29 de setembro de 2013

Solteiros ou Casados?

Desde que retomei o blog com mais assiduidade, tenho me surpreendido, e alegrado, com a repercussão de alguns posts que publico. E tenho aprendido muito com as opiniões que as pessoas deixam nos comentários. 
Da mesma forma que tenho escrito mais em meu blog, tenho lido mais blogs de outras pessoas, com estórias, reflexões e textos incríveis! Eu realmente curto demais a blogosfera!
Então, quero deixar um super-abraço a todos que tem lido e comentado o blog! Obrigado mesmo!  


Como muitos de meus textos falam sobre relacionamentos, sobre família, sobre filhos, muitas pessoas deixam opiniões sobre estes temas, e eu fiquei surpreso - por exemplo - com as opiniões no post sobre o machismo! Com certeza me fizeram repensar minhas atitudes e meus sonhos para minha filha, uma coisa incrível!
Uma coisa que pude perceber é que  as pessoas se dividem, do ponto de vista de relacionamento, em dois grupos: ( e isto independe de serem homens ou mulheres, gays ou lesbicas)
De um lado temos o grupo dos "solteiros", gente que se diz desiludida com os relacionamentos, com as pessoas, gente que está bem sozinha, gente que desistiu de procurar, gente que diz não precisar tanto assim de uma relação em bases permanentes, e gente que parece estar procurando um outro modelo, de bem com a vida!
De outro lado temos o grupo dos "casadoiros" - do qual eu faço parte - que gosta de estar namorando, casado, alguns com relacionamentos muito longos, outros com menos experiências, mas todos a procura, relatando aproximações e desencontros, e sempre partindo para o próximo!
Quando a gente faz uma lista em que se mostram coisas que parecem antagônicas (solteiros x casados) ficamos com aquela tentação de ter que "escolher um lado" ou "votar no que é melhor", e obviamente, estabelecer um tipo de polêmica  =0)
Durante muito tempo eu cantarolava a música do Tom Jobim que diz que "fundamental é mesmo o amor" e "é impossível ser feliz sozinho"! (clique e veja na voz da Elis Regina).
E acreditava nisto! Eu realmente achava que as pessoas sozinhas eram infelizes... ficava até com "pena" de meus amigos e amigas que não conseguiam namorar!(sorry)
Ai eu fazia as maiores besteiras para não ficar sozinho! pois para mim a equação era: sozinho = infeliz!
Por sorte, e muita reflexão, e também umas pancadas da vida, e muito trabalho na terapia, eu comecei a ter uma visão muito mais saudável e diferente sobre este binômio, e vi que ele embute várias nuances, vários tons.
Hoje eu ainda acho que fico mais feliz estando envolvido com alguém que eu goste, mas não a qualquer preço.
Hoje eu entendo que estar solteiro não é uma forma definitiva de infelicidade, mesmo que eu não goste de ser solteiro.
Hoje eu sei eu nem todos estão preparados e querem fazer as concessões necessárias a um relacionamento.
Hoje eu sei que um relacionamento não é a solução para os vazios interiores que eventualmente tenhamos.
Hoje eu sei que a pessoa sozinha pode ser plena, e feliz.
Amanhã? Eu não sei quais serão minhas certezas amanhã, mas como bom sagitariano eu serei que serão outras!
Mas não quer dizer que eu não torça para que alguns amigos blogueiros, que são super legais nas suas opiniões, também encontrem alguém que lhes transborde! Pode Arnaldo?
Além de "casadoiro" eu sou "casamenteiro"!
Como sugestão de leitura eu recomendo MUITO ALEM DO ARCO IRIS, escrito pelo psicólogo Klecius Borges, que fala sobre relacionamentos gays, eu achei muito elucidador em muitos aspectos.! Foi lançado faz pouco tempo, não deve ser difícil achar!

E você? em qual dos dois times prefere estar?
  

27 de setembro de 2013

recaida racional... seria tudo tão mais fácil!

continuação de "Tá eu sou gay!"

Depois do fim do meu relacionamento com o Japa, com quem eu digo que "descobri o amor",  eu passei por um momento de decepção com esta questão do relacionamento de dois homens, passei por um momento que eu achei que nunca seria feliz do lado de um homem, especialmente porque eu acreditava que eu seria muito feliz sendo pai, e, sem mulher, não dava para ser pai! (adoção só entrou em minha lista de possibilidades em 1996!).
Eu detestava a idéia que MONOGOMIA NÃO É NATURAL entre os gays, e que os gays não devem entrar na vibe do SIMULACRO HETERO!
Eu estava muito confuso. Foi ai que eu pensei :

- "Se eu me casasse com uma mulher tudo seria mais fácil! , eu seria plenamente aceito, teria os filhos que tanto sonhava e, se não desse certo, me separaria, mas ai já teria meus filhos e não pensaria mais nesta besteira, neste tesão, de sair com caras! Seria tudo tão mais fácil"
 
Idéia brilhante não acham? Esta idéia resolveria um monte de problemas, todos de uma vez. E eu acho que transaria com uma mulher sem problema, por conta da minha posição preferencial na cama... (se bem que isto não aconteceu ate hoje rsrsrs)...E ai, quando eu me enchesse, me separaria, mas já teria meus filhos!
Eu seria um filho-da-puta, com todas estas letras, pois o plano era resolver estas questões, ser aceito, ter filhos, eu ser feliz porque achava que este era o caminho, a tal da "esposa" era apenas um acessório para estes objetivos! E não seria muito difícil eu conseguir a guarda de meus filhos...era só eu me casar com uma mulher super focada em sua vida profissional!
Repita comigo: FDP!
Seria um "paper marriage" como chamam os americanos, um "casamento de conveniência"! Se bem que eu jamais deixaria ela saber disto!
Eu até acho que poderia fazer uma mulher feliz, e poderíamos nos gostar muito, eu sou um cara educado, trabalhador, sem vícios, não era feio - daria um bom progenitor aliás! Mas eu acho que nunca seria um relacionamento com eu acho que deve ser!

