Meu dia dos namorados foi bem tranquilo, resolvemos (na
realidade eu resolvi!) comemorar no dia 11 de junho porque imaginava que no dia
12, em função do jogo, ia estar bem confuso e que depois do jogo e da cerveja
não ia rolar sair para um jantarzinho romântico... e mesmo eu não ligando muito para estas datas sempre é bom um pretexto para ficar junto.
Fomos a um restaurante nos jardins que já estava devidamente preparado
para o dia dos namorados antecipado, rosas nas mesas, velas, cardápio especial...
pena que me chateei logo de cara... quando chegamos percebi que todas as mesas
que tinham casais (segunda a definição defendida pelos homofóbicos, aquele formado
por um homem e uma mulher) .. quando o casal sentava o garçon
vinha e acendia a velinha da mesa... mas na nossa ele não acendeu. ...
Não acho que o garçon esqueceu, pois ele acendeu de outras
mesas, nem que ele não se tocou que éramos um casal, pois usamos alianças de
compromisso, além disto, no bairro dos Jardins, em SP, a comunidade gay é
bastante visível e todos os estabelecimentos devem estar abertos a servi-los
sob pena de fecharem. Vou supor que ele
não quis “dar um fora” inferindo que éramos um casal ou que, hipótese mais
razoável, ele não quis dar seu “aval” ao casal gay e não fez a gentileza protocolar de
acender a velinha.
Como era dia de romantismo e não de stress, e como meu
namorado não percebeu, eu guardei no
bolso a frase “pode acender a velinha
para nós também porque somos um casal” e resolvi marcar o território de maneira
mais visível, chegando bem pertinho do Mr. Jay, com bastante chamego e
conversinhas de pé de ouvido... ( e na sexta feira mandei um email para o
restaurante relatando meu desconforto – para alivio de minha persona militante)
Mas a minha reflexão sobre o dia dos namorados vem a partir da minha participação no encontro do Grupo HOMOPATER (veja abaixo) no dia 7 de junho.
Um denominador, que eu percebo bastante comum para estes homens, que foram ou são casados com mulheres, é que sua
decisão em assumir uma identidade homossexual toma força não a partir do fato
deles perceberem que sentem prazer em transar com outro homem, mas a partir do
ponto em que eles se descobrem envolvidos emocionalmente com outro homem, ou
seja, quando se reconhecem como homoafetivos.
E comigo não acho que foi diferente. Tornar-se gay é estar enamorado.
Ou seja, além de estarem no armário eles passam a viver um
relacionamento no armário. E ai “a merda atinge o ventilador”, pois ter um
lance eventual, seja com um homem ou mulher, é fácil de disfarçar, agora ter alguém com
quem você gosta de estar, de conversar, é muito mais difícil de equacionar, é
muito complicado montar toda a logística de desculpas e mentiras coerentes.
E some a isto o fato de que, para a maioria, o sentimento de estar traindo a companheira com
quem construiu uma vida em comum, a mãe dos filhos, é muito desgastante, pois
são pessoas corretas em suas vidas, com princípios... E de certa forma eles
também fazem sofrer seus novos companheiros, especialmente se para estes as
portas do armário não estiverem tão fechadas.
Dá para imaginar a energia psíquica que isto drena das
pessoas? Eu percebo isto claramente quando participo destas reuniões, e cada
vez que eu consigo ter empatia por estas pessoas eu sinto que cresço como pessoa.
Só para contar rapidamente, sem quebrar o sigilo que é
fundamental para que este grupo possa existir, nesta semana haviam duas estórias
que me fizeram desembocar nesta reflexão sobre namoros no armário:
Um homem viúvo, cuja esposa – por quem ele se declarou sempre apaixonado – ficou doente durante muitos anos, que foi, justamente no período que a esposa convalecia, de certa forma seduzido por um colega de trabalho, que o “chutou” depois de conseguir o que queria, mas que hoje vive uma bela relação com outro homem mais velho,.
E outro - que ainda está casado – mas que teve um relacionamento secreto com outro homem durante quatro anos - e que foi justamente este amante que o fez sair do armário para a família e amigos (lembrei de BrokeBack Mountain)... mas que hoje está envolvido com um pessoa legal e procurando equacionar isto com sua vida...
Um homem viúvo, cuja esposa – por quem ele se declarou sempre apaixonado – ficou doente durante muitos anos, que foi, justamente no período que a esposa convalecia, de certa forma seduzido por um colega de trabalho, que o “chutou” depois de conseguir o que queria, mas que hoje vive uma bela relação com outro homem mais velho,.
