7 de abril de 2006

homem E homossexual ?

Quando pensei no nome deste blog, HOMEM, HOMOSSEXUAL E PAI, pensei na realidade nos papeis que cada um destes “títulos” nos outorga; e na aparente impossibilidade destes papeis interagirem, ser HOMEM, ser HOMOSSEXUAL e ser PAI.
Aliás, esta semana descobri um site muito interessante, do pesquisador Marko Monteiro, que fala justamente sobre Gênero e Masculinidade, tão legal que até já coloquei ele na lista dos meus links favoritos, dê uma olhada! Afinal de contas, foi ao ler os textos do site que pensei em escrever este post!

Quando pensamos em HOMEM pensamos na questão da masculinidade, no chamado sexo forte, no provedor, no que comanda (mesmo que conheçamos varias sociedades matriarcais), pensamos no semeador, no procriador, no que pode inseminar várias fêmeas, pensamos em agressividade, em falta de sensibilidade, em falta de emoções, pensamos na objetividade, pensamos em machismo, e em vários outros adjetivos parecidos.
Já quando ouvem HOMOSSEXUAL a maioria das pessoas a associa a palavra a um desvio da norma, a diferença, a confusão de gênero, marginalidade, a transexuais e transgêneros, a travestis, a frescuras e bichices, a pessoas que desmunhecam e homens que praticam sexo anal, mesmo que hoje em dia também consigam lembrar de pessoas sofisticadas, bem vestidas, cultas, bombadas, saradas, o super macho normalmente é gay!
O PAI está associado a muitas das características do HOMEM, mas ainda tem que desempenhar o papel do educador, do herói, do exemplo, do que ajuda a definir caminhos futuros, do conselheiro, do forte, do que não erra, do que dá a mão nos momentos difíceis, do que ajuda a levantar do tombo e a enfrentar uma outra volta de bicicleta!
Vamos nos confrontando com estes papeis aos poucos, os papes vinculados ao HOMEM nos são apresentados e exigidos primeiro, depois começamos a perceber os papeis disponibilizados aos HOMOSSEXUAIS. Mesmo os que demoram a assumir esta condição conhecem estes papeis, e talvez justamente por isto demorem a aceitar sua verdadeira orientação sexual.
E, se este HOMEM traçar este caminho, ele poderá tentar desempenhar os papeis impostos ao PAI.

Então, o HOMEM, HOMOSSEXUAL e PAI seria algo como - Um travesti muito objetivo que gosta de dar aulas? Ou seria um machista super culto que trabalha numa ong? Ou ainda uma barbie agressiva que gosta de aconselhar os outros?
Antes que você comece a reclamar sei que estou sendo simplista, reducionista, mas acho que não estou inventando nada não é?

Muitas vezes desempenhar estes papeis é algo muito estressante, alguns representam estes vários papeis durante muito tempo, ás vezes tanto tempo que se esquecem verdadeiramente quem são! Outros, com o tempo, com a experiência, talvez com a maturidade, conseguem selecionar os papeis que querem cumprir, que querem desempenhar, aprendem a dosar o HOMEM e O HOMOSSEXUAL sem maiores conflitos, o que causa muitas vezes mais perplexidade ainda nos que não conseguem entender certas características que nos permeiam.
As pessoas simplesmente não conseguem entender que um homem, dito “efeminado”, não precisa abrir mão das características que ele acha importantes em sua masculinidade, preferem entender que o mimetismo de feminilidade é necessariamente uma negação do HOMEM. E muitos HOMOSSEXUAIS acabam por desempenhar novos papeis, desta vez relacionados ao feminino de forma obrigatória, do mesmo jeito que antes desempenhavam os papeis masculinos.
E o papel de PAI, que muitos homossexuais começam a desempenhar - uma noticia recente dava conta que 8 milhões de crianças estão crescendo em lares homossexuais nos EUA - traz novos paradigmas, pois dele são esperados outros papeis!
Na realidade os HOMENS, HOMOSSEXUAIS e PAIS que estão surgindo, estão tendo que criar novos parâmetros para dosar os papeis necessários para a criação de filhos, e é isto que muitas vezes assusta os homossexuais que cogitam ter filhos! Eles se assustam com a impossibilidade de se “reinventarem” para vivenciar este projeto em suas vidas, sentem que vai ser muito difícil quebrar todos estes paradigmas. Mesmo porque , muitos gays que pensam em ter filhos ainda não resolveram totalmente seus papeis perante a sociedade, a família, os amigos, o trabalho...

E você, de que papeis já abriu mão e que outros criou para você?

7 comentários:

  1. Cara, muito lindo esse post! Eu venho tentando fazer essa mesma discussão, em blogs e fora da internet, há um tempo! Isso por que comecei a me questionar com relação a meus ideais e meus "papéis" na sociedade. O lance é que os gays (pelo menos na maioria, ou no mundo gay mais assumido) ainda não conseguiram construir para si uma noção de "eu", uma identidade, que inclua coisas como paternidade, romantismo, relações profundas como as envolvidas em uma família, etc. Construímos o gueto e muitos ficam felizes somente ali. O gueto nos dá um lugar, e uma certa identidade, por isso mesmo ele é tão atraente; muitos pensam duas vezes antes de questionar esse lugar relativamente confortável. Outros, quando querem negar estereótipos gays, acabam por cair de volta no armário ou ficam numa neurose de "gay discreto" que de tão patética me irrita, e que nÃo vou ficar discutindo. Já abri mão de muitos papéis, e hoje em dia to meio em crise tentando me reinventar, mas é uma coisa extremamente difícil, às vezes cansa ter que ficar questionando tudo o tempo todo, ainda que saibamos o quão necessário é isso. Por isso me faz feliz ler um texto como esse, de gente que pensa um pouco parecido! Me dá forças pra continuar tentando...

