30 de dezembro de 2013

PAI - até que enfim alguém me explicou...

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Quando eu tirei meu time de campo a primeira sensação foi de um alívio profundo! Eu me senti aliviado de não ter mais que conviver com ele, especialmente porque como profissional eu já me sentia totalmente desmotivado a trabalhar num ambiente onde havia ZERO reconhecimento e ZERO apoio. Eu nunca tinha sentido isto ao deixar um trabalho, era um tipo de bulying que eu nunca tinha sofrido.
Como eu não sou um cara preguiçoso e como eu gosto de trabalhar, de empreender, eu não tinha muito medo do futuro profissionalmente falando, apesar que eu sabia que minha atitude poderia prejudicar o padrão de vida da minha filha. Pensei imediatamente que precisaria mudar ela de colégio, talvez ir morar num apartamento menor...Mas por outro lado eu sabia que se eu não estivesse bem ela seria muito mais prejudicada, pois fatalmente aquele ambiente ainda ia me causar algum tipo de cancer... 
Mas a sensação de alívio era enorme, o que me deu a certeza de que eu fiz o que devia ter feito... se bem que hoje sei que eu devia ter sido mais inteligente, mais estratégico, mas .... eu era uma animal acuado, e só consegui ter aquela atitude, fugir.
Foi nesta mesma semana que tive coragem de chamar minha mãe para uma conversa, chamei ela para jantar num restaurante, num território neutro, mal nos sentamos eu perguntei o que eu precisava saber:
- Mãe, porque o Papai me odeia tanto? Eu fiz alguma coisa errada que eu não sei? É porque eu sou gay?
Eu percebi nela um esgar, mas ela não se furtou a responder:
Segundo ela eu não tinha feito nada errado que eu não lembrasse, nem ela achava que a atitude dele era porque eu era gay, que podia servir como um potencializador. 
Segundo ela, desde o dia que eu nasci ele me rejeitou. 
Ela me fez entender que o EGO do meu pai é gigantesco, que ele desde o momento que eu nasci, apesar dele ter de certa forma curtido a gravidez - que atestava seu valor de macho procriador aos 23 anos -  percebeu que o trono de homem da casa estava perdido ... e a partir deste momento ele passou a me rejeitar.
Eu não tinha feito nada errado, eu apenas tinha nascido.
Na verdade enquanto ela falava eu entendi perfeitamente o mito do Deus CRONOS...e eu entendi perfeitamente meu papel de Zeus nesta estória. E eu já li muitas estórias parecidas, de filhos rejeitados apenas por existirem!
Saber disto foi absolutamente libertador! Eu sai daquela conversa modificado pela verdade!
Não que eu não soubesse do EGO de meu pai, ele é do tipo de pessoa que sempre, sempre, PRECISA ser o centro das estórias, e constantemente ele exagera fatos em suas memórias para que ele possa se destacar, mas o filho tem sempre certa dificuldade em enxergar os defeitos do pai, e, no fundo, até nos divertíamos com o que achávamos era uma mania.
Mas ela me mostrou e exemplificou que o movimento interno dele só se satisfaz com pessoas "babando o ovo dele" e com pessoas que se mostram servis e subservientes, pessoas que mostram e fazem rapapés para a "importância" dele. E ai eu entendi porque meu espirito iconoclasta e questionador nos afastava mais e mais.
E, de certa forma, tranquilo por entender que na realidade ele não me odiava, ele me temia... porque eu era o cara que sabia (no inconsciente dele) que ele seria destronado, ele sabia que haveria um momento que eu teria mais vigor físico, mais juventude, mais força que ele. O inconsciente dele me temia porque sabia que eu iria assumir o papel de chefe da família, que eu seria a versão melhorada dele... ai entra o Jung, o Freud e os deuses gregos para explicarem estes mitos e arquétipos...

Agora que eu sabia o que estava acontecendo é que eu podia enfrentar melhor esta situação.... (continua)





28 de dezembro de 2013

PAI - Tirando o time de campo...

