23 de novembro de 2016

LIMITES...

Rondonópolis - MS (vista a partir do topo do Hotel Confort)
No final de semana eu viajei até Rondonópolis, no interior de Mato Grosso, onde mora o irmão do Mr. Jay. 
ROO(1) é uma cidade de 140 mil habitantes, com uma boa qualidade de vida - se você tiver um bom ar-condicionado no carro, em casa e no trabalho😤 - mas o que me chamou a atenção foi o fato da cidade ter um "limite",  a cidade ter um fim bem nítido!

Do topo do hotel em que estávamos hospedados dava para ver o fim da cidade de todos os lados... O que é uma situação bem inusitada para alguém que mora em São Paulo, ou em outras cidades grandes, que na prática não tem limites, pois são tão conectadas ás suas cidades vizinhas que não se pode perceber claramente onde começa uma cidade e onde termina outra...(2) 
Me parece que ser paulistano, ou morar em São Paulo,  nos faz perder um pouco essa sensação de limites, a gente tem acesso a muita coisa, manifestações culturais de todos os tipos, coisas gratuitas e coisas vip caríssimas, uma cidade que funciona em grande parte 24 horas, tudo superlativo como bem sabemos... acho que acabamos adquirindo uma certa sensação - ou certeza - de que tudo é possível, tudo está ao alcance!

Ver os limites de Rondonópolis me fez pensar nos nossos limites. Nos limites que nos impomos, nos limites que nos são impostos... Nos limites que como pai tive, e tenho, que impor... e isso é bem complicado ás vezes...
Como pai eu sempre me preocupei em mostrar à minha filha que ela não deveria se impor limites, que deveria acreditar que ela pode tudo, e que não deveria se deixar abalar com a ideia da sociedade (machista) de que tem coisas que ela "não pode" ou não "consegue" por ser mulher. Desde muito pequena eu ensinei ela a tomar suas decisões (dentro do limite de cada idade) e arcar com as responsabilidades, deixando sempre ela dar umas "cabeçadas", pelo menos sempre que estas cabeçadas não ofereciam perigo real. Me parece que deu resultado pois vejo que hoje ela é uma jovem bastante independente (até demais na opinião do Mr. Jay 😃) e capaz de saber o que quer, o que é melhor para ela.
Resultado de imagem para limitesMas isso não me libera das "atribuições" do "cargo" de pai. Ainda tenho que impor alguns limites, alguns parâmetros, especialmente quando antevejo que sua integridade física pode estar em risco. Acho que ela, por ser uma "menina da cidade grande", e estar um pouco imbuída nesta sensação da "falta de limites" que as metrópoles nos concedem, ás vezes não percebe que os limites que ela aprendeu a não se impor ás vezes podem trazer riscos (coisas como planejar ir a shows em estádios sozinha, ou não prestar atenção que em certos horários certas regiões podem ser perigosas... e até mesmo não se alimentar com a atenção que seu corpo franzino - e agora vegetariano -merece)

Do mesmo jeito ainda estou aprendendo a lidar com os meus limites, com os limites que imponho a mim mesmo em especial, coisas que ás vezes me pego pensando 
eu não "consigo" isso, 
não "posso" fazer isso na minha idade, 
o que as pessoas vão "achar" se eu fizer isso?
Blame on me! Isto é um aprendizado constante, um vigilância e um treino permanentes, para não cair nessas armadilhas do que "acreditamos" que não podemos!

E você, é uma cidade sem limites? Ou vive brigando com os limites que você mesmo se impõe?




(1) ROO é o código do aeroporto da cidade
(2) Eu conheço outras cidades com limites, aliás várias, mas estar no topo do prédio, e ver estes limites tão claramente, é que despertou essa minha reflexão.




9 de novembro de 2016

CUNT! (1)

Eu não sei vocês, mas eu acordei com um susto hoje! 
Eram 7 horas da manhã, o Mr. Jay estava saindo para uma reunião do trabalho e eu acordei um pouquinho, mesmo com ele pé-ante-pé no quarto para evitar fazer barulho... eu podia dormir até ás 7:30... e este soninho extra sempre é maravilhoso não é? 
Mas quando ele me disse "O Trump ganhou!" eu entrei em choque, pasmei, palpitações, perdi totalmente o sono... aliás fiquei "passado", melhor "passado e engomado"!

