31 de março de 2006

COM ou SEM?

Sei que este blog parece ter um caráter meio “virginal” e “pudico”, pois fala de adoção, de filhos, de relacionamentos e de amor. Tenho tentado sempre postar reflexões pessoais que eu considero importantes, deixando a parte da “baixaria” para alguns outros blogs (que eu leio diariamente! Risos!) ou para quando os blogueiros se encontram! (sic).
Mas, se falamos de homossexualidade não dá para colocar a sexualidade das pessoas em segundo plano, este também é um assunto sério! Afinal de contas as pessoas se preocupam mais com quem “fazemos amor” com QUEM AMAMOS!
Tanto que muitos admitem que a pessoa seja homossexual, desde que ela não pratique! As Igrejas mesmo, nos aceitam, aceitam os párocos gays, desde que eles não “façam aquilo”.
A questão é? COM ou SEM? COM preservativo ou SEM camisinha?
Ei! Não pare de ler não! Esta conversa vale tanto para heterossexuais quanto para homossexuais, as mulheres e crianças soropositivos espalhados pelo mundo contraíram o vírus porque alguém não “encapou o bilau”! Ou alguém que não exigiu que o cara o fizesse! Esta é a verdade!
Não vou fazer nenhuma apologia ao uso da camisinha, não sou do Ministério da Saúde nem médico, mas acho que é um assunto que merece ser discutido e pensado. Eu uso. Sou do tempo que se fazia sem “borracha”, coisa de uns 20 anos atrás, mas não tive problema nenhum em me adaptar, e não foi porque me preocupo somente com a AIDS, existem muitos outros “bichinhos” por ai...
Sei que tem muita gente que diz que não “gosta” ou não “se acostuma”. Outros que acham que fazer sexo sem preservativos é uma prova de amor e confiança. Que confiam em seus parceiros. Que se pedir para a pessoa usar ela vai desconfiar ou até vai querer encerrar o relacionamento por que sente que a outra pessoa não confia.
Tem também um grupo de “Libertários”, especialmente nos EUA, que defendem a pratica sexual sem proteção, o chamado bareback, pois acreditam que a disseminação de doenças sexualmente transmissíveis não é tão fácil assim e tem até uma visão que o governo, ao orientar e insistir que se usem preservativos nas relações, está “cerceando a liberdade das pessoas”.
Mesmo defendendo veementemente o direito e o livre arbítrio das pessoas, eu discordo dos barebackers, especialmente porque a AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis, são problemas de saúde publica, de orçamento público, por isto o Estado tem que tentar orientar.
Será que as pessoas lembram que os “instrumentos” utilizados nas praticas sexuais, (comece a lista com o pênis, a vagina e o anus) também tem outros usos? (risos)
Pode parecer que este é um assunto “horroroso” e que interessa tão somente aos homens, mas este é uma assunto que interessa ás mulheres também, pois as mulheres que lêem este blog tem filhos e filhas (ou terão), e todos tem amigos e amigas, irmãos e irmãs. Pessoas com as quais podemos conversar abertamente sobre isto.
Sei também que muitos pais e mães, leitores deste blog (o que muito me honra) tem sempre isto em mente quando ficam sabendo que seus filhos e filhas são homossexuais, infelizmente a associação de homossexualidade com promiscuidade é bem imediata! Eles se preocupam, talvez demais, mas tem motivos para isto!
E para você? COM ou SEM? Vamos fazer um “jogo da verdade”?

AMOR...


"O amor não se conjuga no passado: ou se ama para sempre, ou nunca se amou verdadeiramente."

30 de março de 2006

Pobres podem ter filhos?

Sei que o assunto pode parecer estranho, e até constrangedor, mas é uma reflexão que ás vezes me ocorre quando vejo certas criticas aos processos legais de adoção.
Para ler isto não esqueça que eu mesmo sou pai adotivo, ou seja, sou totalmente favorável á adoção como uma forma legitima de paternidade e maternidade. Mas vamos ao assunto espinhoso:
Sempre que ouço falar em adoção o mote é o mesmo, que as adoções devem ser agilizadas porque “a criança vai estar muito melhor que a nova família que tem mais condições que a família, ou mãe, biológica”.
Obviamente, neste argumento, as pessoas embutem, acesso á escola, que eles acham que a família de origem não vai se preocupar em fazer, mesmo numa escola publica; acesso á saúde, uma vez que as pessoas supõem que poder oferecer um convênio é muito melhor do que submeter a criança a um serviço publico de saúde,e também acesso a roupas, brinquedos, e uma família mais estruturada e suportiva.

Mas, reflita comigo, se usarmos como regra o argumento “a nova família tem mais condições que a antiga” passaremos a ter muitas crianças disponíveis para adoção. Muitas famílias urbanas, mesmo as mais simples, podem oferecer melhores condições (leia-se acesso á saúde e a educação) do que uma família num pequeno núcleo rural no interior do Piauí, onde a escola (publica e de baixa qualidade) está há muitos quilômetros de distância.
Está então legitimado que, em função deste argumento, 1 ou 2 dos sete filhos desta família do Piauí podem ser retirados e entregues á adoção – porque afinal de contas a mãe foi uma irresponsável em ter tantos filhos se não ia ter condições de cuidar deles – e esta nova família terá mais condições de criar melhor esta criança que a família de origem.

A adoção passa a ser então, encarada como solução das mazelas sociais do país, é isto? Este deve ser o objetivo da adoção?

Siga o raciocínio: pessoas que moram em favelas não devem ter filhos pois as crianças crescerão num ambiente de pobreza, em ambiente que as entidades sociais chamam “de risco”. Sse insistirem em ter filhos eles devem ser entregues para outras famílias “que terão melhores condições de cria-los”
Siga mais este, crianças nascidas em tribos indígenas devem ser entregues para famílias que moram nas cidades, pois nestas tribos elas não terão acesso á escola (crescerão ignorantes, sem saber por exemplo que foi Cabral quem descobriu o Brasil), nem irão aprender nada com a TV, e não terão acesso á saúde disponível nos hospitais (inclusive públicos) dos grandes centros.
Quer seguir mais raciocínios de crianças que devem ser entregues á adoção? Siga as crianças filhas de ciganos, de famílias acampadas dos movimentos sem terra, das famílias que moram em circos, também vamos resgatar as crianças que moram com seus pais em pequenas vilas de pescadores, de casais separados, de mães solteiras, de mães adolescentes, e, é obvio, de pais e mães que se descobrem homossexuais depois de terem filhos, será muito melhor para estas crianças que sejam criadas por outras famílias, que oferecerão melhores condições de vida...

Peguei pesado? Estou exagerando? Não estou não! Só que é difícil pensar nisto, é mais comum pensar nas pessoas que querem muito ter filhos versus as pessoas que julgamos não terem condições ou responsabilidades de criar filhos.

Mas será que aquela mãe que quer doar seu bebê, porque não se sente em condições de levar este projeto adiante, se tivesse um pequeno apoio não conseguiria mudar esta situação? Às vezes um emprego, ás vezes um psicólogo, ás vezes uma clinica de desintoxicação, ás vezes o apoio da família que ela não tem condições (muitas vezes financeiras) de ir procurar?

Dá para aquela pessoa que está adotando “á brasileira”, sem nenhum estudo ou acompanhamento de assistente social ou psicólogo, dizer que aquilo realmente é o melhor para a criança? Quem é que tentou ajudar esta mãe a ficar com a criança? Quem procurou outros parentes desta mãe biológica para propor que eles fiquem com a criança?

E quem pode te dizer que a família não está querendo um filho pelos “motivos errados”? Quais são os motivos errados? Lembro de uma dúzia deles bem fácil...Um filho para salvar um casamento, um filho para prender um marido, um filho para arranjar um irmãozinho para o outro filho brincar, um filho para “fazer bonito” para a sociedade, um filho para ser “normal”, um filho porque tem raiva de não conseguir engravidar, um filho para ter para quem deixar seus bens, um filho para ter alguém para cuidar de si na velhice, e até, se facilitarmos muito a adoção sem nenhum critério legal, filhos para receber o bolsa família e até filhos para serem levados e vendidos no exterior – e não fique horrorizado com isto! Isto acontece!
Ter filhos por motivos errados...e não pensem que as pessoas não tem filhos, biológicos inclusive, por estes motivos...

Quem sabe se a criança adotada sem os cuidados (morosos, enrolados, demorados, impessoais) que o judiciário toma serão realmente mais felizes? Concordar que o judiciário e os sistemas de abrigo e colocação de crianças em lares substitutos são falhos e lentos eu concordo! Mas deixar ao encargo de duas ou três pessoas decidirem isto sozinhas, sem experiência e sem nenhum critério técnico...não está certo.