Como eu disse em PAI, quando comecei este assunto, durante muitos anos fiz tentativas reais de ter uma boa relação com meu Pai, mas num determinado momento,  o desamor que eu sentia da parte dele se tornou uma coisa tão difícil de lidar que eu transformei ele em beligerância. Eu não perdia chances e oportunidades de mostrar meu antagonismo, especialmente nas situações familiares quando ele era (opa! ainda é) extremamente desagradável e agressivo.
Acontece que eu não sou assim, e cada vez que eu era desagradável ou agressivo com ele - mesmo que eu achasse que de certa forma fazendo isto eu estava protegendo minha mãe e meus irmãos - isto não me fazia bem, porque eu estava de certa forma cultivando sentimentos que eu não queria ter. Sei que parece confuso, mas mesmo as mulheres que apanham de seus maridos ainda os amam, e acho que meu sentimento era este. Eu achava que eu era o errado, eu que "dava motivo", afinal de contas eu sou o filho gay que decepcionou...
Até que chegou um ponto em que eu não aguentei mais o desprezo e o sentimento de "desinportância", que também permeava o ambiente de trabalho e, num grito interno de desespero eu abri mão de tudo, resolvi deixar meu trabalho, mesmo sem ter garantia de nada, e tentar me recuperar psicologicamente...
Uma loucura podem dizer, mas nesta época eu já estava fazendo terapia e já me sentia fortalecido para tomar este tipo de decisão.
Ao fazer isto ele lançou mais ira e agressão contra mim, tentou de todas as formas me prejudicar do ponto de vista financeiro e patrimonial, para mostrar que quem desafia ele corre o risco de sofrer sanções e punições (com certeza mandando um recado para meus irmãos). Mas eu tinha tanta mágoa e raiva em meu coração que eu nem conseguia raciocinar direito, só queria fugir daquela situação que tanto me agredia!
Por sorte e por intervenção de um bom advogado, além do apoio de meus irmãos que tb tinham interesse em resolver certas questões pendentes, uma parte das coisas se resolveram, e o que eu perdi eu considerei o preço da minha liberdade... Para meu pai a situação foi quase humilhante, pois ele teve que ceder sem conseguir me subjugar com ele gostaria...
Mas eu ainda me incomodava por não entender porque aquele desamor era assim tão gratuito!

Ainda vou precisar de mais um post para terminar esta história... 

24 de dezembro de 2013

PAI - que não virou Avô

continuação de PAI - Em busca de aceitação

Antes que eu assumisse a beligerância aberta ainda houve uma outra fase em que eu antevi uma possibilidade de aproximação: quando adotei minha filha.
Minha mãe, por diversos motivos, sempre tentou nos convencer que meu pai não era "de todo ruim", que ele se preocupava conosco e que devíamos chance a ele, que devíamos nos aproximar dele, prestar continência eventualmente. Aliás, ela ainda insiste nisto, o que é bastante irritante e frustrante - mas que eu credito no fato de que ele foi o primeiro e único namorado dela, posto que desde que se separam, há mais 15 anos ela nunca teve mais ninguém (o que não é o caso dele, que sempre esta envolvido com algum "gutcha")
Eu, de alguma forma, acreditava nos argumentos dela que "ele não sabia expressar seus sentimentos" e que "ele estava melhorando dia a dia" e que "se ele tivesse filhos hoje em dia seria tudo diferente" e que "o pai dele também era distante por isto ele é assim"... E com base nisto eu criei uma fantasia, a fantasia de que com a chegada de minha filha ele seria um excelente avô e nós poderíamos nos aproximar...
A fantasia de que ele tinha percebido os erros que cometera no passado e que estaria disposto e fazer diferente, agora no papel do Avô.
Mas mais uma vez o que me sobrou foi muita mágoa e decepção, e tristeza, e impotência.
Quando minha filha chegou eu convidei a virem jantar na minha casa - ele não veio e nem ligou.
Depois mandei recados que podiam vir me visitar quando quisessem para conhecê-la - nem ameaçou
Quando fazia um mês que ela estava comigo, depois de minha mãe me encher o saco (naquela época eu ainda escutava isto) eu fui até o escritório dele levar minha filha para ele conhecer!
Deixa quieto!