Se eu já senti a sensação de vergonha com as nossas eleições, como ter o Bolsonaro como o mais votado, então eu entendo perfeitamente o que alguns americanos estão sentindo... Ontem a Miriam Leitão disse que a Hillary tinha conseguido uma façanha, unir o PT, PMDB, PSOL, PSDB, PCB e todos os outros partidos, pois todos achavam que a eleição dela era o melhor para o Brasil! E ninguém admitia a possibilidade dela não ganhar!
Como o Renato Gentile apontou no FACE ... depois do "nine eleven", agora os americanos vão lembrar do "eleven nine"

Eu não sou analista politico, nem expert em sociedade, mas me parece que Temer, Brexit, Putin, Dória, Le Pen, Bolsonaro, Estado Islâmico, e outras coisas, tem muito mais em comum do que parece... e não pelo que eles fazem, mas pelo que os outros NÃO FAZEM!
A minha percepção é que os progressistas -  e eu me incluo humildemente como um deles, como uma das pessoas que pensam e lutam por um mundo mais justo, um mundo com menos desigualdade, um mundo melhor para nossos filhos -  não estão conseguindo sensibilizar a sociedade. 
O que se convencionou chamar de "esquerdas" não está conseguindo mostrar para as pessoas que a "revolução"(2) para um mundo melhor vai ser boa para todo mundo! As "esquerdas", ou os "democratas" ou "socialistas", que chegaram ao poder, se perderam na busca de poder, pois acreditavam que os fins justificavam os meios! 
Enfiaram o bolsa família (ou o obamacare, ou os imigrantes sírios) pela goela de uma parte enorme da população porque acreditavam ser o melhor (e eu concordo), acreditavam que com o tempo todos entenderiam isso, e passariam a apoiar...só que isso não aconteceu... não convenceram milhões de mulheres, operários, pobres, negros, hispânicos, LGBT que se não tivessem votado no Trump ele não venceria... nem o presidente do Brasil se chamaria Michel!
Resultado de imagem para não sabe de nada inocenteDe alguma forma os progressistas são "uns inocentes" por acreditarem em contos de carochinha, em não verem que as leis que protegem as mulheres, apenas para citar um exemplo, tem mais de 50 anos e ainda há muito o que lutar... Em acreditarem que os métodos doutrinários e as imposições - que são parecidos com os métodos reacionários - vão realmente convencer as pessoas do que é "melhor".

Qual o caminho? Eu não sei! Mas o recado é claro, o fundamentalismo partidário, ou ideológico, tem que ser revisto, repensado, para que ele possa oferecer alternativas reais de mudanças revolucionárias, no melhor dos sentidos, propostas para o futuro do homem, propostas de reflexão, de um novo homem. Um homem em que o amor e a empatia sejam mais visíveis que o próprio umbigo, um homem aberto a mudanças, um homem possível, talvez menos capitalista, menos consumidor compulsivo, mas eu não sei bem como fazer isso!  Mas estou disposto a apoiar o caminho, mesmo que só meus netos vejam o resultado!


E você? Como acordou hoje? Está com medo do futuro? Ou está tranquilo? O que precisa ser feito para termos um homem melhor no futuro?


(1) CUNT é considerada "the most offensive word in the English language" por muitos falantes do idioma do bardo, é a palavra que o Michael, amigo americano do Mr. Jay, usou para definir o Trump no sábado quando jantamos juntos... fico imaginando o mau-humor dele hoje!
(2) eu acho que foi BURKE que disse que os "reacionários" e os 'revolucionarios" querem a mesma coisa, negar o presente! Os "reacionários" acreditam que o MELHOR do homem está no passado, que o homem piorou e que só a volta ao passado vai nos trazer o melhor, já o "revolucionário" acha que o MELHOR do homem está no futuro, e só uma ruptura com o presente pode levar a isso!
(3) Pelo que sei a eleição americana já teve repercussão no sistema solar... Marte acaba de endurecer as leis de imigração... não vai dar para se refugiar lá! Clique AQUI e saiba mais



3 de novembro de 2016

EMPATIA REACIONÁRIA

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Considerando EMPATIA como: a "capacidade" psicológica de tentar compreender e sentir como se fosse a outra pessoa, eu diria que sou uma pessoa bastante empática!  Mas nos últimos tempos a minha empatia parece estar sendo posta a prova...