Na época da faculdade havia uma garota que era verdadeiramente apaixonada por mim, amiga de uma colega de faculdade, ela sempre me "cercou" nas festas, nas saídas, mas eu nunca dei margem para nada, mesmo não sendo 100% resolvido eu nunca dei espaço. Nesta época desta minha idéia "brilhante" ela ainda estava solteira. E eu me reaproximei...cortejei, investi.. ficamos saindo juntos algum tempo e o fato dela ainda ser virgem (soube através da amiga em comum) me desobrigou de investidas maiores do ponto de vista sexual - mas chegamos bem perto.
Mas eu não estava tranquilo, não estava feliz, mesmo com meus objetivos caminhando bem. Ser "filho da puta" não é parte dos meus métodos! Então eu decidi que não ia levar aquilo adiante...naquela semana  tínhamos marcado de ir juntos assistir o show histórico do João Gilberto no PALACE, e eu simplesmente dei o cano , sumi, fiquei sem atender o telefone...
E eu dizendo que não costumo ser "filho-da-puta"....
Só avisei minha mãe que eu estava bem para evitar ser procurado pela PM e pelo IML!
Sumi por alguns dias, sem atender telefone, eu queria que ela ficasse com raiva de mim, para terminar tudo...para ser mais fácil...para mim, claro!!!
Ai liguei para ela e despejei as frases chavão "eu não estou preparado para um relacionamento", "o problema não é você, sou eu", "eu me sinto sufocado e quero mais liberdade", "sou muito novo para me amarrar" e, se me lembro bem, outras do mesmo quilate! Até hoje me recrimino de ter mexido com o sentimento de uma pessoa deste jeito, mas tenho certeza que teria sido pior se levasse isto em frente...

Eu poderia ter caído nesta "armadilha", o casamento aceitável, conheço muitos caras que passaram por este processo, tiveram sua vida hetero, seus filhos, e num determinado momento tiveram que sair do armário, se entender, ir em busca do que lhes faria mais completos, e eles tiveram que travar uma batalha dura.  Mas na realidade uma batalha adiada apenas, e eu tomei a decisão de não adiar minha batalha!
Eu não recrimino os muitos amigos que passaram por este processo, imagino o esforço interno, a energia gasta, e as barras mais pesadas ainda quando resolveram sair do armário. E ainda tem muita gente nesta situação....  aliás, se vc está lendo este texto e esta nesta situação, eu sugiro que procure a VERA MORIS, que coordena o grupo HOMOPATER, clique AQUI!

E você, já teve algum tipo de recaída?

25 de setembro de 2013

re-encontrando um amigo!

Acho que já falei, algumas vezes, que meu ex marido era muito ciumento... Eu já escrevi muito sobre ciúmes, até achei um post de 2006 falando sobre isto!
Pois bem, durante meu relacionamento, em função deste ciúmes, e para não arranjar encrenca, eu me distanciei de muitos amigos, e um deles foi um certo sagitariano de Curitiba! Que me encontrou recentemente nas redes sociais! Olha que legal!
Na realidade nós até tivemos um certo "terêrê" lá no século passado, que acabou se tornando uma grande amizade! Ainda bem, porque dois sagitarianos, que adoram uma D.R, ia acabar em tragédia mexicana com certeza!
Sabe aquelas pessoas que você fica anos sem ver, sem falar, mas quando reencontra o link é imediato? Eu e o Ele somos assim - pelo menos eu acho, precisa ver se ele tem a mesma opinião! rsrsrs
Como eu, ele viveu um longo relacionamento de 10 anos, q acabou. Na realidade nossas famílias até conviveram, eu e meu ex chegamos a ficar hospedados na casa deles em Curitiba e eles estiveram hospedados aqui em casa em SP, mas por diversos motivos, nos distanciamos...
Mentira, "diversos motivos" foi que ambos somos "cuidadores" e nos tornamos em certa medida "pais e mães" em nossos relacionamentos, o que anulou muita coisa em nossa vida, mas, anulou sem sacrifícios, anulou porque deixei anular, anulou porque foquei em outras coisas, anulou porque sim! (mesmo eu sabendo que "porque sim não é resposta"!)
E o relacionamento dele, que como eu, ele tentava atiçar a brasa a todo momento, acabou também como o meu, de repente, com o outro chegando e dizendo ACABOU! Que barra! Esta coisa dos signos é muito forte! Parecia o mesmo script!
E neste reencontro, quando ele me contou os últimos tempos dele, a dor da separação, a superação, as novas dores, eu inocentemente sugeri - porque não conta isto num blog?
E não é que o meu amigo já tinha um blog e eu nem sabia?
Um blog que estava meio paralisado mas que ele voltou a atualizar, e o texto que ele fala da separação...parecia eu contando minha estória! Que susto!
Se quiserem conhecer um cara bem legal cliquem AQUI!

23 de setembro de 2013

Tá! Eu sou gay! E descobri o amor!