Não fiquem chateados com estes argumentos, não sou psicólogo, não sou juiz, não sou assistente social, só sou um pai que acredita muito na adoção, mas eu acredito que a maneira certa de fazer isto é ter como foco a criança, o futuro da criança, e não sei se uma “tiazinha” de muita boa vontade e cheia de amor no coração, que acha uma família para uma criança de uma moça desesperada, é a pessoa certa para julgar e decidir isto.
Além do que, ter condições ou não de poder dar mais facilidades materiais para uma criança não é o melhor argumento, nem autoriza ninguém a” pegar o filho do outro para criar”, mesmo com muito amor no coração!

Desculpem , é o que penso! E você, concorda com estes argumentos?

29 de março de 2006

os filhos de cada um...

"As crianças acordaram! Sua vez!"

(em homenagem aos amigos Renato e Anderson)


O Processo de adoção (2)

Se de um lado temos a sistemática de liberação das crianças para adoção, do outro temos o processo de aprovação dos futuros pais. Mas quem pode adotar?
OS PAIS ADOTIVOS
Todo brasileiro, maior de idade, independente de seu estado civil (solteiros podem adotar), etnia, e teoricamente, orientação sexual, que tenha condições de criar uma criança (não estamos falando de pessoa rica), pode ser candidato a adoção , respeitando a diferença minima de 16 anos entre o adotante e o adotado.
A pessoa, ou casal, deve se dirigir a um fórum, ou vara de família, e fazer sua inscrição para participar do processo de habilitação para ser adotante. Serão marcadas entrevistas, o fórum irá pedir alguns documentos, alguns comprovantes, rendimentos, antecedentes, talvez algumas fotos de sua casa e sua família, nada muito complicado, coisas mínimas para que alguém possa ser avaliado como futuro guardião de uma criança.
As pessoas serão entrevistadas por uma assistente social, talvez uma psicóloga, um promotor de justiça, um juiz, isto varia um pouco de fórum para fórum, de cidade para cidade. E depois de alguns meses, semanas em alguns casos – vai depender muito em função do volume de solicitações do fórum – a pessoa será habilitada, receberá um documento que atesta que eles foram aprovados para serem pais ou mães adotivos.
O processo é bem tranqüilo, se bem que muita gente se incomoda em ter que “pedir autorização” para ter filhos, mas isto é o mínimo para alguém entregar o filho de uma pessoa para outro criar não é?
Isto não significa que todos serão aprovados, muitas vezes, nos processos, os técnicos do judiciário podem ter duvidas se realmente aquelas pessoas poderão trazer ganhos reais para as crianças, porque isto?
Porque tem gente que quer ter filhos pelas razões erradas! para salvar casamento, para segurar marido, para ter alguém que cuide dele na velhice, para fazer “bonito” ou qualquer outro motivo que seja diferente que vontade de ter filho e dar amor para a criança. E o judiciário tem que identificar isto, esta é a responsabilidade deles, perante a criança e perante a sociedade. Por isto, se você conhece alguém que está esperando há muitos anos para ser aprovado, para ser habilitado, pode ter certeza que alguma coisa foi identificada.
Mas tem que ser bem doido! Porque a maioria dos malucos “normais” são aprovados! Afinal de contas para ter filhos hoje em dia tem que ser meio doidinho não é?

A ESPERA
Depois deste tramite legal, de serem HABILITADOS para serem pais adotivos, começa o que os candidatos á adoção costumam chamar de “espera”.
Mas porque este período de espera é tão grande? Ou pelo menos parece tão grande?
Esta sensação, esta percepção do tempo, pode ser maior ou maior dependendo da estória deste casal ou pessoa que espera o filho.
Se um casal passou vários anos tentando ter filhos biológicos, fazendo inseminações, bebês de proveta, reza brava e mandinga e não conseguiu, e ainda passou alguns anos pensando se deveriam ou não adotar, é natural que quando decidem-se pela adoção estejam mais ansiosos talvez que um casal que já tem dois ou três filhos e opta pela adoção como uma outra forma de planejamento familiar.
Muitas pessoas pensam, ou sentem, que é injusto que eles, que querem dar um “lar para uma criança abandonada”, tenham que esperar um longo tempo para começar a construir sua família.
Além disto, o perfil da criança pretendida, etnia, sexo, estado de saúde, e outros aspectos desejados pelos futuros pais, podem ser um determinante no tempo de espera. Talvez você não saiba, mas a lista de CRIANÇAS QUE ESPERAM PARA SER ADOTADAS, é muito maior que a lista de pretendentes á adoção!
O problema é que as duas listas tem poucos denominadores em comum! Enquanto a lista de futuros pais procura “bebês de até seis meses, brancos, saudáveis do sexo feminino” , a lista das crianças que para as quais se busca uma família tem “ crianças acima de 3 anos, pardas ou negras, a maioria meninos ou grupos de irmãos”. Uma situação angustiante!
Não há porque negar o desejo, e o direito, legítimos a meu ver, de uma pessoa ter um filho de acordo com seus sonhos, de buscar isto, mas a situação acaba criando um paradoxo perverso. Não defendo com isto que devíamos fazer uma campanha para estimular a chamada adoção tardia (adoção de crianças maiores de 3 anos são consideradas adoções tardias), mesmo porque o brasileiro, ao contrário do que se pensa, é um povo muito aberto e amoroso e são feitas muitas adoções tardias todos os anos.
É uma questão que a sociedade e as autoridades, deviam enfrentar para tentar melhorar alguma coisa. Enfim, este é um dos motivos da espera, quando mais restritivo for o perfil pretendido pelo adotante, mais tempo demorará para se encontrar a criança desta família. Quem sabe se conseguíssemos acelerar os processos de destituição dos poderes familiares não teríamos menos crianças mais velhas nos abrigos esperando uma familia

Mas esta espera dos futuros pais adotivos, não precisa ser algo passivo, existem várias coisas que os futuros pais e mães podem fazer durante este período, tanto para se preparar para a chegada desta criança quanto para tentar encontrar seu futuro filho.
Para se preparar eu sugiro que os futuros pais leiam livros sobre adoção, sobre suas particularidades e se puderem, participem de um Grupo de Adoção, estes grupos, espalhados em várias cidades do Brasil, reúnem pais adotivos e pretendentes á adoção, para conversarem e discutirem temas importantes, como a melhor hora para contar para seu filho que ele é adotivo, quais podem ser as reações da criança, como enfrentar o ambiente escolar, e até mesmo tirar duvidas sobre questões legais conversando com outras pessoas.
Além disto, para tentar agilizar seu processo, os pais tem como encaminhar sua habilitação, o documento que os tornou aprovados para serem pais adotivos, para outras comarcas, fóruns, de outras cidades e outros estados, mesmo com o cadastro único, esta metodologia ajuda a ter mais gente conhecendo estes pais e ajudando a procura esta criança que eles querem, e muita gente tem sucesso com isto.
Eu só não recomendo que os futuros pais passem a visitar abrigos a procura de uma criança, muitas vezes eles vão sofrer por se encantarem por uma criança que não está liberada para ser adotada ou que existe uma outra pessoa indicada para ela. Já presenciei muitas pessoas sofrendo muito por isto.
Além disto existe a figura da adoção pronta, ou “in intuito persona” no linguajar jurídico, mas como este post ficou grande eu vou deixar para um próximo.

E você, o que faria para esperar?


- e se quer saber algo sobre as crianças que aguardam adoção leia o post de ontem!

28 de março de 2006

O Processo de adoção (1)

O processo de adoção tem dois braços bem distintos, que precisam se encontrar para que a adoção seja concretizada, de um lado existe a conclusão dos processos que envolvem as crianças e de outro existe a aprovação dos candidatos a serem pais ou mães adotivos. Mas de onde vem estas crianças?

