Uma situação a principio totalmente marginal, uma relação de duas mulheres (também lindas por sinal), um filho de uma relação homossexual, uma criança gerada por meio da ciência, e tudo isto numa cidade do interior de São Paulo! Ha alguns anos, eu não tenho dúvidas das barras que estas duas enfrentariam....
Mas que nada! Festa em buffet infantil, com direito a presença e participação entusiástica de avós, tios, tias, dezenas de amigos, um monte de crianças...o assunto - filho de duas mulheres lésbicas - era um assunto tratado com a mesma relevância que outros...tudo tão NORMAL (detesto dizer isto, mas não achei nada melhor!)
Olha, os homossexuais eram clara minoria (contei uns 3 no máximo, me inlcuindo), muito diferente dos espaços que construiam suas famílias de escolha há alguns anos atrás
Como sou amigo delas há bastante tempo, eu sei que houve todo um trabalho ali, em que elas tiveram que se conquistar, consquistar suas famílias, seus amigos, mas também tiveram que parar de pedir "licença" e desculpas por serem quem são. Sei que uma delas foi a mais forte, mas a outra não correu da raia.
Com isto elas criaram um ambiente em que todos cresceram, seus pais, seus amigos, todos se tornaram pessoas mais tolerantes, mais abertos ao diferente, porque perceberam que o amor, que as pessoas, não tem um só jeito de ser.
A noite, novo evento social, desta vez um casamento, uma prima coincidentemente na mesma cidade do mesmo interior de SP, como eu fui direto, meus pais chegaram depois...
Assim que meu pai me encontrou, viu que eu estava sozinho e perguntou
- Cadê o ........?.
- Ficou em SP pois tinha um compromisso do curso dele o dia todo, repondi.
!!!!
Sério, meu pai, que durante muitos anos fez de conta que eu não sou gay, perguntando do meu maridon....como quem acha óbvio que ele estivesse junto comigo num casamento da familia! Sinal dos tempos!
Mas sinal também que o fato de eu já ter parado de pedir licença há muito tempo, está ajudando a mudar as coisas... E você? Ainda tá pedindo licença?
Ai, pior que eu tenho que admitir que ainda peço licença! Putz, ainda tenho mta dificuldade de me assumir e me "impor" com a minha família. Até hoje só me assumi pra minha mãe. Acho que essa é a maior barreira que enfrento na minha vida, realmente. Mas um dia eu paro de pedir licença. Tenho fé.
ResponderExcluirBjs
Eu parei de pedir licenca aos 20, e hoje aos 45 eu falo de meu parceiro e minha sexualidade com quem for, chefe, trabalho, amigos. Se alguem pode falar de familia comigo, eu tambem posso falar da minha familia, porque e parte de quem eu sou. E na boa, seu pai perguntou pelo seu companheiro porque ele sabe que e o cara que te faz feliz. Isso que pais decentes fazem: nao importa eles querem ver seus filhos felizes. Os homofobos, so pensam neles proprios.
ResponderExcluirInfelizmente ainda nem comecei o processo de pedir licença. Falta-me coragem para agir com o coração.
ResponderExcluirHoje tenho 25 anos, sei da minha homossexualidade desde os treze. Ainda hoje, mesmo percebendo todos os sinais clássicos, meus pais fingem não estar diante de quem verdadeiramente sou e imaginam o filho que eles querem que eu seja. Em alguns aspectos, não peço mais licença para muitas coisas, mas ainda hoje sinto quando saio de casa para encontrar meu namorado que minha mãe "fecha a cara" e meu pai fica cabisbaixo, reflexões educação e cultura nordestinos e machistas em que foram criados. Isso me deixa triste, mas ao mesmo tempo, espero que eles cresçam e aprendam a respeitar. Amo muito ser quem sou, ser diferente só me faria mascarar ou mostrar uma pessoa irreal. Enfim, ainda estou em processo, mas pra muita coisa, já não tenho que pedir licença.
ResponderExcluirPS. adorei sua entrevista com seu filho na revista JUNIOR. Esclarecedora! Abraços
Eu fiz um documentário que as mães de homossexuais falam do amor por seus filhos em O Discurso Rosa.
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=h8pS7yEPXBc