Percebi então que nada, nada mesmo, que eu fizesse poderia resolver esta situação, e este sentimento somou-se a outros para aumentar a nossa distância - nossa distância nada! A distância dele de mim, e de outras pessoas, se bem que isto é problema das outras pessoas...

Nestes 14 anos a atitude dele com minha filha - e com outros netos - não mudou muito. E hoje até mesmo ela percebe esta distância, este não envolvimento, e de certa forma também se ressente disto...

Mas eu ainda não entendia porque isto acontecia...Este processo ainda ia tomar alguns anos

(continua)

20 de dezembro de 2013

PAI - em busca de aceitação!

continuação de PAI


Quando eu entendi no que eu era "diferente" consolidou-se em mim a certeza de que eu não era amado porque não era aceito. Meu pai não gostava de mim porque eu era fresco, talvez até arrumadinho e efeminado para os padrões dele. 
O fato de me entender gay - e gostar muito mais das propagandas de cuecas das revistas Playboy que meu pai tinha escondidas em casa, do que das gostosonas nuas - me fez ter certeza que o errado era eu nesta relação, eu que era errado em ser gay e eu aceitei que meu pai não tinha "obrigação" de me amar porque eu era motivo de decepção e talvez vergonha para ele, para sua masculinidade.
E fui tocando minha vida, com a certeza no coração que não era amado por meu pai - e que a culpa era minha - mas sempre desejando de certa forma que as coisas fossem diferentes, desejando que eu pudesse contar com ele, conversar com ele. Trabalhava, estudava, mas sempre esperava uma palavra, uma frase : - parabéns pelo seu novo trabalho, parabéns pelo seu novo carro... já que para ele os bens materiais pareciam tão importantes. Mas isto nunca aconteceu. 
Há uns vinte e cinco anos atrás eu resolvi fazer uma outra tentativa de me aproximar, de certa forma a minha "anima" precisava disto - eu sempre, sempre, fui muito ligado nas questões de família. Eu resolvi largar minhas coisas, meu escritório,  e ir trabalhar com ele, a empresa que ele fundara estava crescendo e precisava de braços confiáveis, braços e mentes que se dedicassem não como empregados, mas como família. 
E trabalhei muito durante 20 anos, muito. Mas o esquema sempre foi o mesmo, nenhum reconhecimento, nenhum apoio direto, e o meu sofrimento em certo ponto virou raiva, desprezo. Comecei a desafiá-lo direta e abertamente. Com 30 anos eu sabia que tinha qualidades, sabia o que eu estava construindo, sabia do sucesso das coisas que tinha implantado e gerido, e também sabia de meus defeitos....

Neste período a Empresa cresceu muito, as "animas" dos meus irmãos também levaram eles a assumirem posições na empresa, e eu percebi mais claramente que a questão da "não atenção", de nunca sermos "suficientes", era também dirigida a meus irmãos. De sermos controlados mantendo a nossa auto-estima bem baixa...Ai assumi a posição do herói, eu tinha que defendê-los do "mal" e colocar o "mal" em seu lugar...

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18 de dezembro de 2013

PAI

A situação é clássica, quase um padrão: Homens gays não se relacionam bem com o pai. acho que eu posso contar nos dedos de uma mão - se muito - os amigos, que se assumiram gays,  que se dão bem com seus pais

Minha relação com o meu pai é péssima! Na realidade inexistente se considerarmos o que seria considerado como um mínimo. 
Meu pai sempre foi uma pessoa muito distante - daqueles que não brinca com filhos (que segundo ele lhe devem respeito), daqueles que não vai a competições, não leva em festas, não estuda junto.
Eu sempre me ressenti muito disto, meu irmão e minha irmã (mais novos que eu) também se ressentem disto, mas de certa forma aprenderam a lidar com isto de forma diferente da minha, lidam melhor com a situação.  Talvez serem respectivamente Taurino e Leonina tenha ajudado.

