Para todo homossexual, masculino ou feminino, gay ou lésbica, existe um certo "momento de mutação" que é quando ele assume que é gay para uma pessoa. Podem falar o que for, a principio as pessoas sempre assumem que determinada pessoa é heterossexual e quando tem a confirmação que ela é homossexual, especialmente quando esta confirmação vem da própria pessoa, há um certo momento de "estranhamento".
Quem é legal, quem é gente boa, se adapta facilmente a nova informação, os homofóbicos, mesmo que inconscientes, sempre tem dificuldade em lidar com a informação, acabam soltando alguma pérola do tipo "eu também tenho um amigo gay que preciso te apresentar" ou "você nem parece" ou ainda o fatal "que desperdício"...
Acho que de certa forma o mesmo acontece com héteros em ambientes gays, é difícil aquele rapaz que esta com amigas na boate gay não ser tido automaticamente como gay, neste momento é ele que tem que sair do armário para os outros ao redor... e ainda vai encontrar uns olhares enviesados...dos gays que acham que "a coca é fanta"...
Aos poucos a gente vai se acostumando a "sair do armário"...Você começa testando este seu "poder" de assumir-se, a sua segurança de "ser quem é" aos poucos, com conhecidos, com médicos, muitas vezes sem nem ter necessidade, apenas para testar - e se divertir - com a reação das pessoas... até que chega aquele momento que você nem lembra mais de fazer isto, você não lembra quem já sabe e quem não sabe...
Mas "sair do armário" mesmo para os mais desencanados, continua sendo uma momento chave na minha opinião.
Eu pessoalmente já estou na fase de me divertir com o assunto, me divertir com a reação das pessoas... E, de certa forma, como muitos, eu encaro isto como uma certa militância.... para marcar nosso território e mostrar que somos muitos e estamos em muitos lugares... Eu sinto, de coração, que quando eu saio do armário para as pessoas eu estou (humildemente) pavimentando o caminho para outros...
Talvez aquele cara que me vendeu o novo sofá, que me viu junto com Mr Jay, usando alianças, discutindo como um casal a cor e o modelo do sofá, tenha um filho gay que ainda está no armário e que quando este filho se revelar ele vai tb lembrar de outras referencias além da Drag Queen caricata...
Talvez quando minha filha conta para os amigos que o pai dela é gay, e quando alguns me conhecem pessoalmente, eles sejam menos opressivos com seus colegas que parecem, e com os que são, gays e lésbicas...
Talvez quando eu abertamente falo para meus "colegas" de faculdade que "meu namoradÔÔÔ" está viajando, eu dê uma pequena chance deles tb poderem falar de suas particularidades
Talvez aquela pessoa que estava sentada a nosso lado no cinema, que viu quando tiramos o braço da cadeira e o Mr. Jay deitou no meu ombro durante o filme pense que nosso amor é valido como todos os outros, e eventualmente pode passar a olhar aquele colega de trabalho de outra forma...
Talvez sim, talvez não, mas pelo sim, ou pelo não, eu sinto que estou fazendo minha parte...
Eu tive problemas comigo mesmo até meus 24 anos [isto no início da década de 70]. Dos 24 aos 30 fui desencanando para completar por completo meu processo aos 30. Aí não ficou pedra sobre pedra. Família em toda a sua plenitude [pais, irmãos, tios, primos], amigos, colegas de trabalho ... enfim ... todos q valiam a pena e para quem eu sentia a necessidade de não ser duplo. Para surpresa minha, não tive a menor reação contrária ... o q mais ouvia era: Agora conta a novidade ... rs
ResponderExcluirVivo explícitamente minha homossexualidade hoje, sem qualquer constrangimento.