continuação de O PRIMEIRO SUTIÃ, clique AQUI

Depois que eu e meu primeiro namorado do interior nos distanciamos, eu fiquei um tempo sozinho. Estava bastante focado em minha vida profissional e, como não tinha um círculo de amigos gays, não sai muito durante um certo tempo.
Além daquele trabalho voluntário eu também ajudava na época numa outra entidade, o GIV, cujo presidente na época era o Araújo, eu ajudava em algumas coisas e também no plantão da biblioteca.
Aquela foi a época "braba" da AIDS, não havia coquetel, e até mesmo os mecanismos da doença eram pouco conhecidos, onde as celebridades que contraiam o vírus definhavam em praça publica (Cazuza, Rock Hudson, Lauro Corona ), mas negavam de toda maneira estarem contaminados.
Pois bem, nesta entidade eles promoviam, como fazem até hoje, mensalmente uma festa de aniversário coletiva, para todos os aniversariantes do mês, e os voluntários organizavam e recepcionavam as pessoas. Numa destas festas eu estava na porta, recebendo as pessoas quando chegou um grupinho e no meio deles estava o Sérgio. Meus olhos, e outros órgãos, forma atraídos imediatamente por ele.
Eu recebi o grupo, achei uma mesa para eles sentarem e fui cuidar de outros assuntos, mas de vez em quando voltava para ver se precisavam de algo, todo atencioso!  Soube que o grupo (dois caras e duas mulheres) tinha vindo a convite de um dos membros do GIV, que fazia aniversário naquele mês.
Ai surgiu uma questão engraçada, eu não tinha como saber se o carinha era gay ou não! Então eu sentei na mesa deles e comecei a puxar papo...vcs trabalham no que? que gostam de fazer no fds? até chegar em "onde você costuma ir?
Quando ele me disse que já tinha ido algumas vezes na GENT´S, na MAD QUEEN (umas boates que existiam no século passado rsrsrsr) , ai eu falei! Oba! Tenho chances!
E continuamos conversando...ai aconteceu o  pior! Me apaixonei! 
Estávamos embaixo de uma grande árvore que tinha no "quintal" do GIV e de repente ele vira e fala - Olha como a lua está linda! Eu olhei para cima, a lua cheia enorme, com a luz passando entre os ganhos finos da árvore, linda mesmo. Eu olhei para a lua, olhei para ele, e pronto! Já estava apaixonado!
Ele nem era um cara lindo, deslumbrante, e era japa... eu nunca tinha me imaginado com tesão por um japa! Eu tratei de me aproximar, peguei o tel. dele  (fixo, século passado, nada de celular!)  , liguei durante a semana para convidar ele para jantar, fui conhecer melhor, e fui também mostrar meus CDs para ele no meu quarto! Um truque repetido, podem rir!
Não que eu não gostasse e não amasse meu primeiro namorado, mas realmente eu percebi que o sentimento era diferente. Foi paixão. O Sérgio foi o primeiro cara com quem eu imaginei ter um relacionamento, casar, morar junto, construir uma estória, algo que era impensável para mim até aquele momento.
Ficamos quase três anos juntos, viajamos muito, ficávamos muito tempo juntos pois conseguíamos conciliar bem nossas agendas de trabalho, e ele foi o primeiro cara que eu conversei sobre minha frustração de não poder ter filhos porque era gay (a possibilidade de adoção não estava na minha mente). Ele era um cara muito carinhoso e cheio de sonhos, o que é estimulante para um sagitariano como eu! Era engenheiro mas tinha uma forte inclinação para as artes plásticas, pintava, fazia esculturas, ele foi o primeiro que conviveu com minha família e amigos, se bem que eu na época ainda parcialmente no armário - apresentava ele como amigo. Mas hoje sei que eu não enganava ninguém!
Cheguei até a comprar um terreno em Ibiúna, num condomínio na beira do rio, para construir um "ninho" para nós! Estava levando a sério não é?
No final das contas nos separamos porque ele, virginiano, por conta dos sonhos todos, começou a se desconectar um pouco da realidade, ... eu sofri muito tentando ajudá-lo, mas,  também  por conta de seus sonhos ele resolveu ir morar no japão um tempo e ai nos separamos definitivamente.
Meses depois da separação eu acabei descobrindo uns lances de infidelidade da parte dele, o que também me magoou, mas não invalidou tudo que vivemos juntos...mas me fez pensar em muita coisa, e o desejo de ser pai ficou cada vez mais forte!
 
Você pode estar estranhando eu citar o nome dele, já que eu normalmente trato as pessoas por apelidos, tentando sempre preservar as pessoas porque nunca sei quem quer aparecer ou não no blog, mas como eu soube, alguns tempo atrás, que ele faleceu, a citação fica como minha homenagem ao cara que mudou muita coisa na minha vida!

Mas é claro que minha vida não parou por ai.... eu fui em busca de uma SAIDA RACIONAL para o assunto.
 
 
 
 

20 de setembro de 2013

Homossexual preso por não querer deixar seu Esposo sozinho no hospital!

Achei esta noticia na net, e apesar de ser uma estória de intolerância e de preconceito, é também uma linda estória de amor!

Clique aqui

18 de setembro de 2013

MACHO, MACHO MAN! I don´t wanna be a "machista" man!

