noticia publicada na FOLHAonLINE em 16/04/2007, escrita pelo jornalista PEDRO SOARES
Os recenseadores do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) começam hoje a contar a população dos municípios com menos de 170 mil habitantes. Pela primeira vez, o Censo poderá dimensionar quantos casais gays existem no país. No questionário de "contagem da população" há a resposta "companheiro do mesmo sexo" para a pergunta sobre grau de parentesco com o responsável pelo domicílio.
Das 4.562 cidades do país, só as 129 maiores não serão contadas. O levantamento custará R$ 560 milhões, valor que inclui o Censo Agropecuário, a ser realizado pela mesma equipe da contagem populacional.
Boa parte das diferenças entre os municípios decorre do porte das cidades. O percentual de pessoas com menos de quatro anos de estudo, por exemplo, era de 39% nas cidades com até 5.000 habitantes e de 43,5% na faixa de 10 mil a 20 mil em 2000 (último dado disponível).
A cifra baixava para 30,4% entre as cidades que tinham de 50 mil a 100 mil habitantes. Em todo o país, a média era de 27,8%, puxada para baixo pelas cidades com mais de 500 mil pessoas (15,6%).Já o número médio de anos de estudo crescia de acordo com o porte --da faixa de 4,2 a 4,6 para cidades com até 50 mil habitantes, passava para 5,5 anos de estudo nas que tinham de 50 mil a 100 mil pessoas.O índice de famílias com renda de até 1/ 4 de salário mínimo oscilava de 17,6% a 22,2% nas cidades com até 50 mil habitantes. Nas maiores (de 50 mil a 100 mil), a cifra era de 13,3%.
O objetivo da contagem populacional é buscar uma distribuição mais justa do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), cujos percentuais de repasse variam conforme o tamanho da população nas cidades até 170 mil habitantes. Acima dessa faixa, os valores são fixos.
Sem o Censo e a contagem da população --que deveria ter sido feita em 2005--, o IBGE faz estimativas populacionais, que podem ficar distorcidas devido aos movimentos migratórios.
O presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, diz que cidades muito pequenas poderiam estar numa faixa de maior arrecadação se tivessem apenas mais alguns habitantes. Em 2006, o fundo distribuiu R$ 29,7 bilhões. Neste ano, o Orçamento da União prevê R$ 36 bilhões. "A contagem permitirá uma distribuição mais justa."Aposentadoria do papelNa contagem da população e no Censo Agropecuário, o IBGE abandonou de vez o uso de questionários em papel. Por meio de licitação, foram comprados 82 mil computadores de mão (palm top), acoplados com GPS para georreferenciamento, ferramenta útil especialmente no Censo Agropecuário."Todas as pesquisas domiciliares, como a Pnad [Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios], a PME [Pesquisa Mensal de Emprego] e o Censo Demográfico 2010, usarão o computador de mão, que evita erros e indica imprecisões no preenchimento das respostas", diz Heleno Mansoldo, coordenador de Informática do IBGE.
O IBGE gastou R$ 115 milhões em tecnologia.
No Censo Agropecuário, serão pesquisados o tamanho das propriedades, as lavouras ou pastos nelas implantadas e o rendimento dos proprietários, segundo Antonio Florido, gerente do Censo
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