Mas para mim isto sempre foi um grande sofrimento. Naturalmente eu creditava isto ao fato de eu ser um cara, desde pequeno, mais ligado ao mundo das artes, da música, da estética, do que ao mundo clássico "masculino" que inclui esportes - o futebol e o Corinthians no topo da lista - falar palavrão, ser machista e misógino, trair a esposa, e coçar o saco!
De alguma forma, mesmo sem saber, eu sabia que era "diferente" e que talvez não fosse aceito por meu pai. Ai eu segui o padrão clássico do "gay que tenta se fazer aceitável", me destaquei nos estudos, me destaquei em ajudar a família, me destaquei em ficar próximo da minha mãe, me destaquei em ser educado... mas nada disto funcionou, meu pai nunca lançou uma palavra de elogio, um abraço de parabéns, e nem mesmo um agradecimento por nada. Mas os presentes sempre vieram: relógios, viagens, o primeiro carro, todos os cursos que quis fazer...o tal "provedor" achava isto suficiente. E sempre bateu no peito por isto - de sempre ter trabalhado muito para não faltar nada em casa.
Hoje eu sei que ele realmente não entende o que é realmente importante!

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13 de dezembro de 2013

Agora você pode ser quem você é!

Quem é você?
Esta pergunta tem muitas respostas:
Você tem um nome, uma profissão, um sobrenome, um endereço... isto é uma parte de você!
Você é pai, filho, irmão, tio, padrinho, amigo, primo, colega, chefe.
Você também é aquele que você mostra para as pessoas, sua personalidade, seus gostos.
Uma outra parte de você é aquele que as pessoas veem, ou o que você deixa elas verem, e cada uma vê apenas um pedaço...e assim por diante...
Mas quem REALMENTE é você? Parece pegadinha perguntar isto! Mas não se preocupe, ninguém vai te "trolar"...
A psicologia diz, ou pelo menos os jungianos dizem, que na vida a gente atravessa fases (e antes de começar eu já peço desculpas aos que entendem mais do assunto pela minha explicação simplista).
Numa primeira fase você o filho, o "puer", que está lá para aprender, para ser cuidado. Na fase seguinte você deve ser o "herói" , o cara que vai e resolve, o cara que quer mudar tudo que está errado no mundo (ou na sua família), depois você vai ser quem você PRECISA ser, o provedor, o chefe, e assim por diante em sucessivas fases
Eu estou, na definição dos psicólogos, na fase da maturidade, na fase de "ser quem eu sou", mas a questão é para eu "ser quem eu sou" eu preciso SABER quem eu sou! Na realidade preciso saber quem eu QUERO ser para a "outra metade" da minha vida...
Nos últimos tempos, talvez nos últimos dois anos, eu estou no momento de tentar entender este EU - e a terapia tem sido uma importante aliada neste processo!  Se bem que eu tenho certeza que muita gente consegue fazer isto sem terapia.
Esta é a hora que todos passamos: entender nossas motivações profundas, entender quem somos na essência, entender nossas paixões internas, ouvir nossa alma...
Estou aprendendo que não preciso de alguém para eu ser alguém, aprendendo que eu gosto de ficar namorando/casado porque minha alma gosta disto, mas que isto não me define.
Estou me respeitando mais, estou me aceitando mais nas minhas pequenas neuroses diárias, aliás, estou me divertindo com elas.
Algumas coisas da vida "possível" já estão em fase final (filha criada, carreira estabelecida, casa própria) Os projetos agora são outros, uma nova faculdade, construir uma nova família com Mr. Jay.. projetos e sonhos que renovam e motivam, afinal de contas somos movidos por sonhos e horizontes...
E você? Em que fase está?

9 de dezembro de 2013

Filho de peixe, peixinho será?