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  2. Anônimo12:38 PM

    FABIO, UMA VEZ MEU PAI ME PERGUNTOU SE EU GOSTAVA DE SEXO ANAL, E EU RESPONDI QUE NÃO. SABE O QUE ELE ME DISSE? "BEM, ENTÃO VOCÊ NÃO É GAY." NÃO PASSOU PELA CABEÇA DELE QUE O QUE DETERMINA SE ALGUÉM É GAY NÃO É SE ELE DÁ OU COME OUTRO HOMEM, MAS SIM O DIRECIONAMENTO QUE A AFETIVIDADE DESSA PESSOA TEM, SE FOR PARA O MESMO SEXO, AÍ SIM SERÁ GAY. SENDO ASSIM, NA VERDADE SOU VISTO PELA MINHA FAMÍLIA COMO UM "ALGO", NEM GAY, NEM HÉTERO, TALVEZ ASSEXUADO. E ESSE PAPEL QUE ME DERAM MUITAS PESSOAS FORA DA MINHA FAMÍLIA TAMBÉM ME DÃO. ISSO AJUDA A ATRAPALHAR, MAS, MESMO ASSIM, ABDIQUEI DO PAPEL DE TER DE ME EXPLICAR PERANTE OS OUTROS, ME IGUALAR, PARA SER EU MESMO. NÃO QUE EU NÃO SOFRA COM ISSO, MAS SÓ POSSO SER EU MESMO. CLARO, TAMBÉM SOU FILHO, PROFISSIONAL, AMIGO, COLEGA DE TRABALHO, MAS~SEMPRE SENDO EU MESMO, ACHO QUE FORA DE ESTEREÓTIPOS.

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  3. as palavras e as coisas.

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  4. Eu ainda não. Com certeza tenho muitos entraves que não permitiriam ter uma relação afetiva com um filho vivendo com outro homem. E ai passa o medo da rejeição, a falta de tato para lidar com certos tabus e até mesmo o medo de ser liberal demais até por causa da condição oprimida que vivemos e escapar a educação ao controle. Há que ter muita preparação mesmo e abdicar de muitas coisas para não incorrer no erro de muitos..Bjs

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  5. Anônimo12:37 PM

    E que a revolução (EVOLUÇÃO) começa já! O mundo não tem dono e muito menos a verdade e as certezas. Somos nós que construimos!

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  6. Acho que a gente poderia começar uma discussão infinita sobre os papéis tipicamente femininos, os tipicamente masculinos e o que tem acontecido no momento: a mistura desses papéis. Aliás, papéis são criados, estipulados e mantidos pela sociedade, mas até onde eu me lembro, não assinei nada que me obrigasse a seguir um determinado papel correspondente ao meu gênero ou à minha orientação. Teoricamente, somos livres, não temos obrigação de assumir nenhum papel pré-existente, embora isso seja bem difícil. Qdo nascemos, já criamos aquela expectativa nos nossos pais: se for um garoto, ele terá que ser um médico ou um engenheiro, garanhão, vai pegar todas, etc. Se for uma garota, vai fazer ballet qdo pequena, vai namorar tarde, vai casar virgem, vai fazer letras, etc. Infelizmente é assim com a maioria e quem sai um pouco fora disso sofre as consequências, em maior ou menor grau, exemplos: um cara que é bailarino (já ganha o título de gay, independente da orientação), uma garota que faz engenharia (já ganha o título de lésbica, idem, ou ainda o estigma de que na engenharia só tem mulher feia), e por aí vai. Estamos cercados de papéis, contra a nossa vontade! E, de forma geral, são papéis que separam bem o feminino do masculino COMO SE ISSO FOSSE O CERTO E/OU NECESSÁRIO. Seria mto mais interessante que as pessoas compreendessem que uma coisa não impede a outra. Um cara mais sensível sentimental e/ou culturalmente não precisa ser necessariamente um cara afeminado e/ou homossexual. O mesmo vale pras moças: se gostam de esportes radicais, se são menos frescas, não precisam ser necessariamente masculinizadas e/ou homossexuais. Eu falei tudo isso pra deixar clara a minha posição sobre o futuro da educação das crianças. Acho fundamental que haja uma mistura entre papéis, pra que eles se desfaçam e a criança possa crescer sem ser adestrada a esses papéis e a necessidade de separar feminino e masculino o tempo todo, o que acaba alimentando os preconceitos de forma geral. Eu já falei demais e isso aqui está virando um post no blog alheio... Então, chega! Adorei o post! Beijos e ótima semana pra vc, Fabio! :)

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  7. ó, dá uma olhada rapidinha nesse post aqui: http://www.megeras.com/index.php?itemid=3089
    bj

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Obrigado por seu comentário! Assim que possível lhe dou um retorno!