Crianças para adoção:
São basicamente duas maneiras que levam uma criança a ser disponibilizada para adoção. Ou a criança (ou crianças) é entregue para a tutela do Estado pelo próprios pais, seja um bebê ou até criança mais velha, ou é o Estado que move um processo que visa destituir o poder familiar (antigamente chamado de pátrio poder) dos pais biológicos, em função de algum problema que impede que estas crianças fiquem com seus pais (pobreza extrema, maus tratos ou ate mesmo problemas de saúde, muitas vezes crinaçs que são apenas abandonadas)
E talvez este seja um detalhe que muita gente desconhece, as crianças adotadas sempre passam para a guarda do Estado (quando digo Estado estou me referindo á Justiça e aos demais órgãos públicos) antes de serem entregues aos pais adotivos.
A partir do momento que o Estado fica sabendo de uma mãe que não quer, ou não pode, ficar com seus filhos, o Estado assume basicamente duas atitudes. Primeiro, tentar prover recursos para que esta criança permaneça com sua família biológica, ás vezes tentando abrigar estas crianças temporariamente, ás vezes buscando emprego ou moradia através dos serviços de assistência social ou ONGs que trabalham com inclusão social e reintegração familiar.
Em outra direção, o Estado passa a procurar outro membro desta família, que podem ser avós, tios, irmãos ou até mesmo parentes de segundo grau, que possam assumir a guarda desta criança.
Mas porque o Estado faz isto? O Estado entende, corretamente a meu ver, que a melhor solução para a criança é que ela permaneça em sua família de origem, onde sua história e laços familiares sejam preservados. Só depois de esgotadas estas possibilidades é que a adoção desta criança passa ser a alternativa para garantir a esta criança um vida melhor do que a provida pelos abrigos (antigamente conhecidos como orfanatos) em que elas ficarão se não tiverem uma nova família.
A questão, que muita gente critica com razão, é que os meandros da burocracia estatal faz com que esta reintegração familiar ou busca de outros parentes que possam acolher as crianças, demore mais tempo do que seria aceitável, deixando com que as crianças “envelheçam” nos abrigos.
Como isto acontece? Primeiro é marcada uma entrevista com a assistente social com esta mãe, muitas vezes com prazos de semanas, se a mãe que perdeu a guarda da criança não comparece, o Juiz manda um ofício para que ela seja intimada, ai correm mais semanas até que a mãe seja encontrada ás vezes.
A mãe, ou pai, na audiência, diz que vai tentar resolver seus problemas para ficar com o filho, e o Juiz dá um prazo para que ele faça isto, e marca uma nova audiência, para que a pessoa possa provar que tomou as providências. Se estes pais não aparecerem na audiência, ai correm mais semanas para os pais serem encontrados e re-convocados.
Este processo,que você já percebeu pode ser bem longo, demora para finalizar. Ai o Estado passa a buscar os parentes, uma avó em outro estado precisa ser convocada, e ouvida pelo Juiz deste outro estado, mais semanas, ai, se a avó se recusa a ficar com a guarda da criança, procuram-se outros parentes, em outros locais, e mais semanas, e mais semanas.
Pela descrição que fiz pode parecer que todo este processo é inútil, mas não é, muitas famílias são reintegradas e muitas crianças acabam ficando sob a tutela de outros parentes, o que é muito bom, todos sabemos disto.
Porém, para um outro número grande de crianças, nada disso surte efeito, e quando estas possibilidades se esgotam, estas crianças são disponibilizadas para adoção, seus nomes e características são colocados num cadastro nacional que é constantemente comparado com a lista dos adotantes, buscando uma família para estas crianças.
Ao buscar uma família para estas crianças o Estado ainda leva vários fatores em consideração, mas principalmente se a adoção vislumbra uma possibilidade de um ganho real para a criança, coisa que muitas vezes só é conseguida com adoções internacionais, já que é muito difícil colocar numa família substituta uma criança que tenha algum problema de saúde ou até mesmo grupos de irmãos, pois sempre que pode o Estado prefere manter os irmãos juntos.
Tenho certeza que as pessoas que são os agentes destes processos; psicólogos e assistentes sociais, juizes e procuradores, pessoal dos abrigos e ONGs, não economizam esforços para que este processo seja rápido, pois eles mesmos sabem que quanto menos tempo as crianças ficarem num abrigo, ficarem longe de uma família,melhor será.
Considero injusto quando as pessoas criticam este processo sem conhecer, sem entender a necessidade destas etapas todas, pois a responsabilidade de se tirar uma criança de sua família biológica e entregar para uma outra família, precisa de algumas etapas e algumas garantias.
Concordo, o judiciário é moroso, o Estado acaba engolindo nas suas engrenagens crianças que são conhecidas apenas como números de processos, sei, como pai, que , um dia, um mês, uma ano, podem fazer muita diferença enorme no desenvolvimento de uma criança. Mas todos os outros anos desta criança em sua nova família podem valer a espera,com certeza!
Acho até que os processos de liberação das crianças poderiam ser mais rápidos, do mesmo jeito que acho que o Estado também poderia prover mais recursos para que as famílias biológicas conseguissem ficar com seus filhos. Não vamos nos enganar, por trás de todo este processo o que fica evidente é a miséria, a pobreza, a falta de acesso á saúde e educação de qualidade de grande parte da população!
E isto me deixa meio bravo! E você como se sente em relação a isto?

27 de março de 2006

Vote pela União Civil

Recebi esta dica da Irina, presidente da INOVA. Entre nosite e vote do lado direito da página da SPEAK UP, vamos ganhar de goleada!

"Há uma matéria no site da revista SPEAK UP sobre a união civil aprovada na inglaterra e tambem uma enquete sobre o assunto, por eqnaunto o resultado é:
aprovo totalmente - 52,46%
aprovo com restrições - 6,38%
indiferente - 8,46%
desaprovo, com exceções - 2,59%
desaprovo totalmente - 30,11%
total de votos: 1159

Estamos ganhando, mas é sempre bom, garantir maisvotos, abaixo o link para quem quiser ler a matéria e particpar da enquete.
entre no site: http://www2.uol.com.br/speakup/stories_b/index.shtml
Abraços,Irina"

26 de março de 2006

Ultimas notícias

nem tão últimas assim...

Encontro de blogueiros
Foi muito bom, foi ótimo, o encontro de alguns blogueiros, seus amigos e namorados, neste sábado. Conversamos e rimos durante horas, até a madrugada! Obrigado pessoal!
Estavam presentes Marcus, Marcelo, Kadu, Renato, Ale, Rogério, Rildo e Fábio.
O destaque, além da “globeleza” que se encantou por um dos participantes, talvez o mais bofinho, ficou por conta do “jogo da verdade” com temática sexual que rolou...
Especialmente engraçado porque alguns, que se conheciam á mais tempo, resolveram fazer uma “lavada básica de roupa suja” e esmiuçar detalhadamente alguns aspectos da vida sexual de seus amigos (sic)!
A seriedade deste blog me impede de transcrever as perguntas que circularam na mesa, a maioria delas classificada como XXXRATED! Notaram a camiseta do personagem central na ilustração? Será alguma referência a alguma personalidade presente ao encontro? rsrsrs

Marcus, parabéns pela iniciativa! Vamos repetir em breve ok?
Só um recadinho triste para o Marcus...li hoje na BBC que a Irlanda aprovou uma lei que proíbe as pessoas de fumarem em lugares públicos, inclusive pubs... O próximo encontro vai ter que ser em lugar aberto!

CONEXÃO !
A atualização tardia do blog nestes últimos dias foi um “patrocínio” do meu provedor, a NEOVIA, que há mais de 5 dias tenta resolver um problema que apareceu, em toda a região diga-se de passagem, e só consegue dizer “ o problema será solucionado em 12 horas”. No final resolvi fazer uma conexão discada para não continuar me sentindo isolado do mundo! ...quem mandou eu querer combater o “imperialismo” espanhol e não assinar o Speedy!

24 de março de 2006

adoção (in advance)

O post sobre adoção "á brasileira" rendeu muitos desdobramentos. As pessoas que opiniram, no blog ou pelo e-mail, levantaram vários pontos de vista, obrigado a todos!
Em função disto estou preparando um post tentando esclarecer o que sei sobre estes vários aspectos.
Estou avisando adiantado pois tem gente que achou que eu esqueci do assunto (risos) . É que normalmente eu coloco um artigo falando sobre coisas mais sérias num dia e outro sobre amenidades no outro, para não ficar um blog muito "pretencioso".

Encontro de Blogueiros

Neste sábado, dia 25, alguns blogueiros estão combinando de se encontrar no O´MALEYS, um típico pub irlandes, em São Paulo
Quem está organizando é o Marcus do blog MINHA VIDA NESTE CORPO, se você quiser participar entre em contato com ele no http://marcao72.zip.net
E mesmo que você não é blogueiro, mas é leitor de blogs, sinta-se á vontade para participar!