Não sejamos hipócritas! Acho que essa é a principal dúvida que está implícita quando se conversa sobre a criação de filhos por homossexuais:
- uma criança criada por um homossexual tem maior tendência a se tornar homossexual?
A resposta é NÃO! 
FILHO DE PEIXE, PEIXINHO É?
Para corroborar essa minha afirmação, eu poderia fazer uso de estudos, de pesquisas, de teses de mestrado, de publicações na área de psicologia, sociologia, filosofia e medicina; mas prefiro pensar junto com você, para tirarmos nossas próprias conclusões, baseadas inclusive nas questões mais freqüentes sobre a homossexualidade. 
Para começarmos a refletir sobre esse assunto, acho que temos que definir as “origens” da homossexualidade.
Se levantarmos a hipótese da criança nascer homossexual por questões genéticas, teríamos que revogar todas as teorias sobre a transmissão de genes, afinal de contas, você conhece algum homossexual cujos pais biológicos são homossexuais? Ou cujos avós ou bisavós são homossexuais?
E também, se o argumento for que a homossexualidade se origina no ambiente em que a pessoa vive,  a pergunta será a mesma: Quantos homossexuais que você conhece foram criados em ambientes com a presença de homossexuais? 
Daí já podemos fazer duas reflexões que são verdadeiras e podem ser provadas estatisticamente:
- Filhos biológicos de homossexuais não têm maior tendência a serem homossexuais.
- Crianças educadas em lares com a presença de homossexuais não têm maior tendência a se tornarem homossexuais.
Outro argumento de caráter sociológico é a hipótese  que os homossexuais são justamente as crianças frutos de lares desestruturados, com o famoso “Pai ausente”... mas é fácil perceber que se fosse assim, o percentual de homossexuais seria bem maior, pois a figura do pai ausente era praticamente um ícone dos ultimos 2 séculos de evolução  humana, especialmente depois da revolução industrial, onde se enfatizou a questão do macho provedor ou da revolução sexual, quando as mulheres saíram á luta! Ou seja, a teoria do lar desestruturado não justifica para que se impeça um homossexual de criar pessoas felizes e saudáveis.
 Também se ouve dizer que se deve impedir a criação de crianças por homossexuais porque elas crescerão em ambientes degradados, de “moral duvidosa”, onde os conceitos de família, de amor, de fidelidade, não são conceitos éticos, que os pais e mães homossexuais querem forçar que seus filhos sigam seus caminhos, que pais e mães homossexuais querem que seus filhos sejam homossexuais e fazem tudo neste sentido...Santa bobagem! Como diria o menino prodígio.
Eu garanto que qualquer pessoa que tenha enfrentado dificuldades na vida para ser quem é, para poder amar quem quer, para poder viver sem ser discriminado, não iria querer nada parecido para seus filhos. Garanto a vocês que nenhum pai ou mãe ficaria “satisfeito e felizes” em ter um filho homossexual. Todos nós amamos nossos filhos e queremos que sejam felizes, que sofram menos, que chorem menos.
A única “diferença” é que pais e mães homossexuais estão constantemente preocupados em mostrar aos seus filhos, sobrinhos e filhos de amigos, que cada ser humano é único, que os sentimentos e sensações são direitos de cada um.
A “diferença” é que pais e mães homossexuais não expulsam seus filhos de casa por eles estarem felizes por se relacionarem com uma pessoa do mesmo sexo. Não teríamos vergonha de nossos filhos!
 No nosso país:
- Homossexuais são impedidos legalmente de criarem filhos em comum justamente porque as pessoas acham que as uniões não são sérias, que são relacionamentos baseados única e exclusivamente em sexo, e que são desfeitos por outra coisa melhor, ou diferente, a cada final de semana. (ufa! isto mudou desde 2005!)
- Homossexuais não podem criar filhos porque são impedidos de se unirem perante a lei de um país que se diz laico, e também porque são impedidos de construírem um patrimônio em comum para garantir o futuro de seus filhos como outras famílias fazem.  (isto também mudou )
- Homossexuais não devem criar crianças, biológicas ou adotivas, porque os homossexuais querem dominar o mundo e impor seu modo de vida a toda a população. Os homossexuais querem se tornar o segundo sexo. (alguns ainda pensam assim,  isto não mudou!)
- Homossexuais não podem ajudar outros seres humanos a se estruturarem, a crescerem, pois eles são seres humanos desestruturados, promíscuos, sem moral, sem ética. (alguns ainda pensam assim,  lamentavel!)
Enquanto essas crenças, que você mesmo me ajudaria a derrubar com um pequeno sopro de bom senso e inteligência, sobreviverem, as nossas crianças continuarão a sofrer.
Enquanto as pessoas se convencerem disto, os filhos homossexuais de pais heterossexuais continuarão com medo de que seus pais deixem de amá-los se eles souberem a temida verdade.
Enquanto tudo isso não mudar, os filhos de pais e mães homossexuais continuarão sendo olhados com o canto do olho, em busca de algum “sintoma de anomalia”.
E para você? Filho de peixe peixinho é?