Mr Bratz, tenho certeza que seu jeito amoroso, que v transparece em todos seus textos, inspira e toca muita gente, abrindo espaço para muitos jovens que vieram depois de vc... beijo
ExcluirJuro que vou no casamento de vocês dois vestido de verde-oliva!! Haja militância! rsrs
ResponderExcluirJustamente por ter vivido no meio das artes era praticamente esperado que eu estivesse fora do armário. Aliás, o máximo que tive foi uma caixa de sapato e não um armário....Se tivesse um armário teria sido obrigado a queimá-lo no meio do palco!! Lembro que no meio artístico o estranhamento era sofrido pelos heterossexuais. Os pobres coitados passavam maus momentos se dissessem que gostavam de mulheres....Era o preconceito invertido....( motivo para um post, eu sei..)
Eu e o C. somos bastante afetuosos em público um com o outro. Tenho provas vividas que nosso relacionamento é tido como "inspirador" tanto para heterossexuais como para homossexuais ( estranhamente, é mais "inspirador" para heterossexualidade.)
Tá vendo! vc tb tem seus arroubos militantes... inspirando os heteros, protegendo os heteros desavisados no ambiente das artes!...
ExcluirE se vc for de verde oliva... não esqueça do chapeu combinando! beijo
Aguardo instruções suas e do Mr.Jay: verde oliva liso ou camuflado???????? Rs
ExcluirSaí do armário, que nem era assim tão grande, aos 17 anos (2007). Nunca tive qualquer problema e os meus amigos e família apoiaram-me muito. Nunca senti o peso da discriminação na pele e espero nunca vir a sentir, mas creio que a minha atitude irreverente tem muita influência nisto. A reacção mais caricata que tive de uma amiga foi "aí que bom, agora já podemos falar de homens para pinar"... E assim se mantém até hoje. :)
ResponderExcluirVc é muito sortuda samantha! parabens! mas lembre dos outros que nãotem tanta sorte quanto vc!
ExcluirMe lembro apenas da última pessoa que me disse ser gay - uma amiga que só namorava gato. Ela se descobriu gay pq se apaixonou. De início não entendeu e passou por um processo de aceitar a transformação que ocontecia com ela. Logo veio me falar e pediu conselhos. Mas não me lembro quem chegou primeiro a me dizer. Sei que tudo se torna natural quando existe a compreensão do outro.
ResponderExcluirAchei lindo o que escreveu: 'Eu sinto, de coração, que quando eu saio do armário para as pessoas eu estou (humildemente) pavimentando o caminho para outros... '
Beijus,
Vamos então Luma, pavimentar muitos caminhos!
ExcluirÓtimo post. Eu sou hétero e nunca tive a experiência de ver alguém sair do armário. Todos os gays que eu convivo, já os conheci assumidos. Já ouvi milhões de desabafos da parte deles dizendo o quanto foi difícil para alguns e sem nenhum problemas para os outros.
ResponderExcluirO que me causou mais estranheza, é de um amigo assumido um dia ter vindo me contar que havia saído com uma mulher, transado e gostado. Fiquei sem saber o que dizer. Talvez por eu tê-lo conhecido assumido, estranhei um pouco e a única coisa que eu falei foi: Não vou falar para você me pegar pois se tu me falar depois dessa que é homo eu vou te bater!! Rimos horrores.
Mas se vale o comentário de quando você saiu do armário em outros campos da vida, semana passada resolvi me mostrar para o mundo e na caruda mandar uma foto minha para o jornal da cidade. Fiz isso pois todo mundo me diz "tuas fotos são lindas" e eu ficava naquela: será? Segunda feira recebi um e-mail do editor do jornal dizendo que minha foto havia sido aprovada. Hoje cedinho ela foi publicada no Instagram do Jornal. Senti uma alegria imensa!!!! Talvez um assumir: Eu sou boa!!!
Beijocas e desculpe se saí do seu tema. :)
Pat, obrigado pelo comentário! de alguma forma agente esta sempre dentro do armário em algum sentido! abs
ExcluirQue texto lindo!
ResponderExcluirSó posso imaginar como é difícil viver essa situação. Apenas tive uma amiga que saiu do armário comigo. Os restantes já os conheci assumidos e assumidas.
Lembro-me perfeitamente da conversa que tivemos nesse dia... eu não conhecia ninguém homossexual e quando finalmente mo disse (e disse ser bi... ainda se andava a descobrir) eu tentei permanecer o mais serena possível mas confesso que fiquei muito perdida! Nem sequer suspeitava.