Para ler este post você vai precisar exercitar sua EMPATIA! =o)
Exercitar sua capacidade de se colocar no lugar do outro ok?
Então você vai ter que se imaginar Homem, Homossexual e Pai de uma adolescente de 17 anos. Se quiser eu espero um minuto! Respira fundo!  rsrsrsr
Uma coisa que sempre disse para mim era que eu estava criando não minha filha, mas uma pessoa para o mundo!
Eu realmente acredito que, de certa forma, as pessoas nascem prontas, e que Deus coloca as pessoas nas famílias que ele acha importantes para depurar as qualidades destas pessoas e para melhorar as famílias em que são postas, acredito mesmo que os filhos são apenas "emprestados" a seus pais e mães.... E pelo pouco que conheço eu sei que várias religiões e doutrinas - budismo, espiritismo por exemplo - falam algo parecido.
Eu sempre disse, e ainda digo,  que eu queria que minha filha namorasse bastante antes de casar, eu não queria que ela se apaixonasse e casasse com o namoradinho de infância, eu queria que ela vivesse experiências diferentes, que ela pudesse ter condições de fazer escolhas melhores!
Sei que isto pode parecer estranho a pais de meninas, que não querem ver suas filhas "passando de mão em mão" e nem serem "mal faladas". E mais estranho ainda aos que acham que suas filhas devem "se preservar e casar virgens".
Mas é assim que eu penso! Eu acho que a pessoa ter várias experiências, no que quer que seja, garante que ela possa fazer escolhas melhores. E isto não significa que eu quero que minha filha seja uma "piranha" ou "vaca", como diriam outros. Isto é pensar como educador, é preparar nossos filhos para a vida, para tomarem suas decisões e arcarem com as consequências.
Namorar pessoas diferentes, ficar com alguns meninos ao longo da vida, não significa transar com eles, significa saber lidar com eles, e, inclusive, saber dizer não! E também significa entender o machismo inerente aos sapiens sapiens . Lembrando que existem homens e mulheres machistas!
Infelizmente sou obrigado a confessar que eu mesmo tenho muitos traços machistas, sorry amigas! Eu tenho que sempre me treinar e me preocupar em não pensar que as mulheres não tem certas capacidades e habilidades, mesmo quando eu digo "as mulheres são mais exigentes e cumprem melhor as normas" eu estou embutindo uma crença paralela de que "mulheres são menos flexíveis e criativas". Um horror não é? Mas confessar e me preocupar em mudar meu pensamento significa tentar melhorar um pouco isto...  espero!
Mas isto não significa que sou misógino, amo as mulheres, amo muitas das qualidades e dos aparentes defeitos  delas, afinal de contas, nossos "defeitos" também nos definem! Como gay sei que meu lado mulher é bem dominante em muitos aspectos. Amo tanto as mulheres que escolhi ter uma filha mulher!
Eu ser machista, sendo gay, o que parece um paradoxo, serve apenas para corroborar que o machismo não é uma prerrogativa do gênero, e explica porque existem tantas mulheres machistas, que são as mulheres que criam filhos machistas!
Chegar neste pensamento, nesta crença, de que  minha filha deve conhecer melhor os homens, já me parece um trabalho no sentido de combater meu machismo, em que só o homem pode ser "pegador", se bem que na realidade eu não acredito que ser "pegador" seja um elogio....
Mas será que "querer que ela namore bastante" e "antes de casar" não são nuances machistas?
Combater meu machismo significa que eu tenho que acreditar que as mulheres, e especialmente a mini-mulher que eu tenho lá em casa, tem todas as capacidades que os homens tem, que elas podem decidir e fazer o que bem entendem, que elas podem ser e querer qualquer coisa.
Combater meu machismo é aceitar que "querer casar e ter filhos" é um valor tão importante e válido quanto qualquer outro. E que eu não tenho que achar uma "pena" minhas amigas terem decidido não terem carreiras profissionais.
Mas o machismo está tão "instalado" dentro de todos nós que não é uma tarefe fácil!
E você? quanto machista você é?
Para finalizar o post eu sugiro assistir este vídeo! Musica que fala de "coisas de homem", um grande sucesso de uma banda...de gays!
Este post foi inspirado por uma dica que a Maira publicou no blog NOSSA FAMILIA COLORIDA, fazendo referência a um texto de Miguel Rios, publicado no UOL.

15 de setembro de 2013

O primeiro sutiã... #sóquenão !

Este post é continuação do Abrindo e Lendo Emails, clique  AQUI e leia para pegar o "fio da meada"! 

Como eu dizia...
Eu conheci este cara num encontro de uma ONG onde ambos éramos voluntários e me encantei com ele, por muito motivos...mas ai...como fazer para ficar "mais perto" dele?
Trocamos endereços e começamos a nos corresponder, por carta (CARTA? OI?.... lembrem, na pré história do seculo XX ainda não tinhamos email...)
A oportunidade de ficar mais próximo surgiu uns dois meses depois... a entidade organizou um grande encontro em SP, num lugar "tipo" um retiro, e como eu era da organização, eu dei um jeitinho de ficar no mesmo quarto que ele! rsrsr . Detalhe, era um quarto para quatro pessoas mas - e olha que coincidência - só íamos ficar nós dois no quarto! Dei a desculpa que deixei assim caso alguém precisasse mudar de quarto teria uma vaga no meu fácil, sem precisar ficar fazendo trocas de pessoas...
Sacana eu? Bom, na realidade ele vai ficar sabendo disto quando ler este post ( !!!), mas como somos amigos até hoje ,sei que não vai ficar bravo comigo! I hope so! Foi uma "fofura" minha para ficar perto dele! Concordam?
Ficamos nós dois no mesmo quarto, mas eu, que sou muito certinho, muito caxias, nem tentei nada. Estávamos lá por um assunto sério, a "trabalho" na realidade. Para mim foi apenas o frisson de estar com ele e criar uma maior intimidade, mais papos... e mesmo o quarto tendo um banheiro privativo tanto eu quanto ele entrávamos e saíamos do banho trocados...
Dois bobinhos!
Quando terminamos o encontro combinamos que ele viria passar o próximo fim de semana na minha casa, ele gostava (ainda gosta) muito de SP, e gostava dos passeios culturais, museus, teatros... mais uma coisa que tínhamos em comum!
Ele veio, fiz questão de ir buscar ele la na rodoviária do tietê, viemos para casa, no caminho paramos comer um sanduiche...
Quando ele chegou em casa eu mostrei o sofá-cama do quarto de tv, onde ele dormiria, e falei se ele queria tomar um banho, ele tomou, depois eu. Quando eu sai do banho preparei um chá para nós dois e perguntei se ele não queria ir no meu quarto "ver uns cds muito legais que eu tinha de jazz" (podem rir).
Ai... sabe como é....dois caras que estavam se curtindo, na beira da cama, sozinhos em casa, ouvindo musica... rolou o primeiro beijo, e vários outros e uma pegação bem inocente, bem amorosa, acabamos dormindo juntos...
E ai engatamos uma amizade muito forte, um namoro, ou eu ia para a cidade dele no fim de semana, ou ele vinha para sampa, e rolavam muitas cartas, porque ninguem tinha celular naquela epoca e telefone fixo era super caro, ás vezes iamos viajar para algum lugar, foi com ele que fiquei pela primeira vez hospedado numa pousada gay, a Raposa da Montanha em Campos do Jordão. fizemos muitas coisas legais juntos.
Eu realmente gostava dele, eu acho até que amava ele, foi realmente um momento muito especial na minha vida. Ficamos juntos por quase dois anos, mas ai eu fui viajar e fiquei um tempo fora do país e acabamos nos distanciando.
Também teve um coeficiente que eu estava no começo de minha vida profissional e eu sentia ele muito pouco ambicioso, um pouco acomodado, na época, e isto também acabou nos afastando.
Mas sempre fomos amigos, e sempre mantivemos contato, ele foi realmente um cara muito especial, e foi o primeiro para quem contei que tinha o sonho de ter filhos, de adotar - e ele foi super legal, deu o maior apoio e estímulo, apesar de não parecer comungar dos mesmo ideais, e sonhos.
Hoje ele é professor universitário, com destaque em sua área, e esta casado com um cara super legal, mais novo que ele, porque ele também tem o perfil de "cuidador" como eu tenho...Mantemos contato e sinto que torcemos pela felicidade um do outro até hoje! Tanto que quando me separei ele foi uma das primeiras pessoas para quem liguei! Para me ajudar a pensar e refletir...
Acho que, para uma pessoa como eu, mais focado na qualidade e na durabilidade, do que na quantidade e diversidade, cada pessoa que passou na minha vida tem seu lugar especial na minha memória...