(esta é uma reedição de um post de 2005..que parece totalmente "demodê" hoje em dia,
o que me parece muito bom!)

5 de dezembro de 2013

as tais "diferenças criativas"...

Quando falamos em relacionamentos tem sempre duas "máximas" que entram em cena:
Ou as pessoas dizem "OS OPOSTOS SE ATRAEM" ou o argumento é que se deve  "ENCONTRAR A METADE DA LARANJA"
Ou seja, tem um grupo de pessoas que acreditam que provavelmente irão se relacionar com uma pessoa totalmente oposta, com gostos e estórias de vida diferentes, para se completarem justamente na diferença do outro. Já um outro grupo acredita que as pessoas, para se relacionarem, precisam ter muito em comum, quem sabe até a mesma profissão, os mesmo gostos musicais...
Qual é o certo?
"Nem tanto ao mar, nem tanto á terra", eu diria!
Durante muito tempo eu acreditava piamente na fórmula "metade da laranja", queria encontrar alguém que compartilhasse os mesmos gostos, tivesse ideias e projetos parecidos, talvez até estórias de vida diferente.. até fiz a besteira de pegar alguém que era diferente e tentar transformar em igual!
Eu era uma pessoa muito mais rígida, que achava que sabia o que era certo, aliás, que sempre achava que o meu jeito era certo, então qualquer diferença era vista com um desafio a "melhoria" (santa presunção Batman!).
Mas eu fiz isto só porque era muito difícil encontrar alguém parecido comigo! Afinal de contas ...eu era "quase perfeito"... Olha, vou dizer, devia ser muito difícil namorar comigo!
Eu era muito parecido com um amigo meu, que me disse há pouco tempo, que estava saindo com um cara muito interessante, que ele estava gostando muito, mas que não ia dar certo...
- Porque você diz que não vai dar certo? perguntei
- Ah, mas num vai dar certo! Imagina você que eu citei uma música do Bruce Springsteen e ele nem sabia quem era!

Por sorte  eu fui evoluindo, fui percebendo que a pessoa ser um pouco diferente de mim era até interessante... Eu conseguia aprender muitas coisas interessantes sobre a profissão do namorado, da vivência dele em outro ambiente de trabalho. Também comecei a me interessar pelas mecânicas das famílias, perceber como as famílias, especialmente quando a pessoa era de origem de outra nacionalidade, ou de outro estado, eram interessantes.
Mas mesmo assim eu ainda tinha um olhar de antropólogo, de historiador (!!!) . Não conseguia efetivamente admirar estas diferenças e nem absorver as que eu julgava interessantes. Mas eu continuava achando as minhas posições e crenças as melhores...

Foi só no momento que eu consegui parar de idealizar as pessoas (incluindo pais, amigos, irmãos) que eu consegui realmente ver as pessoas como elas são, e foi ai que comecei a ver que as diferenças eram uma excelente oportunidade de crescimento, aprender a admirar o outro na sua singularidade e aprender com esta diferenças, realmente deixar uma coisa nova surgir do encontro de duas pessoas.