E outro - que ainda está casado – mas que teve um relacionamento secreto com outro homem durante quatro anos - e que foi justamente este amante que o fez sair do armário para a família e amigos (lembrei de BrokeBack Mountain)... mas que hoje está envolvido com um pessoa legal e procurando equacionar isto com sua vida...
Belas estórias de vida que me fazem valorizar ainda mais
minhas conquistas e ser solidário a estes homens que estão buscando a
felicidade!
E você, já teve um relacionamento NO ARMÁRIO? Como era viver
esta dualidade?
Então, eu nunca fui o mais esperto para essas coisas, tenho que confessar e minha ficha realmente caiu, quando eu me vi interessado m outro "menino" na época.
ResponderExcluirFoi essa história que eu origem ao meu blogue na verdade, o primeiro post da "saga" é esse:
http://tinmanbr.blogspot.com.br/2006/12/adeus-amor-velho.html
Eu ainda não vivi a experiência de passar o fatídico dia com um namorado... Mas, estamos ai e vamos que vamos.
Perdoe-me pela indiscrição, mas você tem algum e-mail do blogue que eu pudesse te escrever?!
Grande abraço e ótima semana.
Querido,
ResponderExcluirAdorei o seu post, mas fiquei completamente perdido no último parágrafo! Não entendi quem ficou com quem por causa de quem e saiu do armário!
Minha lista de namorados é tão absolutamente curta que fiz questão de passar o dia dos namorados em pleno céu aberto!
bjs
Em relação ao talco..
ResponderExcluirSabe que eu nunca tinha pensado nisso... rapaz!!!
Quem sabe esteja precisando distribuir uns talquinhos "com apito" por ai... ;-)
ehehe
Abração!
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ResponderExcluirBem legal seu relato e suas reflexões por aqui ... eu, em minha vida tive um amor platônico nos tempos de faculdade e, logo q formei conheci o Elian de quem apaixonei, namorei, casei e o tempo está aí ... e foi só. O lance do armário na minha vida prevaleceu [na minha cabeça] até os meus 30 anos qdo [achando q estava saindo do armário] abri o jogo para família, amigos e colegas de trabalho ... rs ... todos já sabiam ... OMG! qto tempo perdido ...
ResponderExcluirTive um relacionamento no armário por um período. Ele era casado e frequentava igreja. A esposa era ciumenta. Mas sempre davamos um jeitinho e quando nos encontravamos, uma paixão tórrida e um sexo selvagem se apossava de nós! Loucura, loucura!!! Até que um dia eu mudei de cidade e nunca mais nos vimos! Ficou guardado nas boas lembranças que a vida nos reserva!
ResponderExcluirPosso dizer que nunca tive relações com mulheres assim, tirando a fase de adolescência. Mas posso dizer que já participei, acho que foi uma das minhas grandes paixões da minha vida (e também frustrações), foi apaixonar-me por um cara que era noivo. Nunca irei me esquecer dele, mas nunca pude ser "o outro", então, não deu certo.
ResponderExcluirEsse grupo deve ser incrível, eu adoraria participar, mas sem ser pai poderia?
ResponderExcluirFeliz dia dos namorados para vc é o Jay. Toda felicidade do mundo.
Peço licença,como hetero,pra contar a minha história:meu primeiro namorado(que já morreu,infelizmente)viveu "no armário" até seus 30 anos,mais ou menos,ele era modelo e 3 anos mais velho do que eu.Eu era apaixonada por ele e ele gostava de mim,do jeito dele.Lógico que o namoro não durou e um dia o reencontrei,casado com um homem-num primeiro momento,foi um espanto e uma surpresa total pra mim..pensava q a culpa tinha sido minha,q não tinha conseguido manter seu interesse,mas ele gentilmente me explicou q acabei sendo sua única namorada mulher,que nem ele sabia ao certo o que era e o que queria, que não era culpa de ninguém-e,após esse papo,reatamos nossa amizade, e continuei amiga dele e de seu companheiro por muitos anos,até sua morte..felizmente ele encontrou o amor de sua vida,amou e foi correspondido,fico feliz por ele ter vivido isso em sua curta vida..Isso da vela q o garçom não acendeu foi uma ignorância e um "não saber o que fazer" que acontece com as pessoas,ainda não acostumadas aos casais gays..só o tempo vai mudar isso,mas se vc e o Mr.Jay estão bem,essas indelicadezas ou falta de compreensão dos outros não poderão abalar a relação de vcs...beijão!
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