Eu confesso a vcs que eu conhecia muito pouco sobre a depressão, até mesmo em terapia já conversamos sobre o aspecto positivo de se deprimir, o que eu tenho certa dificuldade, fazendo sempre a linha Polyana...
Então no começo eu achava que era só o "jeito dele", que tinha momentos de mais tristeza e mais euforia, eu até encarava como joi de vivre a maioria do tempo. Ele nunca me enganou, me contou de seu medo de doenças, me contou que chegara a se tratar e tomar remédios durante a juventude. E eu topei continuar com ele.
Ele tinha momentos que não conseguia sair da cama, trabalhar, fazer as coisas dele, e momentos de extrema euforia (muitas vezes turbinados com alcool) em que ele ia para a balada tres dias seguidos, ficava até 5 horas da manha... Eu que sou bem "controlado" e "previsível" até achava interessante este nosso contraste, alem dele ser 11 anos mais novo que eu, ele era bem diferente
Mas combinavamos em muitas coisas, conversavamos muito, ele é uma pessoa muito inteligente, trabalha em uma área bem diferente da minha, eu aprendia muita coisa com ele. E durante um bom tempo achei que nossos sonhos e projetos poderiam se encaixar e serem tocados em comum.
No começo eu achava que tinha algum tipo de cura, talvez se ele tomase remedios, fizesse terapia, nunca mais precisasse sofrer com aquela doença. É muito frustrante vc ter alguem que vc ama doennte e se sentir impotente. Então eu tnah que acreditar que ele ficaria bom.
Depois eu entendi que não dava para curar, que isto fazia parte dele e eu pensei que eu devia entender, aceitar e conviver com aquilo, mas de alguma forma eu achava que se ele não se deparasse com coisas ruins ele não teria crises. se eu blindasse ele de problemas ele não ficaria triste.
Ai eu errei feio, comecei a assumir coisas dele, cuidar de muitos aspectos da vida dele, e exagerei de monte...teve dias que eu nem trabalhava, ´dias que ele estava muito triste eu era capaz de ficar do lado dele o dia todo, ir ao trabalho e esperar na porta durante várias horas, levar ele aonde precisasse ir.
Eu entendia que aquele era um caminho para dar uma mão para ele, alavancar um momento ruim e trazer ele para cima, era um caminho que meu amor por ele me dizia para seguir, mas na realidade foi isto que acabou "botando para fuder" a relação. Fui me tornando o "pai" da relação, um pouco por acomodação dele, um pouco pelas minhas neuroses e pela relação de dependência e co-dependencia que se criou. e isto foi nos distanciando, porque afinal de contas as pessoas não querem transar com o pai né?
Eu ate entendia isto, e com relação a minha filha (de verdade) eu sabia perfeitamente como agir, porque eu fazia diferente com ele? Acho que a doença de certa forma tb me dominou, eu tinha muito medo das crises dele, de com ele se sentia triste quando estava em momento de baixo humor, auto estima, animo...
Um verdadeiro triangulo amoroso, que, de certa forma, eu perdi...
uau! que texto incrível.
ResponderExcluiruma lição foda!
obrigado por dividir isso conosco.