No dia seguinte, já me tinha passado a "incredulidade" e nunca mais pensei nela como hetero ou bi... mas sempre como lésbica.
No entanto eu peco numa coisa que mencionas... quando conheço um homem bonito (e boa gente) e sei ou percebo que é gay, sai-me sempre um "que desperdício". É algo que não consigo controlar!
obrigado pelo teu comentário! amiga, acho que o simples fato de vc estar atenta ao que diz ja começa a melhorar tudo... seria um desperdicio uma blogueira preconceituosa!
ExcluirAssunto velho e que não envelhece nunca. Rs. Ultimamente não ligo se as pessoas sabem ou não de mim. Não que esteja do armário. A maioria dos meus amigos sabem. Mas ao mesmo tempo não vejo necessidade de mostrar isso a todo mundo ao meu redor, mesmo porque sou solteiro. Talvez, se tivesse alguém do meu lado ou morando comigo, daí sim não conseguiria esconder. Mas, por enquanto, não vejo motivos... Não muda muita coisa...
ResponderExcluirEu já desencanei faz tempo, mas sem duvida ter um namorado ao lado ajuda em muitos aspectos!
ExcluirEu fui arrancado do armário , pois namorei dois anos um rapaz a qual me apaixonei e como era romântico , guardei cartas , mimos e presentes e a moça que trabalhava na minha casa , acho tudo e contou para minha irmã , pois não tenho mãe desde os 18 anos e ela veio morar comigo porque meu pai casou com outra. Bom isso não vem ao caso. Tive dificuldades de assumir , hoje não me preocupo , não levanto bandeira , como sou médico e sou muito amigo , simpático , eles , pacientes acabam cobrando de suas aventuras e eu as minhas e assim criam-se lados afetivos. Hoje estou de boa com minha família , o meu namorado, parceiro Davi , ainda é meio dentro pra fora do armário mas cada um tem seu tempo , eu o respeito e por ser político , talvez tenha q se preservar um pouco. Acho que tem profissões , posição social em que não se pode levantar tanto a bandeira. Eu admiro e sempre admirei pessoas assim , que gostam de demonstrar afeto em público. Parabéns pelo post.
ResponderExcluirPra alguns é uma tarefa fácil, para outros um desafio.
ResponderExcluirPra mim, é complicado, mas como dizem, nós que complicamos as coisas rs...
Abraços!
Ro, eu entendo perfeitamente o que quer dizer... eu tb ja compliquei muito este assunto! abs!
ExcluirSabe, nunca senti essa história de “armário” como algo assim tão relevante. Pode ser algum pensamento enviesado meu, mas, como não vejo heteros com plaquinha no pescoço, acabo me comportando da mesma forma. Aos amigos que me interessam, penso que sempre souberam, sem que eu tivesse que fazer anúncio. Ao “público em geral” (rs) não acredito que determinada sexualidade seja relevante. Resumo: a sexualidade é apenas um aspecto dentro de toda a complexidade em que se constitui a nossa personalidade. Não sei se me fiz entender...
ResponderExcluirAdorei o post!!! Que eu tenha contado, foram poucas pessoas, em todos esses casos sempre fui bem acolhido.
ResponderExcluirPara mim, a essa altura do campeonato seria meio óbvio que sou gay, bi, samambaia, sei lá... Mas as vezes sou surpreendido por amigos me apresentando mocinhas casadoiras ou me cobrando quando terei filhos...
Acho que para meus amigos de verdade pouco importa e tento sempre estar preparado para responder caso alguém me pergunte... Mas já estou naquela fase em que me preocupo menos com isso... Minha preocupação nesses dias tem sido ser feliz. Vale dizer que haviam algumas pessoas que queria contar, não que eu devesse, mas me sentia compelido tamanha nossa amizade - tinha medo de que elas soubesse de maneira errada ou se sentissem traídas... para elas, eu contei...
E deu tudo certo! :)