você tem que abrir mão de muitas coisas em termos de liberdade...
Se as pessoas PENSAREM BEM, ninguém vai ter filhos....
Mas mesmo com toda esta lógica e racionalidade postas a mesa as pessoas continuam tendo filhos e os casais (ou mulheres, ou homens) que decidem não ter filhos acabam sofrendo uma certa pressão, um certo preconceito...se bem que isto melhorou muito nos últimos tempos...
Até mesmo casais gays são questionados - mas vocês não querem ter filhos?... E alguns  movem mundos e fundos para conseguirem seus filhos...

Eu até ia fazer uma brincadeira "torcendo" alguns dos motivos que o tal post levantava - por exemplo, um dos argumentos é que pessoas sem filhos podem comer porcarias e podem comer a qualquer hora... e eu ia argumentar que a vantagem de ter filhos era justamente começarmos a comer melhor, em horários mais regrados, o que aconteceu comigo quando minha filha era pequena - mas eu achei bobo fazer isto... todo mundo sabe que quem decidiu não ter filhos não será convencido por nenhum dos argumentos que eu apresentasse (!)

Muitas vezes já me perguntaram porque eu decidi ter um filho... Eu não tenho nenhuma resposta técnica para esta pergunta... eu sempre quis ter filhos, sempre me imaginei com filhos, mesmo antes de me entender como homossexual e o perceber o que isto implicava na questão... não sei se eu queria "transmitir meu legado", não sei se eu queria "provar algo a alguém", não sei se eu tinha algum "projeto megalômaniaco" de criar um ser a minha semelhança (no que eu, graças ao Bom Deus, falhei maravilhosamente), ou se é porque "eu adoro criança" ou até mesmo não sei se eu queria ter "alguém para cuidar de mim quando eu ficasse velho"... talvez todos estes motivos e alguns outros estejam presentes, mas eu acredito que eu resolvi ter filhos porque eu QUIS, ou , como NÃO DISSE Jânio Quadros, FI-LO PORQUE QUI-LO!
E para mim, tão programado para fazer o que é "certo" é incrívelmente libertador ir ao encontro do meu desejo, ir atrás do que eu simplesmente queria! E mais incrível ainda é não ter passado em nenhum momento, em nenhuma fase, por um segundo sequer de dúvida e arrependimento, o que me mostra mais ainda que eu posso acreditar em meus desejos... o que tenho aprendido cada vez mais...

Estes últimos 15 dias que fiquei sem postar... por exemplo, foram questões relacionadas a este post... eu estava justamente viajando de férias com a filha, aliás foi nossa primeira viagem "pai e filha" pois com este meu perfil de "agregador" nossas viagens sempre incluíam ou o namorado, ou a vovó, ou algum afilhado.... mas desta vez, como estaríamos celebrando os 18 anos dela, resolvi (porque eu QUIS!) que seriamos só nós dois na viagem... e vou dizer, foi incrível...

A tal aventura de ter filhos, se você tiver a tal vocação, é ... bom.... é algo! E tenho certeza que nenhuma lista de motivos vai te fazer desistir se é o que você QUER!

E ai? Quer?