A expressão "O PRIMEIRO SUTIÃ A GENTE NUNCA ESQUECE" é antológica e muita gente usa em diversas ocasiões, foi uma das primeiras campanhas da W/Brasil e projetou ainda mais o Washington Olivetto, se vc não conhece clique abaixo no link do Youtube, acho que a emoção tem muito a ver com aquele momento que eu vivia! Esta propaganda é de 1986 e a Patricia Lucchesi tinha apenas 11 anos, hoje ela tem quase 40!


E você, com foi seu "primeiro sutiã"? Sua primeira paixonite?

13 de setembro de 2013

Abrindo, e LENDO emails!

continuação do post  You´ve Gotta Mail, sugiro ler antes...

Quando eu saia da adolescência, em meados da década de 80, o assunto homossexualidade não era falado de forma tão aberta como hoje em dia, pode parecer chocante mas homossexualidade ainda era doença! A OMS só tirou da lista de doenças em 91!
Então era uma certa barra "resolver" ser gay!
Mas eu era, mesmo tendo "resolvido" não ser! =o)
Basicamente eu tinha resolvido não dar vazão aqueles sentimentos, que não entendia bem, porque era nítido e claro que eu não seria aceito, que eu teria muitos problemas, que eu ia ser discriminado. Que eu não seria feliz.
E era nítido e claro para mim que se eu fosse "viado" eu não poderia ter filhos, e mesmo com pouco mais de 20 anos, eu queria muito ter filhos, queria ter uma família.
...era o que eu precisava!
Mas mesmo assim, o desejo falou mais forte e eu decidi que de certa forma eu tinha que ver "qual era o lance" de ficar com um cara, e confesso que não era nada muito romântico, era uma coisa de tesão mesmo, aliás, eu nem acreditava que poderia haver romance entre gays, era só tesão e sexo mesmo!
Afinal de contas todos diziam: "Viados gostam de sexo grupal, de se vestir de mulher e de dar o cú"!
O primeiro cara com quem sai eu encontrei na tal da locadora da Eusébio Mattoso, perto do Eldorado, onde eu alugava filmes de arte - com um ou dois eróticos no meio para disfarçar! (kkkk).
Me pergunta se eu assistia aqueles filmes do Godard e do Buñuel ?
Encontrei, conversei,
- Você já assistiu este? É bom?
Continuei e chamei para casa,
- Quer ir lá em casa assistir?
Era um ruivinho bem interessante se me lembro bem, uns anos mais velho que eu:  mão naquilo, beijos, amassos, tira a roupa, masturbação mútua, e levei ele para casa. Me lembro que ele morava longe da minha casa! Tipo zona norte... nem trocamos telefones, nem nada, (não tinha email, face, nem celular lembram?) Foi um frisson bom demais. Mas nunca mais cruzei com ele.
Depois eu "seduzi" um rapaz que trabalhava com atendente numa loja que eu frequentava por razões profissinais, que  se dizia hetero e que teve que ser devidamente embriagado para ir adiante. E adiante não é sinônimo de "finalmentes"...
Foi ai que conheci um cara muito legal, que era voluntário numa ONG em que eu também era voluntário, ele morava no interior de sp, e nos conhecemos numa reunião de voluntários...
Eu me encantei por ele, um cara alegre, sorridente, gente boa, entusiasmado, inteligente, com nome de poeta, que lia e conhecia coisas, ele era praticamente um teen, mesmo sendo maior de idade, e eu um pouco mais velho que ele...
e ai ia começar uma nova fase... (continue clicando AQUI)

12 de setembro de 2013

MOON (Explicit)


Não conhecia este THIAGO PETHIT, a musica não me emocionou muito, mas o clip é para lá de quente!
Fotografia em preto e branco, cortes muito bem feitos... legal mesmo!

11 de setembro de 2013

ciumes que te separa dos amigos...

Eu tenho um pouco de dificuldade de entender o ciúmes... aquela percepção que a pessoa - que você ama - tem que você não está com ela por inteiro, que você mesmo namorando, casado, está sempre á espreita, em busca, de um novo amigo,  de um beijo roubado de alguém,  de uma transa fortuita...
Eu tenho um pouco de dificuldade de entender o ciúmes... eu sou aquele cara que fica com o outro por inteiro, que se dedica, que quer construir algo, eu sou daqueles que ficam juntos por um ideal, e que está junto porque quer, não porque é obrigado!
Eu tenho um pouco de dificuldade de entender o ciúmes... mas eu sei bem o que sente alguém preso pelo ciúmes...
 


No começo você acha bonitinho, fofinho, uma graça. Ele tem ciúmes, ele quer você só para ele, ele quer ficar com você o tempo todo...
Depois você, já que está apaixonado e que ama, vai cedendo um pouco - começa a dar explicações sobre o tempo que demorou para chegar, sobre com quem estava no telefone que estava ocupado, sobre quem é aquela pessoa com quem estava conversando no evento da empresa que VOCÊ trabalha, mas que convidou ele para ir junto!
 