23 de março de 2006

“á brasileira”

Aproveitando minha rabugice – mais do que justificada – em relação ao “jeitinho brasileiro”, queria falar de um outro termo, cuja origem é muito parecida, e é amplamente utilizado: a chamada adoção "á brasileira”.
A adoção “á brasileira” é aquela na qual a pessoa, ou o casal, que vai adotar uma criança, não se utiliza dos tramites legais para o processo.
O que normalmente acontece é que a pessoa que quer adotar fica sabendo de uma moça – no interior de Minas ou numa cidadezinha de Santa Catarina – que quer “doar” um bebê, o adotante vai até lá, conhece a mãe da criança e a criança e, se tudo está em ordem, (leia-se criança bonita e saudável e mãe bem coitadinha), o casal simplesmente vai até o cartório e registra a criança em seu nome, como se fosse seu filho biológico.
Esta informação, de que existe uma criança “disponível” para adoção, chega na maioria das vezes através de pessoas bem intencionadas, que querem muitas vezes ajudar a família que quer ter um filho ou a própria criança.
O que é ruim é isto ser conhecido como adoção “á brasileira”? Será que as pessoas fazem isto na Suécia e chamam isto de adoção “á sueca”?
Na Suécia não sei se fazem, mas na Namíbia, na Índia e na Venezuela devem fazer..e você sabe porque não é?
O problema... o problema é que isto é totalmente ilegal! Trata-se de falsidade ideológica – uma vez que mentem ao dizer que são pais biológicos da criança – e, muitas vezes, abuso de poder econômico, pois a mãe é “pobrinha” e os adotantes estão em melhores condições.
Além disto, dos problemas legais, estabelece-se uma relação de “mentiras” com este filho desde o primeiro momento!
Para estes pais será muito mais difícil falar das origens desta criança – se é que um dia pretendem fazer isto – e sempre, sempre, irá pairar esta nuvem da mentira nas suas cabeças: o medo que a mãe biológica reapareça e queira a criança de volta, o medo que alguém da família conte a verdade, o medo que a criança, ou o adolescente– o que é muuuuuuito pior – , descubra isto, e todos sofram muito!
Tudo por conta do nosso “jeitinho”, da nossa “malemolência”, e “ginga”...que nos outorga o direito de, se for por um bom motivo, não ter que seguir todas as leis!

E se você vai argumentar que adotar uma criança oficialmente é muito difícil, demorado e complicado, eu prometo fazer um post especial sobre isto! Mas não fique repetindo o que todo mundo fala sem saber!
Mas vamos combinar! Vamos chamar de adoção ILEGAL o que insistem em chamar de adoção “á brasileira”!

E você? O que acha da "adoção á brasileira"?

22 de março de 2006

uma cuequinha nova!

Ah! este assunto não tem nada a ver com a seriedade (sic) deste blog, mas não resisti...
Sabe aquela camiseta que vc adora! Que te lembra um show que adorou ou uma viagem?
Mas que já esta meio feia para usar?
Pois bem! Tem uma empresa que se propõe a transformar sua camiseta favorita numa cuequinha!
Eu mereço?

Fala ai! Quantas camisetas suas vai deixar separado para isto?

21 de março de 2006

jeitinho brasileiro!

Ontem eu fiquei puto com a declaração de um diretor da policia federal, explicando para os jornalistas porque demoraram a iniciar as investigações para saber quem, dentro da policia federal, tinha vasculhado as contas do já celebre caseiro Francenildo, que trabalhava na casa conhecida como "republica de ribeirão"):
"- Meus caros, isto aqui é Brasil, você esta querendo o quê?"

Olha, eu já estou cansado desta estoria de "jeitinho brasileiro", cansado de ouvir o Presidente falar que todo mundo roubava antes dele, das pessoas sempre quererem te subornar ou levar uma vantagem, cansado de juiz defender o emprego da família, cansado de ver dinheiro desviado do INSS, do IBAMA, e cansado de ver o dinheiro dos ministérios serem usados para financiar programa de videogame do filho do Presidente.

O ministério do comercio, Itamaraty e o "escambau", espalham pelo mundo inteiro fotos das mulheres brasileiras de bunda de fora na praia e peito de fora no carnaval, e agora tem que montar programas, como nosso dinheiro, para combater o "turismo sexual". Fala sério!

O que poderia ser bonito no nosso aclamado "jeitinho", a tolerância racial e social, a democracia morena, cai por terra cada vez que 3 pitboys espancam umas "bibinhas" na praia!

Eu acho que a proxima campanha que devemos fazer é para acabar com o tal "jeitinho brasileiro" isto só nos traz desgraça e infelicidade! E somos muito mal vistos no mundo inteiro por conta disto, não somos confiáveis, não exportamos tecnologias, somos uma piada em Davos E no Forum Social!

ABAIXO O JEITINHO BRASILEIRO!

Aliás, eu conheço uma piada, que serve para ilustrar um pouco este famigerado "jeitinho"...

" O cara morreu, e como era um cara ruim, foi parar no inferno. Chegando no inferno um cara na portaria(*) pergunta:
- O senhor vai escoher o Inferno Brasileiro ou o Inferno Americano?
- Mas eu nunca ouvi falar que tinha dois tipos de inferno? Qual é a diferença? - perguntou o recém chegado.
- No Inferno Brasileiro o Sr. tem que comer 1 lata de merda toda dia, durante toda a eternidade.
- E no Americano?
- O Sr. come 10 latas de merda logo que entra e não precisa comer mais durante toda a eternidade.
- Bom - pensou durante uns segundos - acho que é mais vantagem o Inferno Americano, só se sofre uma vez!
Mas quando ele entrou, ele viu que a fila para entrar no Inferno Brasileiro era enorme, enquanto a fila do Inferno Amerciano era quase inexistente. Curioso, ele achou que havia entendido algo errado, e foi perguntar para um que estava na fila do Inferno Brasileiro.
- Meu amigo, não é muito melhor o Inferno Americano? Você come só 10 latas de merda quando entra ao invés de ter que comer 1 lata pelo resto da eternidade!
O cara que estava da fila olhou para o recèm-chegado com aquela cara de "você não está entendendo!" e disse:
- Meu amigo...isto é o Inferno Brasileiro...um dia falta lata, outro dia falta merda, um dia esquecem de distribuir, outro dia vc fura a fila...vc pode ficar a eternidade aqui que nunca vai comer nem uma unica latinha!"

*...apenas para ilustrar...a portaria do inferno é terceirizada...e o contrato é controlado pela Camara dos Deputados

E você, já teve sua experiência no Inferno Brasileiro? Isto também te deixa indignado?

Que tal esta campanha?

"Nascido gay, siga o arco-iris, nascido hétero se recuse a odiar"
é bonitinho...mas só rima em inglês!

20 de março de 2006

[si´umi]*

*No alemão dizemos EIFERSUCHT, em espanhol ENVIDIA, em italiano GELOSIA, em francês JALUOSIE, em inglês JEALOUSY e em português: CIÚME.

Ciúmes é naturalmente um assunto BIPOLAR, ou você é a pessoa que sente ciúmes ou você é a pessoa que é a vitima do ciumento! (risos)
Eu, confesso, sou do grupo vitimizado! Sou vitima de um ciumento! ...apesar que ele merece um elogio sincero, pois melhorou muito ao longo dos anos!

Sei de estórias escabrosas de ciúmes, que culminam em “caras amarradas” e até “quebra-paus” homéricos. Acho que se montasse um BLOG DO CIUMES ele ia ter mais visitação que o Diego Mainardi!
Pelo que entendo o que gera o ciúmes são dois sentimentos que assolam o ciumento – o sentimento de posse e a falta de segurança. Estas duas coisas se somam, depois são multiplicados pela cara de “o que está acontecendo” da vítima e triplicados pelas “explicações esfarrapadas” que o ciumento acha que estamos dando...e se alguém rir em volta ...multiplique tudo isso por 10!

Mas porque a pessoa que nos ama não confia na gente, não confia no nosso amor, não confia na nossa fidelidade - e ai pode incluir o ciúmes entre pais e filhos, entre irmãos e até ciúmes de amigos!, Até Deus, no antigo testamento, fala que se o seu “povo” adorar outros deuses ele se “vingará até do bisneto pois é um Deus ciumento”!

Eu ate sei que os cimentos também sofrem, especialmente depois da “ressaca” de um ataque violento de ciúmes, e até sofrem calados quando algo lhes causa ciúmes e eles preferem não se manifestar... Pena que não se lembrem disto na hora do próximo ataque!

Amar um ciumento é muito difícil, muitas vezes você deve se manter em estado de “alerta” para não gerar situações que gerem o stress do ciúmes, ou então ficar brigando, exigindo que a pessoa confie em você, mas na realidade existe uma combinação destes dois fatores.

Tinha que ter uma pílula para curar o ciumento...se bem que o argumento deles é que os que querem “pular a cerca” iam adorar!

