Em 3 de março,o juiz Siro Darlan recebeu a Comenda da paz CHICO XAVIER, e deu uma entrevista para o Jornal Revelação do cusro de JOrnalismo da Universidade de Uberaba. Eu extrai um texto em que ele fala de adoção. Se quiser ler a entrevista completa clique no link
"JORNALISTA: Em 1997 o Sr. foi o primeiro, no Rio de Janeiro, a deferir uma adoção a um homossexual. Aguinaldo Silva está tratando da relação entre Homossexualidade e Adoção, na atual novela das 9. O que o Sr. pensa a respeito da retratação desse tema na telenovela?
JUIZ SIRO DARLAN: Eu acho importante. Eu acho que as novelas temáticas trazem a reflexão para a população de uma forma bastante séria. Temas importantes, como a Glória Peres sempre faz novelas temáticas sobre a questão da drogadição. Agora, essa novela também tratou, de forma muito superficialmente, do Alzhaimer e está tratando dessa questão do homossexualismo. Na verdade, eu deferi a adoção para uma pessoa, porque não se pode deferir para casal homossexual porque a lei ainda não autoriza a união matrimonial de pessoas do mesmo sexo. Porque o juiz quando aprecia uma causa, ele tem que apreciar essa causa, primeiro, moldada pela legalidade. Vocênão pode apreciar uma causa, com base em preconceitos. ‘Ah, eu não vou dar a adoção porque fulano é negro…ou judeu…ou nazista’. Todos esses critérios são critérios que a lei proíbe expressamente. Preconceito e discriminação são expressamente proibidos pela nossa constituição. Então nenhum juiz pode fundamentar ‘eu não vou dar a adoção porque essa pessoa é homossexual’, isso é uma ilegalidade. O que você tem que avaliar é se essa pessoa tem condição de ser pai, de ser mãe e de suprir a necessidades afetivas, emocionais, e também econômicas daquela criança. Se aquela pessoa atinge esses critérios objetivos, e a equipe técnica - porque o juiz não decide uma causa dessa sozinho - existe um laudo, de um assistente social e de um psicólogo, que vai dizer ao juiz se ela é idônea ou não. Você pode ter uma pessoa heterossexual, que seja um mau caráter, e que só vai fazer mal àquela criança. E você pode ter uma pessoa que é homossexual, e que é uma pessoa totalmente benéfica na convivência com aquela criança.
Então, quando eu deferi, eu deferi porque a equipe técnica falou: ‘Esse senhor, ele tem essas características: ele é professor de inglês, ele trabalha em tal lugar, ele é solteiro, mas a preferência sexual dele é por um companheiro, que vive com ele. Mas ele é uma pessoa idônea, do bem, da paz, uma pessoa capaz de criar e educar essa criança com amor.’ Ponto final, e é isso que me interessa. Então eu deferi, dizem que foi a primeira adoção, pelo menos conhecida, por homossexual. Eu por acaso tenho acompanhado essa adoção. Mais, porque a pessoa se prestou a escrever um livro sobre a experiência. Se você tiver interesse, o livro se chama o "Retrato em Branco e Preto", de Ângelo Pereira. É um livro em que ele narra essa experiência que ele adotou um menino, negro, que tinha um ano de idade, que estava abandonado em uma instituição e com problemas de saúde. Hoje, esse menino deve estar com uns 8 anos, estuda em um belo colégio, tem um acompanhamento psicológico, tem um desenvolvimento saudável e vive com esse pai, que cria, que educa. Feliz da vida! O que seria dessa criança se a gente tivesse impedido essa adoção? Viveria eternamente em uma instituição, até os 18 anos. Quando completasse 18 anos, a instituição falaria ‘Vai embora!’, e que família? Que referência? Foi uma criança salva por esse senhor que adotou, e que, por acaso, é homossexual.
Por outro lado, nós temos também quantos pais biológicos que são homossexuais.Seria o caso da gente tirar essa criança desse pai só porque ele é homossexual? Ele é pai biológico, ele gerou aquela pessoa. Nós sabemos, às vezes, até essa homossexualidade se manifesta depois de um casamento, já na idade madura, e aí ninguém fala em retirar aquela criança daquele pai, porque seria uma violência, tal qual é violência você negar a adoção só porque a pessoa é homossexual. Então a novela está trazendo a reflexão, um casal, de duas mulheres, que resolve dar uma família a uma criança. Esse o tema. Isso é que tem que ser refletido. ‘O homossexual vai influenciar nas tendências da educação do menino?’ Vai. E quantos homossexuais são filhos de heterossexuais? Não tenho argumentos que não sejam esses ao combate à discriminação, ao preconceito."
Muitas são as FAMILIAS HOMOAFETIVAS, homens ou mulheres gays que mantem longos relacionamentos, com ou sem filhos. Pais e mães homossexuais que criam filhos sozinhos. Filhos provenientes de casamentos anteriores, de adoções, ou outros métodos ... Este Blog quer conversar sobre estes paradigmas, sobre Paternidade Homossexual, sobre relacionamentos, família, direitos, leis. E também estimular a convivência entre estas famílias e a troca de idéias! Sejam bem vindos!
Que sensível e apropriado, revela profundidade e sinceridade sobre uma questão tão delicada, bela e desejado por muitos Homossexuais um beijão para ti e felicidades.
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