Ai você começa a avisar todos os lugares que vai, e com quem vai, você entende o ciúmes dele e não acha nada demais você falar estas coisas para deixar ele mais tranquilo, afinal de contas você não tem nada a esconder tem?
E você nem percebe que ele sempre te liga quando você não está com ele, e que ele, meio que sem querer, quer confirmar as informações do lugar que você está, ás vezes até falar com seu amigo "para dar um oi".
E você nem percebe, na realidade percebe, mas nem liga muito, para o extenso questionário quando você chega, e nem percebe que ele está "checando" as informações, para ver se você não cai em contradição.
E você até acha bonitinho ele te ligar e te inquerir tantas vezes por dia, de saudade, afinal de contas você não sente aquele ciúmes, você não percebe que está sendo vítima de algo. Você é adulto, sabe se virar não sabe?
E além do que...você não quer arranjar encrenca, não quer brigar por algo que você não vê motivo.
 
Ai você começa a se afastar dos seus amigos, começa a não fazer nada sozinho - o cinema que você gosta, ou a exposição que ele não quer levantar cedo - para não ter que dar muito explicação, e, afinal de contas, vc gosta de ficar com ele não gosta?
 
Ai você se afasta dos amigos, porque ele não gosta muito de seus amigos que são muito cabeça e ele gosta de gente mais divertida, e você não quer ir sozinho e ter que ficar se explicando, e se afasta das baladinhas porque ele acha  que tem cara que dá em cima de você (me poupe! rsrsrsr) , mesmo você querendo ir só se divertir e espairecer...
 
E quando você se chateia e fala algo, o argumento "se você não está fazendo nada errado porque não pode me contar?" acaba te vencendo...

E quando o casamento acaba você está longe de seus amigos e nem sabe fazer nada sozinho... Mas isto é culpa minha tá certo? Eu mesmo que deixei isto acontecer, eu que concordei que não tinha "nada a dever" e então não tinha motivo para não me explicar....
 
Mal sabia eu que aquele ciúmes todo não era amor, era apenas a projeção de coisas que ele fazia e também me achava capaz de fazer!
Mas esta lição eu aprendi, e tomei consciência. Isto não vai mais acontecer! Vc pode sentir ciúmes de mim, mas tem que confiar em mim! Se quiser ficar comigo!


Já passou por isto? Já teve um ciumento na sua vida?


9 de setembro de 2013

crie bacon...


"não crie expectativas, crie porcos, ao menos você terá certeza de ter bacon no final" *
 
A frase, por mais engraçada que seja, remete a uma dura realidade! Eu realmente costumo criar muitas expectativas em relação ás pessoas! Eu sempre acho que as pessoas vão ser isto, vão fazer aquilo, vão se comportar desta ou daquela maneira.
O bom é que eu sou um otimista incorrigível, e ao contrário de muitos que sempre vêem o pior das pessoas, eu sempre crio expectativas do MELHOR das pessoas, sempre acredito no potencial de trabalho e de amor das pessoas, e mesmo quando eu me decepciono, eu sempre acho que "a pessoa fez o melhor dela, fez o que podia, e sabia, fazer".
Se para quem trabalha administrando e treinando pessoas isto é bom, porque você está sempre em busca do potencial da pessoa para atingir suas metas e modificar procedimentos, quando se está em busca de um relacionamento isto pode ser uma "merda".
Eu tenho um amigo que exagera neste aspecto, no dia seguinte de um encontro já esta fazendo planos, já pensa no nome de casado que vai usar, já prepara jantar romântico para o "bofe". E é claro que isto assusta um pouco os caras! Fazer a Glenn Close ( em atração fatal)
Para mim é difícil sair para conversar alguém e não esperar o melhor, para mim não é difícil tentar! enxergar aspectos positivos na pessoa mesmo estando claríssimo que não vai rolar!

PAUSA! Perai!  Rebobina a fita!

Não ERA difícil ver só o lado positivo !
Neste último ano eu consegui entender melhor meus sentimentos, ver o que é carência, o que é projeção, o que é idealização! Eu continuo procurando ver o melhor das pessoas, mas consigo perceber quando este" melhor" vai demorar muito a aflorar, ou que aquele "melhor" não é o que eu quero!
Eu crio expectativas sim! Faço planos sim! Gostaria de encontrar o cara "ideal" para mim sim! Mas eu estou aprendendo a não depositar minha felicidade na atitude e comportamento do outro, aprendendo a perceber o quão "porquinho" é a pessoa, para garantir o meu bacon! Criando menos expectativas!
E definitivamente não estou mais disposto a fazer "de um tudo" para que o relacionamento funcione, apenas porque tenho este ideal de ser uma coisa legal
Porque não tenho garantia de nada, e sabendo disto a vida é tão mais tranquila.
 
É claro que posso, e devo, ter meus planos e meus sonhos, mas tenho que separar o que dá para lutar e o  que me faz bem, daquilo que não depende só de mim! E acho que dei sorte, porque meu namorado atual tb pensa nisto.
E você cria PORCOS? Ou expectativas?
 
 
* Ouvi esta "pérola" da auto-ajuda de minha filha! Eu mereço?
 
 

7 de setembro de 2013

A defesa do casamento gay por quem antes não concordava.

Encontrei o link deste vídeo no blog  MUQUE DE PEÃO, e como não consegui compartilhar direto do blog dele eu estou copiando o post inteiro dele! Ou seja, os direitos autorais são dele! rsrsrsr

"A boa notícia desta semana vem da Austrália, onde o candidato à re-eleição como primeiro ministro Kevin Rudd fez uma defesa muito digna, embasada e segura do casamento igualitário durante um debate em rede de televisão. Um dos participantes, que se identificou como pastor e representante de uma rádio cristã e que apresentou os surrados argumentos religiosos sobre a homossexualidade não ser natural e ser condenada pela bíblia, foi contra-argumentado por Kevin Rudd de forma tão segura, direta e apropriada que fez o pastor praticamente perder o rumo. Kevin Rudd foi bastante aplaudido.
É inspirador quando um político importante e heterossexual defende o casamento igualitário com tanta convicção. É um sonho ainda distante para nós brasileiros, que temos na maioria de nossos políticos o interesse único pelo voto e pela manutenção do mandato. Muitos de nossos políticos importantes até têm visões liberais da sociedade, mas vivem pisando em ovos com muito medo de melindrar evangélicos ou a igreja, e com isso mantêm em público opiniões que seriam mais apropriadas na Idade Média."

vejam o link! bem adequado ao "dia da independência" que comemoramos hoje!

http://www.youtube.com/watch?v=TzV1r5SCc8U#t=88

6 de setembro de 2013

You´ve Got Mail!