Ah! Não dá para falar deste assunto sem citar o ULTRAJE a RIGOR e seu hino ao ciúmes!
Eu quero levar uma vida moderninha
Deixar minha menininha sair sozinha
Não ser machista e não bancar o possessivo
Ser mais seguro e não ser tão impulsivo
Meu bem me deixa sempre muito à vontade
Ela me diz que é muito bom ter liberdade
Que não há mal nenhum em ter outra amizade
E que brigar por isso é muita crueldade
Mas eu me mordo de ciúme
Mas eu me mordo de ciúme

E você? De qual lado da mesa está? Conte sua estória!

18 de março de 2006

Argumentos contra o casamento.


1. Eles disseram que nosso união era anti-natural, que destruiria a sagrada instituição do casamento!
2. Eles disseram que o próximo passo seria legalizar o incesto e a bestialidade!
3. Eles disseram que o nosso amor não poderia produzir uma familia normal e saudável!
4. Mas eu me casei com sua mãe do mesmo jeito!

Dá o que pensar não?

Você sabia?

" A gente só sabe bem o que não entende"

(João Guimarães Rosa, escritor)

17 de março de 2006

simplesmente um luxo !

Somente ontem li a notícia que o Athayde Patrese tinha morrido, você ficou sabendo? Veja oque saiu no UOL online:

"O apresentador de TV e colunista social Athayde Patrese, 64, morreu por volta das 22h de sexta-feira passada, na Clínica de Nefrologia Santa Rita, na Vila Mariana, zona sul de São Paulo. Ele sofreu uma arritmia cardíaca logo após terminar uma sessão de hemodiálise, processo de filtragem e depuração do sangue por meio de uma máquina.
Segundo um amigo da família, Patrese possuía apenas um dos rins, depois de ter doado o outro a um de seus filhos, Marcos. Com o tempo, o órgão que restou começou a apresentar problemas e Patrese teve de iniciar o tratamento de hemodiálise.
Patrese se dedicava à cobertura do mundo das celebridades e ficou conhecido por utilizar um microfone de ouro e pelo bordão "Simplesmente um luxo". No SBT, apresentou o programa "Ricos e Famosos" e atualmente ia ao ar pelas TVs Comunitária (UHF) e Milênio (TVA) com o programa "Athayde Patrese, o Repórter".Além de Marcos, o apresentador tinha outros quatro filhos: Ricardo, Athayde, Débora e Patrícia"

Talvez vc esteja estranhando eu ter destacado esta notícia, talvez até pense que eu era um fã ou que sou assinante da revista CARAS... e também não foi aquele lindo microfone dourado que me fará ter saudades dele...
A notícia, embora não seja fundamental para entender a desfaçatez com que os políticos encobrem as falcatruas de seus pares, me fez refletir sobre duas coisas: Primeiro, como podemos ter uma imagem ás vezes distorcida e unilateral sobre as pessoas, e depois, sobre os sentimentos de paternidade em si.
Para mim, o Atahyde Patreze era um fútil, que com este papo de falar de lanchas de 2 milhões de reais e peruas plastificadas, disfarçava uma inveja de coisa que ele não tinha. Aliás, ele tinha um jeito de corrupto, com o cabelo assentada e jeito de falar todas as vogais corretamente. Ou seja, eu sou um estúpido, esquecendo que todo mundo tem família, filhos, uma estoria de vida! Eu achava que o car era o que ele representava! Mais ou menos como as "gutchas" que brigam na rua com as atrizes ou atores que representam os "maus" das novelas!
OU, na realidade, fazendo como as pessoas fazem com os homossexuais, achando que a unica coisa que somos é isto, homossexuais! Eu estava reproduzindo preconceitos e ideias pré-concebidas que tanto luto para mudar! Que idiota!

O outro assunto que refleti, talvez com mais força ainda, foi o sentimento de "ser pai".
Ele doou o rim para o filho e morreu justamente por isto! E sei que muitos pais e mães não exitariam em dar "um pedaço deles" para os filhos, mesmo que corressem risco de vida com isto!
Acho que esta pode ser uma boa definição dos sentimentos que nos regem quando assumimos a maternidade ou paternidade, este sentimento de viver pelo outro, para o outro, para o filho, para a filha, e vcs sabem que muitos pais biologicos não assumem isto, não é uma coisa natural, tem que ser construida.
Ficar aliviado por ver seu filho dormir depois de uma noite tossindo ou vomitando... Ou, em casos mais graves, sair do hospital com seu filho depois de um acidente ou uma internação. O sentimento de alegria que nos toma o coração nestas horas é indescritivel. É alegria plena.
Sei que o Marcos, filho do Athayde, talvez se sinta um pouco culpado por ter, indiretamente, causado a morte do pai, Marcos, não pense assim, se você for pai vc vai entender exatamente o que seu pai sentiu quando pode fazer isto por vc!
Minha homenagem portanto ao Athayde Patreze! Seu gesto foi "simplesmente um luxo"!

E vc? Por quem faria tal gesto?

O Pinto pia!

"Quanta coisa tem debaixo do pano e os bispos sabem que eu sei...Como Pinto levantou as asinhas, eles estão incomodados. A saída é dizer que estou com distúrbio mental"
(José Pinto, o padre bailarino baiano afastado de sua paróquia
por dançar travestido durante a missa
- citado pela Revista VEJA-)

16 de março de 2006

CONFLITOS...outras visões


Lembram o post em que estava refletindo sobre os conflitos nos relacionamentos? Teve um monte de gente que escreveu, nos "comentários" ou por email, e tinha opiniões tão interessantes que eu queria dividir com voces:

"Como vc, eu tbm já passei por essa situação, os conflitos nem sempre querem dizer falta de afeto, sequer desrespeito. Divergir nas opiniões é muito rico.
Adolescente tem muita dificuldade de entender essas diferenças. Adolescente acha que discordar é o mesmo que rejeitar. Evidentemente desde que não sejam eles que discordam.
Creio que o amadurecimento nas relações passa necessariamente por esta comprensão, afinal de contas o outro não é nosso clone."


"Sabe este assunto me pegou fundo? No inicio de meu relacionamento...eu tinha a falsa ilusão de que, como era completamente apaixonada por ela nós não teriamos dificuldades uma com a outra...bastava nós duas "contra o mundo"....rs rs....aprendi levando muita rasteira da vida que divergir uma da outra era tão natural como nos amar, esta "visão poetica" do amor, foi trocada pela visão, de que ao ouvir uma opinião diferente se aprende muito, se abre muito para a vida...etá caminhada trabalhosa, mas que hoje nos coloca de uma forma mais livre uma com a outra, sem a farsa de ter que concordar com tudo que a outra diz, só para não perde-la....."

"Antes de tudo acho que temos que saber como nos relacionar. Aprender a aceitar qualidades e defeitos do outro, baixar a cabeça quando estivermos errado, saber assumir que errou, engolir o ego. Claro, isso tudo é complicado, relacionamento é complicado. Ou somos nós que complicamos? "


" O grande segredo é aprender a tolerância. A inexistência de conflitos é impossível. O segredo é aprender a respeitar, tolerar o outro"

"Fala sério! Acho que o conflito é a tônica do aperfeiçoamento de um relacionamento! Sabe, namorei dois anos com um cara que era perfeito! Tudo que eu gostava, agradava a ele! E parecia que ele só escolhia programas que me agradavam! Ele era um doce! Tudo de bom! Cordato e pacífico...Além de eu ter terminado com ele umas 3 vezes, durante esses dois anos, no final, não aguentava mais tanta perfeição!!!! A relação estagnou de uma tal forma que eu estava me sentindo sufocado! Como um peixe em água lodosa!!!Tem que ter movimento! Tá certo que nem tanto que as águas se tornem revoltas, mas apenas o necessário pra promover a oxigenação da água!!! Quer saber a minha opinião? Eu acho que gênios parecidos são muito mais difíceis de se entenderem!!! Ainda mais quando os dois são cabeças duras!!Hauhauhau!Mas o AMOR vence sempre onde as palavras falham!!!"

"Conflitos movimentam o mundo... e se vividos com amor, pode-se chegar a um caminho bacana... ruim é quando os conflitos pessoais são vivenciados de uma maneira tão isolada que impedem que a pessoa possa partilhar a vida com outras...

