20 de dezembro de 2013

PAI - em busca de aceitação!

continuação de PAI


Quando eu entendi no que eu era "diferente" consolidou-se em mim a certeza de que eu não era amado porque não era aceito. Meu pai não gostava de mim porque eu era fresco, talvez até arrumadinho e efeminado para os padrões dele. 
O fato de me entender gay - e gostar muito mais das propagandas de cuecas das revistas Playboy que meu pai tinha escondidas em casa, do que das gostosonas nuas - me fez ter certeza que o errado era eu nesta relação, eu que era errado em ser gay e eu aceitei que meu pai não tinha "obrigação" de me amar porque eu era motivo de decepção e talvez vergonha para ele, para sua masculinidade.
E fui tocando minha vida, com a certeza no coração que não era amado por meu pai - e que a culpa era minha - mas sempre desejando de certa forma que as coisas fossem diferentes, desejando que eu pudesse contar com ele, conversar com ele. Trabalhava, estudava, mas sempre esperava uma palavra, uma frase : - parabéns pelo seu novo trabalho, parabéns pelo seu novo carro... já que para ele os bens materiais pareciam tão importantes. Mas isto nunca aconteceu. 
Há uns vinte e cinco anos atrás eu resolvi fazer uma outra tentativa de me aproximar, de certa forma a minha "anima" precisava disto - eu sempre, sempre, fui muito ligado nas questões de família. Eu resolvi largar minhas coisas, meu escritório,  e ir trabalhar com ele, a empresa que ele fundara estava crescendo e precisava de braços confiáveis, braços e mentes que se dedicassem não como empregados, mas como família. 
E trabalhei muito durante 20 anos, muito. Mas o esquema sempre foi o mesmo, nenhum reconhecimento, nenhum apoio direto, e o meu sofrimento em certo ponto virou raiva, desprezo. Comecei a desafiá-lo direta e abertamente. Com 30 anos eu sabia que tinha qualidades, sabia o que eu estava construindo, sabia do sucesso das coisas que tinha implantado e gerido, e também sabia de meus defeitos....

Neste período a Empresa cresceu muito, as "animas" dos meus irmãos também levaram eles a assumirem posições na empresa, e eu percebi mais claramente que a questão da "não atenção", de nunca sermos "suficientes", era também dirigida a meus irmãos. De sermos controlados mantendo a nossa auto-estima bem baixa...Ai assumi a posição do herói, eu tinha que defendê-los do "mal" e colocar o "mal" em seu lugar...

(continua  clique AQUI

4 comentários:

  1. Esse ano,quando comentva com uma amiga queé psicóloga sobre a relação entre minha filha e sua mãe, sobre as manipulações que a mãe estava fazendo e como eu me sentia responsável em proteger a filha, a amiga falou: "relação entre mão e filha é algo muito, muito profundo, que nem nós mesmas entendemos completamente. Tua filha vai ter de aprender quem é a mãe dela e a se relacionar com essa mãe".
    Do mesmo modo, relação entre pai e filho. Nossa, essas duas postagens tuas me fizeram pensar tanta coisa que terei de copiá-las, colá-las no word e comentar trecho a trecho. tu tocou num ponto muito profundo (talvez o mais) da identidade masculina. relação entre pai e filho é algo que nunca se esgota, e qeu não anda numa só direção: tem suas contradições, suas regiões de sombra... É todo um manancial. a homossexualidade entra aí como um complicador, na maioria das vezes, mas hoje em dia fico penando (na minha relação com meu pai) se não foi mais uma "desculpa", se não cumpriu uma função numa relação em que o problema é outro, mais clássico entre pai e filho: a dificuldade que o pai tem de ver que está surgindo outro homem na casa, outro candidato a "macho alpha", mais jovem, mais forte e mais "atualizado". Daí, quando ele é gay, isso a princípio incomoda, mas é uma garantia de que ele 'não é tão alpha assim". Enfim, aqui desenvolvi a de maneira tosca, depois elaboro melhor e posto. Aguardando a tua continuação. Abração!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Que honra receber uma visita tua no Cine Freud. Lembro-me que encontrei teu blog há muito tempo atrás e me identifiquei com as postagens. Porém, acabei perdendo o link daqui!

    A respeito deste post, também me identifiquei com a história. Acho que é um tema que deve ser sempre abordado com maestria, como você tem feito. Achei interessante a parte que você menciona a pro-atividade em querer-fazer algo como contribuição aos propósitos paternos. Super admiro, realmente!

    Quero ler a continuação também,
    Abraços

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  4. Anônimo11:42 PM

    Seguindo e esperando a continuação!
    bjs

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