O processo pelo qual cada um passa até chegar ao ponto de dizer , ao menos para si mesmo: "-eu sou homossexual" é bastante diferente de pessoa para pessoa.
Cada um vai se percebendo - e se negando - de uma forma diferente, e acho até que isto é diferente de geração para geração.
Meu namorado fala que tem gente que "recebe o email e demora para abrir". Quando ele vê alguém que percebemos que ainda está no armário, ele diz -" este deve estar com a caixa postal cheia de e-mails para abrir!"
Mas o mais interessante é que, depois de um tempo, você consegue ter uma "visão histórica" do que aconteceu com você.
Eu sempre fui gay! Posso afirmar isto hoje,  mas durante muitos anos eu me sentia apenas estranho. Eu ia nos bailinhos, dançava com as meninas, tomava fora, insistia, dançava com a vassoura... nos longínquos anos 70 da minha infância não existia a figura de FICAR, dar uns beijos e depois sumir... o que eu acho bem interessante hoje em dia, mesmo achando que banaliza um pouco o beijo.
Mas eu já era "fresco" (que era um outro sinônimo de "viado" na época). Quando brincava com meu irmão e minha irmã, de casinha, eu era o MORDOMO da casa...quer coisa mais gay que isto? E era muito esmerado na decoração da casinha! RSRSRSRS!
Tive minha namorada de praia, tive algumas paixonites de longe... e naturalmente fui apaixonado pela professora da 1a. série, a  D. Aparecida (naquele século ninguém chamava professora de TIA), uma loirona platinada com um sorriso lindo!
Quando fui ficando adolescente eu perdi o entusiasmo para sair caçando, sair com amigos para "pegar mina" nunca fiz, eu saia de turma, turma grande, para ficar camuflado na turma, sempre conversando mais com amigas que amigos.
Eu sempre gostei da figura masculina. Na casa do meu tio sempre tinha revistas Playboy e ELE ELA no banheiro, e eu me lembro de me interessar muito mais pelas propagandas de cuecas do que pelos posters... Naquela época não tinha email...então eu não ia receber um!
Eu não sou efeminado, embora ache que dou pinta eventualmente, mas na época eu era apenas um garoto muito arrumado - que ia na balada até de gravata de crochê (um must na época), um garoto muito educado, que gostava de conversar com gente mais velha, que curtia musica clássica. Muitos anos eu descobri que eu era um "dândi" (!!!!)
Na faculdade eu era assexuado, ou ainda era muito inocente, ou estava negando com todas as minhas forças, mas eu passei batido em termos de pegadas, de namoros - mesmo tendo sido eleito pelas colegas o "mister bundinha" em dois anos seguidos!
Mas ao mesmo tempo, desde os 17, eu trabalhava, tinha meu dinheirinho, e comprei minha primeira revista gay e depois várias, Jornal Lampião, Sui Generis, Alone, alguns estrangeiras como Mandate, Honcho, cuidadosamente escondidas em casa, dentro de um envelope, dentro de um outro envelope, dentro de uma pasta, dentro duma gaveta com coisas da faculdade, (eu fico lembrando e rindo sozinho aqui)
E comecei a alugar filmes eróticos, primeiro filmes bissex para "disfarçar" na locadora. Mas era um "trampo" para assistir, só um vídeo cassete na casa...rsrsrss...o medo de ser pego era um frisson a mais!
Lembrem que estou falando de uma época pré-internet, nada se falava de homossexualidade na televisão, ou melhor, começaram a falar, mas para falar do "câncer gay", a SIDA, a AIDS. Os guetos, as saunas, os hábitos promíscuos dos gays foram parar na imprensa, para justificar porque aqueles seres "abjetos" de hábitos promíscuos estavam sendo contaminados...
Não tinha chat, grupos, gay era o cabelereiro da sua mãe, ou o Clóvis Bornay no carnaval... Nossa e eu adorava ver as fantasias de carnaval, os desfiles daquelas figuras meio andróginas, cheio de brilho e ousadia. Sim eu com certeza já era gay!
   
dica: MENSAGEM PARA VOCÊ (You´ve Got Mail) é um filme delicioso! Já assistiu? You´ve Got Mail!

3 de setembro de 2013

a morte de um professor...


Uma parada nas recordações e atualizações...
 
Semana passada minha filha foi surpreendida com a noticia da morte de um professor, ele teve um ataque do coração fulminante durante a noite. Ela tinha tido aula com ele durante o  mesmo dia
Um pouco antes de ir para a escola no dia seguinte ela soube da noticia.
Ao que parece era um professor bastante querido, que ressoava bastante no coração dos adolescentes, se declarava comunista, ateu, não tinha televisão em casa, usava uma boina estilo Che Guevara, e ainda era professor de história, que pontuava bastante as mazelas da sociedade e do capitalismo...Só que ele era muito obeso, fumava desbragadamente, não era casado nem tinha filhos, e aos 52 anos morreu.
O ídolo perfeito para adolescentes, e mais perfeito ainda porque não será questionado mais... me lembrei muito do Tancredo Neves, que foi sem nunca ter sido!
  
Ela, e todas as amigas e amigos ficaram verdadeiramente abalados, pela surpresa, por se depararem de certa forma com a finitude e o imponderável da vida, ela chorou bastante, e dizia que nunca tinha tido oportunidade, e coragem, de dizer para ele o quanto ele tinha sido importante para ela, e  quanto gostava dele.
Como pai eu fiquei ao lado, tentando acalma-la, tentando passar um pouco de empatia, deixei que ela fosse ao enterro, e parece que um grande numero de professores e alunos foram.
É sempre difícil para um pai e uma mãe falar destes "grandes temas" (morte, sexo, perdão, ética) mas se a gente souber aproveitar o que acontece no dia a dia fica mais fácil. Dá uma chance de conversarmos...
 