" Não tenho um relacionamento afetivo, mas família e amigos sim. Falando de relaçoes amorosas, mais especificamente, o lance é que estamos na era do Fast Food, dos descartável e das "milhões de opções", ao menor sinal de conflito muitos já desisitem e partem para outra, pois existem tantas opções de pessoas né? Pois sim... pessoas existem aos milhares, mas aquelas que combinam conosco, nos despertam um sentimento real. são poucas . Vejo muita gente ficando, namorando por namorar, sem existir algo maior, talvez porque não acreditem serem capazes de amar/serem amadas. O importante é estar e ser visto com alguém, ter alguém a tiracolo para não se sentir só, ás vezes não importando quem seja, alguém para nos fazer esquecer de resolvermos nossos próprios problemas, de nos autoconhecermos, para ocupar espaço.
Claro, relacionamentos assim frouxos acabam na primeira briga. Sabe, pra mim quero resgatar o verdadeiro, o sentimento, e enquanto não acontece de encontrar um cara que me balance, procuro me conhecer mais. amar mais e me aprimorar."

"A palavra conflito e quase o sobrenome do meu namoro. E quase uma comedia pastelao, de tanto barraco"

"Eu somente consigo enxergar um relacionamento de 9 anos sem conflitos de um único jeito: Um dos integrantes está em coma!! Meu namorado e eu somos duas pessoas com carater forte, então os conflitos são naturais. Como vc bem fala, eu sou desse tipo de pessoa que entra em conflito com ele mesmo, então, como não entrar em conflito com as pessoas que amo? Conflitos são naturais. Mas nunca se deve perder o respeito ao outro. Quando isso acontece, acho que o conflito não tem solução."

Interessantes pontos de vista não? E você, em qual destas idéias se encaixa?

15 de março de 2006

Lista de compras


Circulou na net e em alguns blogs, um brincadeira criativa e engraçada, que mostrava como tinha “evoluído” a lista de suprimentos do acampamento do Jack e do Ennis. Lembra como enjoaram do feijão?
Eu queria copiar e colar aqui mas não me lembro mais onde li...Era algo mais ou menos assim:

Lista de suprimentos para o acampamento

1ª. Semana
- Feijão
- Bacon
- Carne de sol
- Sal
- Whisky

2ª. Semana
- Feijão
- Bacon
- Carne de sol
- Sal
- Whisky

3ª. Semana
- Lentilhas
- Azeite
- Carne de sol
- Sal
- Whisky

...

5ª. Semana
- Arroz
- Bifes
- Orégano
- Cebolas
- Azeite de Oliva
- Vinho Branco
- Pêssego em caldas

...
...

8ª. Semana
- Escalopes de Filet Mingnon (cortados finos)
- Astragão e Tomilho– (desidratado)
- Arroz parabolizado (Uncle Beans)
- Curry
- Endivias
- Croutons
- Aceto Balsâmico (italiano)
- Proseco (ou outro espumante)
- Tâmaras e figos desidratados
- Duas Taças
- Castiçal e velas
- CD da Ennya
- KY
- 1 algema

14 de março de 2006

CONFLITO ZERO

Talvez uma das maiores dificuldades de se estabelecer um relacionamento duradouro sejam os conflitos que surgem, a tal “incompatibilidade de gênios”!
Na minha opinião, não existe vida sem conflito! Você e seus pais não concordam o tempo todo, você e seus irmãos não concordam o tempo todo, você e seus amigos não concordam o tempo todo...porque com alguém que você pretende viver uma vida junto seria diferente?
Conflito não precisa ser algo ruim, nós mesmos vivemos conflitos internos, que fazem até com que ás vezes queiramos nos separar de nós mesmos!

A diferença é que num relacionamento (pais-filhos, amigos, irmãos, amantes) as coisas estão dando certo quando o AMOR, a vontade de ficar juntos, é maior que qualquer um destes conflitos.
Duas pessoas que se amam, que estão construindo uma vida juntos, podem discordar, podem defender diferentes pontos de vista, e não precisam ter um acordo em comum em relação a tudo, só em relação ás coisas principais.

Na realidade não são os conflitos que atrapalham os relacionamentos, mas sim a dificuldade de lidar com estas divergências, em administração existe uma disciplina, fundamental para quem trabalha com outras pessoas, que se chama “resolução de conflitos”.
Ou seja, os conflitos sempre existirão, precisamos aprender a lidar com eles.

Mas muitas pessoas, que sempre imaginaram que um relacionamento seria uma conjunção perfeita entre duas almas, entre duas pessoas que tem sintonia total, sem nenhuma percalço, assustam-se quando vivenciam conflitos em seus relacionamentos.
E estas pessoas, que tem uma forma idealizada de relacionamento, acabam frustradas, elas acham que o sentimento de AMOR não conseguirá ser mais forte que os ajustes que devem ser feitos para a construção de um relacionamento.
E muitas vezes estas pessoas se assustam, se fecham, e começam a achar que um relacionamento não é algo possível.
Mas, também é importante não se enganar, muitas vezes estes conflitos mal resolvidos (ou até impossíveis de serem resolvidos) impossibilitam a construção de um relacionamento.

E você, vivencia conflitos em seu relacionamento?

13 de março de 2006

Para que serve a CONFIANÇA?

" A confiança dá à conversa mais conteúdo do que a inteligência "
(Confúcio, filosofo chinês)

12 de março de 2006

...como nossos pais...

Esta estrofe, de uma música muito marcante interpretada pela Elis Regina, ficou martelando na minha cabeça desde ontem, quando participei do lançamento da Associação Brasileira da Pais de Homossexuais – GPH.
Como você já deve saber, já há algum tempo eu mudei meu “status” social... pois ao ter filhos deixamos de ser “filhos de fulano” e passamos a ser “PAIs DE FULANO”, e esta é uma mudança muuuuito significativa. E, sendo pai, a presença de todos aqueles pais e mães que participam do Grupo de Pais (e mães) de Homossexuais, naquela reunião, me emocionou muito, pois era nitidamente um gesto de amor dos pais em relação a seus filhos.
Porque, temos que reconhecer, não deve ser fácil para um pai ou mãe saber que seu filho é homossexual! Não tenho dúvida que, desde a descoberta deste fato, até o momento em que você encontra os pais e mães convivendo com seus filhos, amigos e companheiros, a força que move este processo é o amor!
Tá bom, escrevamos com letra maiúscula! AMOR!
Não sou especialista, mas acho que dá para imaginar os sentimentos que assomam os pais quando descobrem esta “novidade” sobre seus filhos.
A maioria se surpreende e não acredita – o que vai contra a velha lenda de que “pai e mãe sempre sabem”. Por mais sinais que os filhos e filhas achem que dão, por mais pistas , eles não percebem, ou preferem não perceber, o que não importa muito.
Depois os pais ficam querendo entender como isto foi acontecer!!! Eles acham que erraram em algum coisa, que se o pai não fosse tão distante e talvez a mãe tão dominadora, ou que se tivessem feito o menino praticar mais esporte ou a menina feito balé, tudo teria sido diferente.
Alguns culpam a namorada ou namorado de seu filho, que teriam “desviado” suas crianças do caminho “normal”, outros tentam cercear a liberdade do filho ou da filha, achando que se prende-los em casa ou cortar as amizades “erradas”, eles superarão esta fase...sim, existem pais que preferem entender que é apenas uma fase, ou uma rebeldia juvenil, que é uma “malcriação” mais elaborada.
Outros pais até entendem isto rápido, mas as conseqüências disto, a homossexualidade de sua criança, assustam mais ainda, imaginam que seus filhos serão perseguidos e discriminados, que nunca terão uma família e filhos, imaginam que seus filhos serão mais suscetíveis ás doenças de transmissão sexual, imaginam que seus filhos vão morrer sozinhos, imaginam que terão que explicar muitas coisas para seus amigos e amigas...
Mas o AMOR, este danado, faz eles entenderem, com o tempo, que esta é apenas UMA faceta de seu filho, uma CARACTERÍSTICA de sua filha! Demoram um tempo para perceber que seu filho é honesto, trabalhador, carinhoso, homossexual, inteligente, bem humorado, e... tem medo de avião.
Talvez uns poucos pais e mães já estejam preparados, ou aceitem e entendam tudo muito mais fácil e rápido, isto também acontece, mas talvez estes outros, que passam por um processo de entendimento, de maturação, mais longo, consigam entender melhor ainda seus filhos e sejam a prova do AMOR que trabalha!
Já os filhos e filhas ficam ás vezes muito magoados com as reações de seus pais, eles esquecem que eles mesmos passaram por processos longos, ou sofridos, antes de entenderem e se aceitarem como homossexuais, e, mesmo eles tendo passado por isto, não conseguem entender como aquele “amor incondicional” que eles sempre ouviram falar que os pais sentem, seus próprios pais não conseguem praticar!
Talvez o dia que eles forem pais e mães, talvez entendam...
Só sei que não é fácil para os dois lados envolvidos! Tanto para pais quanto para filhos!
E com você? Você é pai ou mãe, você é filho? Como isto te afeta?

