Em família estamos passando por uma situação muito chata...um casal de amigos, mais que amigos na realidade, pessoas da familia, estão se separando após 18 anos juntos. ...OOPS, em função do caráter deste blog é preciso esclarecer que quando falo amigos estou falando de um casal heterossexual, um homem e uma mulher...com dois filhos.
Pois bem, ou melhor dizer, pois mal....eles foram levando durante os ultimos 3 anos, e foram se distanciando, mudando de interesses, umas brigas sem justificativa...todo mundo sabe do que estou falando...além do que este post não é para falar disto...
A partir do momento em que resolveram se separar, mais ou menos em outubro, a grande questão passou a ser como contar para os filhos, com 8 e 10 anos, que os pais iriam se separar, ficaram preocupados com a reação das crianças, do sentimento de perda...e foram adiando...
Vamos esperar o aniversário de um, o fim das aulas, o natal, a viagem de férias, vamos esperar para ver se melhora o relacionamento... O casal ficou muito, muito preocupado, com as possíveis perdas, pois teriam que mudar de casa, e tudo o mais.
Eu, quando conversava com eles, dizia que era melhor ir contando o que estava na realidade acontecendo, mostrando que os pais estavam trilhando caminhos diferentes, justamente para não surpreender as crianças, tipo - o gato subiu no telhado -. Ao contrário de muitos eu acredito que todas as pessoas, inclusive as crianças, tem condições de lidar com a realidade, de se adaptar, de aprender com as dificuldades e com as diferenças.
Não tem sentido você ficar com dó de uma criança cujos pais estão separados, ou ficar cheio de dedos com uma criança que é adotiva, ou querer esconder da criança fatos como a morte, a violência...Não estou também dizendo que não se deve escolher a linguagem adequada para falar com a criança. Devemos falar abertamente sim, mas numa linguagem, num clima, que a criança tenha chance de entrar em contato com aquela realidade, que julgamos ruim, com redução de stress, de medos.
Decidindo o que elas podem ou não saber.
Se os pais vão se separar eles devem ser saber o que vai mudar em suas vidas, mas especialmente o que NÃO vai mudar, eles devem ter chance de digerir a perda que isto significa, de elaborar um pequeno luto do momento, e devem ter espaço para superar isto.
São crianças sim! Mas são pessoas, tem sua estória e seu futuro, futuro construido a todo momento, e isto não pode estar cheio de coisas não ditas, inclusive se seu pai ou sua mãe é homossexual...
E quanto as duas crianças do casal..quando finalmente foram comunicados que os pais iam se separar, as reações foram:
- " para onde vão os cachorros?" disse uma delas
- "eu vou ganhar dois presentes no natal?" disse a outra.
Me diz se eles precisavam estar tão preocupados!
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