Quando eu estava na faculdade, no final da década de 80, tive vários professores meus que morreram, vítimas da AIDS, que aquela época ainda não podia ser combatida pelos coquetéis atuais, e eu me lembro de ter ficado consternado também, em especial pelo FLAVIO IMPÉRIO, que tinha a idade que tenho hoje,  quando morreu. Aliás, foi uma década pesada neste sentido, com muita gente adoecendo rápido demais e morrendo mais rápido ainda.
 
No final ainda teve um momento bonitinho dela, que, quando fui buscar ela após o enterro,  preocupada me perguntou - Pai vc tb está gordinho, quando vai fazer seus exames do cardiologista? (que coincidentemente já estavam  marcados para a segunda semana de setembro)

E vc? como enfrenta a morte? como fala dela?
 
 

1 de setembro de 2013

22 + 27 = 49

(segunda parte de 49 - 22 = 27)

Eu prometi pensar no que ele tinha me dito: uma amizade colorida, sem compromisso, sem maiores perspectivas...
Então eu conversei com meu terapeuta, e com dois amigos que tem amigos em situações parecidas. Todos tiveram os mesmos argumentos, para eu não ser tão rigoroso e "certinho" comigo mesmo, que eu não estaria fazendo nada errado pois eu não estava me aproveitando do cara, que ele estudava, trabalhava, que tinha condições de tomar decisões, que ele (e eu) poderia sair da estória quando quisesse...

Mas foram unânimes em me alertar, que eu devia ficar atento para não me encantar demais, que podia ser um tipo de aproveitador, uma pessoa interesseira, que poderia de alguma forma usar de seus encantos de forma não legal (mas eles foram bem delicados em falar isto)
Até minha filha, quando eu disse que estava saindo com um rapaz mais novo que eu (sem dizer quanto), falou o mesmo: Pai, cuidado que pode ser um cara interesseiro ... você se envolve muito fácil.(!!!) 

Interessante as pessoas pensarem assim, eu acho que sou realmente um pouco inocente por não dar tanta importância a isto. Não é que eu estava iludido e não tinha sequer pensado nisto, mas talvez por eu ter um bom julgamento das pessoas e já ter conhecido o rapaz eu realmente acreditava que ele não tinha isto em mente. O que se confirmou, porque em momento nenhum ele se mostrou interesseiro, aliás, se mostrava verdadeiramente constrangido quando eu pagava algo, e nunca, nenhuma vez, me pediu algo. 

Então eu resolvi ver onde aquilo ia dar, a tal da "amizade colorida", saímos algumas vezes, e eu propus a mim mesmo mostrar para ele algumas coisas, que em função de grana ou até mesmo de não ter esta vivência por não ser paulistano, ele nunca tinha visto. Bons restaurantes, algumas peças de teatro, um concerto, um musical, algumas exposições, alguns cafés, uma ou duas baladas... E ele parecia sorver tudo com real interesse, interesse de aprender, de conhecer, de ler mais, de se instruir e sofisticar. Para mim tb era legal sair com alguém que se interessava pelas coisas, aquela coisa do pupilo (meio doido não é)
E acabamos transando algumas vezes, o que ele parecia curtir também, e também eu curti, depois que eu venci a minha encanação de ser apenas o segundo cara com quem ele tinha transado, e também da forte impressão de estar com um cara que podia ser meu filho! 
Eu se todo mundo me dizia que podia ser divertido...que seria legal para ambos...quem era eu para discordar.

Mas, em algum ponto eu percebi, logo no começo, que eu não conseguiria engatar um relacionamento com ele. Ser retroalimentado pela sua jovialidade era legal, mas não era suficiente, eu precisava de alguém mais "pronto", com mais certezas, que tivesse mais experiências e mais condições de fazer suas escolhas. que foi mais ou menos o que pensei quando adotei uma criança um pouco mais velha. Mas deixei rolando, a tal da amizade colorida.
Até que, num momento de chamego, pouco antes de completarmos um mês que estávamos nos vendo, ele disse que me amava (sic), que eu era um cara incrível e que ele queria ter algo mais sério comigo! Que me amava! 
Na hora pensei: Que bosta! Cara, vc não tinha dito que não ia se envolver? mas é claro que não falei isto... Imaginem minha situação
Parei o que estávamos fazendo e eu, com a maior delicadeza possível, expliquei que eu realmente não podia dizer a mesma coisa, que ele era uma pessoa muito legal ( e é mesmo), mas que eu não podia assumir um relacionamento naquele momento, que eu tinha duvidado no lance da amizade colorida mas tinha aceitado porque ele disse que dava para fazer aquilo... e conversei, conversei....
Eu até pensei, mas não disse, que ele provavelmente estava confundindo o fato de achar legal ficar comigo e as coisas que fazíamos juntos com amor, mas eu não deixei me envolver, então não tinha como!

E eu, então , decidi dar um fim nesta estória. Levei ele em casa, nos despedimos, conversamos algumas vezes mais no telefone, eu me esquivei por vários dias de novos contatos pessoais, trocamos mensagens. Alguns dias depois eu chamei ele para conversar e expliquei que iriamos parar de nos ver por um tempo, que eu já estava fazendo ele sofrer e que eu não ia prorrogar aquilo, ele insistiu um pouco, argumentou que ele foi precipitado, que poderíamos retomar a "amizade colorida"...
Mas eu fui bem firme na minha decisão, ele chorou, eu me desculpei muitas vezes, e prometi ser seu amigo, confidente e conselheiro se precisasse, alguém para trocar ideias e dar palpites na vida profissional, levei ele em casa novamente.
Desde então não nos vimos mais, e fazem alguns meses que nem nos falamos mais, o que para mim sinaliza que ele superou o assunto e passou adiante...

Me senti um calhorda, por fazer aquele garoto sofrer, me senti um covarde, por não tentar levar adiante aquilo, me senti um cafajeste, por ter encantado e depois abandonado o cara. Podre

E você, já se sentiu assim? Me conta!