Conheça a história de Harris Wofford, ex-senador norte-americano, que foi assessor especial para direitos humanos do Presidente Jonh Kennedy e conselheiro de Martin Luther King:
Eu traduzi os principais trechos abaixo,
mas que preferirem o texto original em inglês
publicado no New York Times clique AQUI
Aos 70 anos eu não imaginava que eu poderia me apaixonar novamente e me casar novamente. Mas os últimos 20 anos fizeram da minha vida uma história de dois grandes amores.
No dia 3 de junho de 1996 o telefone tocou pouco depois da meia noite, interrompendo o silêncio do quarto do hospital. Eu atendi o telefone, que estava na cabeceira da cama da minha esposa Clare. "Por favor aguarde o presidente". Bill Clinton tinha ouvido que Clare, em decorrência da leucemia, estava partindo. Ela ouviu e sorriu, mas estava fraca demais para falar.
Algumas horas depois, eu segurei suas mãos enquanto ela faleceu. Durante 48 anos de casamento nós havíamos passado uma vida inteira juntos.
Na fria primavera que se seguiu eu me senti grato por estar vivo, sortudo por ter tantos amigos e familiares e feliz por um trabalho desafiador que o Presidente Clinton me deu envolvendo o serviço social nacional. Mas eu também imaginava como seria viver sozinho o resto da minha vida. eu estava certo que eu jamais encontraria o tipo de amor que eu e Clare compartilhamos.
Clare e eu nos apaixonamos quando tentávamos salvar o mundo durante a Segunda Guerra Mundial
(...) Nosso romance e aventura continuou por cinco décadas (...)
Nós passamos meio século juntos com diferentes perspectivas de vida. Tendo crescido durante a Grande Depressão, em que passaram por muito sofrimento, ela se tornou muito cética, enquanto eu sempre fui otimista.
(...)
Para nossas três crianças, e para mim, Clare era o coração de nossa família. Se eu lhe dizia "você é minha melhora amiga" ela respondia "e sua melhor critica" e se eu dizia "você é minha melhor critica" ela respondia "e sua melhor amiga".
Ambos tínhamos quase 70 anos quando ela morreu. Eu assumi que eu estava velho demais para procurar ou esperar encontrar outro romance, mas, cinco anos depois, de pé na praia, eu tive um impulso (...) entrei na água e nadei sozinho, atraindo a atenção de dois rapazes que estavam na praia. Eles se aproximaram e se apresentaram, foi desta forma que conheci Matthew.
Enquanto caminhávamos na praia eu fiquei impressionado pela maneira curiosa e criativa dele pensar, e com seu charme. Eu sabia que ele era alguém que eu gostaria de conhecer melhor. Tinhamos décadas de diferença de idade e interesses profissionais muito diferentes, mas estávamos fisgados.
Eu admirava seu espirito aventureiro aos 25 anos, foi quando ele me disse que eu era um "jovem de coração". Eu gostei da ideia (...)
Viajamos algumas vezes pelo país, depois para a Europa, juntos, nos tornamos grandes amigos. Aquela faisca que sentimos no início percebemos que cresceu e se tornou amor. Um amor diferente daquele que tive por Clare, Nunca havia sentido esta sensação antes.
Eu levei três anos para falar sobre Matthew para meus filhos. Eu levei um álbum, que mostrava eu e ele em nossas viagens, para um casamento da família, Eu não achava que o assunto precisava de uma abordagem direta. Em algum tempo meus filhos aceitaram Matthew como um membro da família, e os pais dele também me aceitaram carinhosamente.
Para alguns nossa união é natural, para outros é uma estranha surpresa, mas rapidamente percebem nossos sentimentos de amor e devoção mutuos. Já estamos juntos há 15 anos agora (...) Eu não categorizo a mim mesmo baseado no gênero daqueles que eu amo. Eu tive um casamento de meio século com uma mulher maravilhosa e agora eu sou um sortudo por ter encontrado a felicidade por uma segunda vez.
(...) Matthew é muito diferente de Clare. As causas politicas que me movem não são tão importantes para ele, mas isto não fez com que eu mudasse minhas prioridades, mas eu também passei a me interessar pelo design, a paixão dele.(...)
Aos 90 anos eu sou afortunado por viver numa época em que a suprema corte fortaleceu o que o Presidente Obama chama de "dignidade do casamento" , reconhecendo que o matrimonio não é baseado no genero da pessoa, escolhas ou sonhos, mas sim baseado no amor. Com isso em mente eu e ele estamos preparando nossa cerimônia de casamento.
No dia 30 de abril, aos 90 e 40 anos respectivamente, vamos unir nossas mãos e fazer nossos votos: para o melhor e para o pior, na riqueza e na pobreza, na doença e na saúde, com amor e com carinho, até que a morte nos separe