Nos colocarmos no lugar da outra pessoa, andarmos com os sapatos dos outros, nos possibilita exercitar outras possibilidades para nossa vida, experimentar outras existências, a empatia nos possibilita ajudar o outro nos termos do outro, a empatia nos torna solidários, a empatia nos torna até mesmo mais humanos.

Eu não sei dizer ao certo se a empatia é uma "qualidade" inerente á pessoa, seé algo que é "processado" no cérebro ou no coração, provavelmente um pouco dos dois, pois a empatia é um aprendizado, um exercício que nos leva ao aperfeiçoamento. Eu fui voluntário do CVV por mais de dez anos e foi lá que eu efetivamente aprendi muito sobre empatia, mas eu já era empático, pois sem empatia não há solidariedade nem trabalho voluntário... só dá para para ser empático com honestidade e com sinceridade no coração, na alma.

Como pai, como educador, eu muitas vezes lanço mão do exercício da Empatia para ajudar minha filha a entender algumas atitudes minhas e dela, e até mesmo o limite de atuação de nossos papeis na vida. Quando ela era criança, algumas vezes, quando ela "aprontava" alguma coisa, eu pedia a reflexão dela: "se você fosse a mãe, ou o pai, nessa situação, o que você diria/faria com seu filho ou filha?". Mesmo hoje em dia, algumas vezes quando ela faz alguma coisa que me deixa preocupado, ou triste, eu peço que ela tente se colocar no meu lugar para entender minha atitude ou minha chateação/tristeza com ela... quem sabe eu tenho ajudado ela a aprender a ser empática com isso...

Resultado de imagem para empatiaMas nos últimos tempos eu tenho tido muita dificuldade de exercitar minha empatia em alguns aspectos. Gays reacionários (ou de direita) são um bom exemplo disso. Eu não consigo entender um LGBTT que apoia o TRUMP - ou o Bolsonaro. Não precisa "gostar" do Jean Willys, (eu também tenho minhas restrições com ele) mas também não dá para ser contra tudo que ele defende e luta para mudar. Quer outros exemplos? Eu não consigo ser empático com a dupla Dolce/Gabanna dizendo que são contra gays terem filhos, nem com o único vereador gay assumido de São Paulo (que eu me recuso até a dizer o nome)  ser contra a secretaria da diversidade... nossa, como é difícil me colocar no lugar dessas pessoas!

Racionalmente eu até entendo (não quer dizer concordo) quem critica o "movimento" LGBTT, dizendo que não é representativo, que não ouve nem mobiliza a sociedade para as lutas. Racionalmente eu até entendo que as pessoas tenham sido criadas em ambientes  opressivos e não consigam imaginar um mundo diferente do "normal" -  e terem muito medo disso. Eu entendo quando o  Paulo Freire que diz que "dependendo da educação, o sonho do oprimido é se tornar opressor".
Racionalmente eu entendo, mas emocionalmente eu não compreendo... 

A minha primeira sensação é que falta empatia a essas pessoas, empatia para entender quantas pessoas sofrem pela falta de direitos, pela perseguição e pela violência. Eu diria que estas pessoas lgbtt ,que defendem políticos que são contra os direitos LGBTT são "xaropes", loucos "de carteirinha", "manés" e "idiotas".... ou seja, eu não consigo me colocar no lugar do outro de maneira respeitosa, não consigo compreender o outro para aceita-lo... eu não consigo ser - honestamente e sinceramente - empático... 
Isso me deixa um pouco confuso, eu, que sempre defendi o direito das pessoas de discordar, começando a julgar e "diminuir" as pessoas que pensam diferente de mim! O que me conforta é que eu não tenho nenhuma pretensão de ser canonizado, de ser santo, então eu "não sou obrigado" a ser legal com gente que quer "fuder" a vida dos outros!

E você? O que pensa dos GAYS que são contra os direitos gays? O que pensa dos gays que apoiam Bolsonaro ou Trump?