(na placa que ilustra este texto está escrito "Nossos filhos são ótimos, do jeito que são!")


11 de março de 2006

Pais e Mães de Homossexuais

Neste sábado, agora á pouco aliás, participei de um momento muito significativo, a fundação de mais um grupo da sociedade civil que vai trabalhar no apoio ás questões GLTTB. O GPH, que começou em 99 como um grupo virtual, a partir da iniciativa da escritora Edith Modesto, trabalhando no apoio aos pais e mães de homossexuais, cresceu e se transformou numa ONG.
Na realidade não é que o grupo virtual de pais vai deixar de existir, ele continua existindo e da mesma forma (garantindo o sigilo aos pais que querem desabafar) , o que acontece é que algumas pessoas deste grupo, unidas a outras que nem fazem parte do grupo, fundaram uma entidade que quer ampliar justamente este trabalho de apoio aos pais de homossexuais e seus filhos.
Foi um momento de muita alegria, com muitos pais e mães presentes, além de muitos filhos e filhas – vários deles acompanhados de seus companheiros e parceiras (uso estas palavras porque ainda não inventamos uma melhor não é?)
Havia quase 50 pessoas presentes, na minha contagem, e era nítido entre os pais o sentimento de reconhecimento da importância deste grupo em suas vidas, especialmente no que tange ao relacionamento com seus filhos e como disse Beto de Jesus, um dos presentes e também co-fundador do Grupo, a idéia de transformar uma iniciativa vitoriosa e única no Brasil – unir pais de homossexuais para conversar sobre suas dificuldades quando descobrem que seus filhos são homossexuais – num projeto mais abrangente e com outros braços, é , antes de tudo, uma grande demonstração de generosidade de pessoas que não querem guardar as coisas boas somente para elas. Gente que quando a enfrentou uma dificuldade se "mexeu", e agora organiza-se para ajudar outros!
Eu acho esta força da sociedade, que se une para tentar resolver suas questões, uma demonstração incrível de quanto o ser humano ainda pode evoluir, ainda pode crescer, e melhorar a vida de tanta gente!
Se você acha que seu pai ou mãe gostariam ou precisariam conversar com outros pais para te entenderem melhor, entre em contato com o GPH no email mães_de_homos@grupos.com.br

10 de março de 2006

Se me disser que vem ás 4:00, desde ás 3:00 estarei feliz!*

Se você já sentiu o desespero de perder alguém, ou de IMAGINAR perder alguém, você também já sentiu o doce alento de estar junto de quem ama e, mais gostoso e palpavel ainda, o sentimento de esperar quem se ama. As situações podem ser muitas...ele foi viajar, á trabalho ou por outro motivo, e ficou uns dias fora, ela não pode te ligar durante o dia porque estava num curso. às vezes a pessoa que amamos vai enfrentar uma situação dificil e estamos "doidos" para lhes dar um abraço reconfortante depois.
E o quanto esperamos por um sorriso ou um abraço quando chegamos ou nos encontramos...quanto hein?
Tem coisa melhor que isto, um cafune ou um aconchego numdia dificil, deposi de horas ou dias de saudade?
Acho que uma das situações mais frustrantes e que nos fazem sentir mais do que nunca cidadãos marginalizados é encontrar seu namorado no aeroporto e ter que lhe dar um abraço absolutamente formal, ou um aperto de mãos, por medo de represálias, ao invés daquele delicioso beijo, seguido de mil carinhos nos cabelos, um olho no olho daqueles...e quem sabe algumas apalpadelas mais quentes, como TODO MUNDO, menos vocês dois, podem fazer!
Já passou por isto? Encontrar sua namorada no shopping, no final da tarde para jantarem juntas, e terem que sentar separadas como "grandes amigas"...e não me venha com aquele papo de que "eu não preciso demonstrar meu amor em público", não é que você não precisa, você não pode!
Você é homossexual, um cidadão que o Estado e a Sociedade tem que patrulhar porque tem uma tendencia a se envolver com pessoas do mesmo sexo...enquanto você insistir com isto você não pode fazer o que quiser.
Mas, mesmo não podendo dar e receber o carinho que nos faz falta, muitas vezes, nada vai nos tirar o sentimento, o beliscão por baixo da mesa, a olhadinha com duplo-terceiro-quarto sentidos...
A espera do meu amor é só minha! E quem vai encontrá-lo sou eu!

* "Se tu vens, por exemplo, ás 4 da tarde, desde ás 3 serei feliz!", frase dita pela Raposa ao Pequeno Principe no clássico de Saint-Exupéry , para explicar que "o essencial é invisível aos olhos".

9 de março de 2006

I wish I know how to quit you *

* Quem me dera eu soubesse como deixá-lo (Frase do personagem Jack em Brokeback Mountain)
Relacionamentos enrolados não são privilégio da ficção, você mesmo deve conhecer amigos que vivem estórias enroladas! E as vezes nos sufoca ver o que está acontecendo!
Eu tenho uma amigo, Fulano, que vive um relacionamento enrolado, truncado, desesperado há mais de 10 anos! A historia, que conto com a licença dele, é mais ou menos assim:
Fulano conheceu Mister, um cara bem mais velho que ele, num destes descaminhos da vida, uma situação de trabalho, e depois de uns 6 meses juntos descobriu que o tal Mister era casado, Fulano ficou desesperado e rompeu tudo, mas alguns meses depois o Mister, que não largava do pé dele, conseguiu que reatassem, com promessas de que deveriam ficar um pouco mais juntos, que ele tinha que ter certeza do amor que sentiam antes de terminar seu casamento.
Fulano viveu esta situação durante um bom tempo, talvez uns 3 anos, até que um dia o Mister disse que deveriam terminar tudo, que ele não conseguiria largar a esposa, etc, etc.
Fulano ficou arrasado, acabado em lagrimas, desespero, sofrimento, durante meses. Uns 8 ou 10 meses depois, quando Fulano já antevia a possibilidade de um novo relacionamento, que tinha voltado até a se divertir (todo mundo já sentiu isto não?) o tal Mister “ressuscitou” e ligou para Fulano, dizendo que não conseguia ficar sem ele, pediu para reatarem, Fulano, ultra-fragilizado, cedeu sem pestanejar, e durante uns 15 meses viveu outro idílio...até que o Mister lhe deu outro corte, alegando que não deveriam ficar juntos, pois faria Fulano sofrer, pois ele realmente era um covarde...etc..etc...conhece a cartilha não conhece?
Fulano caiu da nuvens direto no espinheiro, todo o ar lhe faltou e todas as possibilidades também....eu, como amigo de Fulano, só podia sentir raiva do Mister, um “sacana FDP”, e acompanhar o sofrimento de meu amigo. Sofrimento que durava uns 6 meses quando...imagina...você acertou!
Mister procurou Fulano novamente!
E Fulano, que ainda estava sem ar, tomou Mister de volta como um asmático procura sua bombinha!
E ai?
Mais alguns meses e Mister rompeu tudo novamente, jogou meu amigo Fulano no lixo.
Ai?
Fulano desceu ao inferno do sofrimento, não havia conselho possível, nem terapia, nada mostrava perspectiva, ele só renasceu quando,quase um ano depois, o tal Mister apareceu na porta de sua casa com flores...
Entendeu a doideira?
E este ciclo se repete há mais de 10 anos! Fulano parece não conseguir se libertar desta possibilidade de viver algo, deste estado de animação suspensa que experimenta, ou ele esta esperando Mister ou ele está vivendo Mister. Mas será que isto é vida?
Nós, os amigos, queremos tanto ajudar mas não sabemos o que fazer! Será que ele quer mesmo sair disto?
Eu, na situação dele estaria acabado, realmente não tenho forças para enfrentar algo sequer parecido, nem sei onde ele arranja forças para viver, para trabalhar.

E você, já vivenciou algo parecido? Conhece alguém que vive algo parecido?

8 de março de 2006

So Many Women...


Dia 8 de março é o Dia Internacional da Mulher.
Nesta data são lembradas a Mulher Mãe, a Mulher Trabalhadora, a Mulher Dupla-Jornada, a Mulher Diva, a Mulher Namorada, a Mulher Filha, e outras tantas mulheres.
Mas muitas vezes as Mulheres que Amam Mulheres são esquecidas.
Pois elas, se muitas vezes são reverenciadas por serem todas estas mulheres, são reprimidas e excluidas apenas por demostrarem seu amor por outra mulher!
Sei que para muitos homossexuais masculinos existe um certo distanciamento do "mundo" das lésbicas, o que pode ser considerado uma certa misoginia. Eu tenho a sorte, e o privilégio, de ter várias amigas lésbicas, muitas delas mantendo longos relacionamentos, e enfretando muitas "barras" por conta disto!
Então , se você tem uma amiga lésbica, não esqueça de mandar um beijo para ela pelo dia 8 de março!