E, mais importante do que isto, eu aprendi a aceitar quem eu sou, a me respeitar e saber meus limites, a saber a dose correta de possibilidades de realização de meus sonhos, de minhas aspirações. 
E, vou dizer, isto também me serviu como pai, respeitar as diferenças dos filhos também pode ser muito criativo para as relações.
A diferença de idade, o momento profissional, as diferenças de gostos...


E você, onde as diferenças com seu namorado são criativas?

4 de dezembro de 2013

JUST SAY NO!

Li no jornal desta semana:
 
28 milhões de brasileiros convivem com as drogas
Estudos realizados pela UNIFESP ( a famosa Escola Paulista de Medicina) apontam que existem mais de 8 milhões de dependentes químicos no país e considera que para cada um deles existem pelo menos 4 pessoas afetadas pelo problema (incluindo familiares)
 

Eu penso  que uma das “obrigações” dos pais é mães é falar com seus filhos sobre as coisas difíceis, sobre assuntos áridos mas que são fundamentais para seus desenvolvimento, sua saúde física e emocional. Neste rol de assuntos acho que as principais são o sexo e as drogas.



Esta semana aconteceu a festa de formatura da minha pequena. Eu levei e ficou acertado que o pai da amiga B iria buscá-las na hora que acabasse a festa. La pelas 6(!) da manhã.
Quando eram 4 e meia meu celular toca:
- Pai, você pode vir me buscar?  A B passou mal de tanto beber, entrou em coma alcoólico e o pai dela veio aqui buscar ela, então eu estou sem carona para ir para casa. (!!! Opa)
Perguntei se ela queria vir embora ou ficar um pouco mais. Ela me disse que estava muito chateada com a BFF (1) dela e que estava sem pique de aproveitar a festa mais. Eu interrompi.
- Fique um pouco mais querida, tente aproveitar sua festa, sua amiga está com o pai e está bem, não se chateie e aproveite sua festa com seus outros amigos... Ela ficou, e fui buscar ela ás 8 da manhã!
Pelo que sei minha filha não bebe e é bastante centrada na questão dos excessos (menos com o excesso de tempo nas redes sociais) mas mesmo assim achei que o fato era uma boa oportunidade  de falar sobre bebida, drogas e temas relacionados e foi sobre isto que conversamos no dia seguinte.
Aqui cabe um parênteses:  eu tenho que assumir que sou o que há alguns anos era chamado de “CAXIAS”
Ou seja, sou um cara que nunca fumou, nunca usou drogas e nunca bebeu  (habitualmente). Minha filha mesmo diz: “pai, você é muito NERD, nem sabe o que é isto”...
Então, de certa forma, eu ficava meio receoso porque achava que os pais que experimentaram e/ou exageraram um pouco mais, que transgrediram e se rebelaram, tinham mais propriedade e vivência para falar sobre isto. Achava que um filho ia ouvir melhor quem já experimentou de tudo e realmente podia dizer se era bom ou não!
Mas depois de um tempo eu entendi que na realidade os meus valores são tão válidos quanto quaisquer outros, e que na realidade obstetras não precisam engravidar para falar de parto, padres não precisam casar para falar de casamento e psicólogos não precisam se matar para falar de suicídio (!)
O que eu passei para a minha filha foram meus valores “caretas”. Sobre os males do fumo, como age a cocaína e o crack e seu mal, sobre a importância de fazer sexo seguro. Claro que cada coisa na sua idade, pontuando as coisas que aparecem nos filmes, o que vemos nas ruas, as noticias de jornais, as estórias de famílias e amigos.
Ser “careta” pode não ser “legal”, mas eu gosto de ser careta!

E você ? Faz o tipo Caretão? Como age ou agiria com seus filhos?
 
(1) BFF = BEST FRIEND FOREVER para quem não sabe...
(2) Definição de CAXIAS: Substantivo masculino e Adjetivo , Bras. Pop. Diz-se de, ou pessoa que é muito certinha, pessoa estudiosa, pessoa educada, que cumpre com extremo escrúpulo as obrigações do seu cargo.