7 de março de 2006

Enrolado, complicado, truncado!

Porque as pessoas muitas vezes se envolvem em relacionamentos complicados, que muitas vezes poderiam ser classificados como “sem futuro”?
Esta é a segunda reflexão que BROKEBACK me despertou! ( a primeira, a maneira como tudo começa, está no post do dia 4 de março ultimo)
São duas pessoas envolvidas num relacionamento, amoroso concordo eu, mas que tinha muito de sofrimento, de angustia, de noites perdidas. Um relacionamento no clássico estilo “sinuca de bico”, que muita gente que está de fora poderia ver que não tinha futuro algum!
Ennis, que foi praticamente “sugado” por sensações e sentimentos que ele desconhecia, parece estar na situação mais confortável, ele já decidiu internamente que não daria vazão á simples idéia de assumir este relacionamento, a situação do “amigo de pescaria” para ele era confortável ou pelo menos suficiente, ele vivia uma vidinha modorrenta, sem muitas ambições, e os momentos que estava com Jack eram sua catarse, sua vida com emoção. Para ele isto parece bastar.
Não que ele não sofra, até no jeito internalizado de falar, quase ruminando as palavras, ele parece estar se segurando para não ser algo que ele não quer ser, que ele decidiu que não poderia ser, ou viver, e parece não poder levar nada mais adiante, aquele questão empata toda sua vida.
Jack vivencia a relação deles, e seus desejos homossexuais, de uma maneira bem diferente, talvez por tudo ter começado, bem ou mal, por iniciativa dele, Jack parece ter mais certeza de seus sentimentos, ele tem certeza que se estivessem juntos poderiam ser felizes, ele tem a coragem de falar nisto, de sonhar com isto. Tanto é que no final descobrimos que ele já tinha montado, com outro cowboy é verdade, um simulacro do que queria experimentar com Ennis.
Jack é mais corajoso em relação a seus desejos e por isto mesmo se envolve em outras situações, que no filme parecem ser meramente sexuais, para tentar vivenciar outras possibilidades, ele é um homossexual “assumido” e por isto mesmo parece vivenciar o amor com mais intensidade, ou pelo menos, mais expansão.
Jack, para mim, é o que mais sofria, porque era justamente o que mais via possibilidades.

Mas então porque nenhum dos dois, especialmente Jack, não tomou a iniciativa de dar um “ultimato” ao outro, de dar um ponto final ao invés de viver nas reticências...no “e se”, porque o Jack ficou sempre esperando que o Ennis “cedesse” e se conscientizasse que eles ficarem juntos em bases permanentes era a única opção. Porque o Jack não foi tocar a vidinha dele com outro cara, porque ele insistia nesta coisa quase doente, nesta coisa sem perspectivas?
Você concorda que se algum deles fosse seu amigo, que conversasse com você sobre isto, você já teria aconselhado que eles parassem de sofrer e resolvesse isto?
Talvez você disesse:
“-Jack, sai desta vida, este cara nunca via te levar a sério... você está sofrendo a toa.... homem é que nem ônibus, logo passa outro....”
Ou então, diria para o Ennis:
“- Ennis, você tem que definir isto, para que sofrer tanto, se você ama o cara vai atrás dele, enfrente as coisas! Eu, quando me assumi, no começo foi difícil mas depois as coisas melhoraram muito!” ou então “se o Jack te ama ele tem que aceitar seus limites, está errado ele te pressionar”
É tão fácil decidir a vida dos outros não?

Agora, me conta uma coisa, porque os caras aceitavam viver deste jeito? Que conselhos podíamos dar para eles? Que faria no lugar deles?

6 de março de 2006

3 numa noite!

É ...três numa noite!
BROKEBACK ganhou 3 oscars esta noite!
Melhor diretor, melhor roteiro adaptado e mehor trilha sonora, todos justissimos pois as outras categorias em que concorria, melhor ator, ator coadjovante e atriz coadjovante seria dificil não é?
A surpresa foi CRASH, que ganhou o premio de melhor filme, aliás, peloque se percebeu os proprios ganhadores e toda a equipe do filme ficaram surpresos! Os outros premios foram bem espalhados, King Kong levou alguns, Memorias de uma gueixa levou outros, e até o Jardineiro Fiel do brasileiro Fernando Meirelles emplacou o premio de melhor atriz coadjovante, e nada de filme estrangeiro, estava concorrendo nas categorias principais. Ah! o ator de CAPOTE, outro filme com personagem homossexual, Philip Hoffman, levou o premio de melhor ator, afinal ele era o grande favorito, justissimo, pois não ia ter graça dar o prêmio para o Heath Leadger....

5 de março de 2006

Ainda sobre a Montanha da Costela Quebrada...

Agora que todo mundo já assistiu Brockeback Mountain dá para comentar mais coisas sem estragar a surpresa de ninguém...
Você ainda não assistiu? È melhor correr ! Se o filme ganhar alguns dos vários prêmios a que concorre, as filas nos cinemas vão aumentar com certeza, pois tem aquele povo que só vai assistir a filmes depois que são campeões...

Duas coisas me chamaram a atenção na história do filme, primeiro foi a maneira como Ennis e Jack se encontram, e a outra foi o relacionamento “super-ultra-mega” enrolado em que os dois se envolvem.

Primeiro me incomoda um pouco a idéia, sem dúvida distorcida, que se dois homens passarem algum tempo juntos sozinhos eles vão acabar se apaixonando, ou no mínimo transando, mesmo que não sejam homossexuais. Parece o clássico fetiche em relação a navios, quartéis do exercito e prisões, onde a ausência de mulheres leva os homens á “práticas” homossexuais.
Na estória ambos tem por volta de 20 anos, o que poderia subliminarmente significar pouca experiência, mas pelo menos Ennis já tinha um relacionamento, uma noiva, antes de encontrar o Jack..
Já em relação a Jack o filme mostra que ele já tinha este desejo homossexual mais latente, primeiro pelo clima de flerte que ele estabelece com Ennis desde a hora que chega ao escritório em que serão contratados e usa o espelho com que se barbeia para “tirar as medidas” do Ennis. Depois, ao longo das semanas os olhares e comentários que Jack lança parecem incomodar e constranger Ennis, que não retribui nada...e na cena em que fazem sexo pela primeira vez, a provocação veio toda do Jack, tanto que, para muitos, a reação selvagem de Ennis parece mais de raiva do que de amor. Parece mais ser uma coisa tipo “tá bom bichinha, vou te dar o que está pedindo!”, tanto que o primeiro beijo é verdadeiramente relutante.
Esta idéia, boba e descabida, de que estar perto de outro homem, e de assuntos gays em geral, pode despertar desejos homossexuais, até motivou um bem humorado ensaio de um cronista americano, em que ele dizia ter medo de assistir ao filme e, de repente, sentir um desejo muito grande de se “tornar” homossexual, de tão bonita que a estória era mostrada (desculpem, não lembro o nome do autor, mas o texto circulou em muitos sites, listas e blogs)
O fato de continuarem a transar durante o inverno, fato que é mostrado de maneira absolutamente pueril, com os protagonistas correndo pelados pelas pradarias, ressalta um pouco esta coisa da descoberta do amor, mas é estranho que eles não falem do que vai acontecer quando saírem dali, parece claro que para os dois aquilo é um “momento” que será esquecido ao deixarem a montanha.
Até mesmo o desejo de vomitar de Ennis quando se despedem pela primeira vez, parece muito mais “nojo” do que aconteceu, e que ele estava botando para fora, do que um desespero por se afastar de Jack como muitos interpretam.
Acho que só fica claro que existe algum sentimento, ou no mínimo muito tesão, quando se reencontram 4 anos depois, mais uma vez por iniciativa do Jack, e se beijam e transam doidamente...mas isto também poderia ser interpretado como a retomada de um segredo, de uma cumplicidade, que eles guardam somente para si.
Amor mesmo eu só vejo quando, novamente o Jack, toma a iniciativa de falar em ficarem juntos, reforçando o estereótipo de que é a “mulherzinha” (no caso o que tem uma posição mais passiva sexualmente) que está sempre querendo se casar – como no livro, Homens são de Marte, Mulheres são de Vênus.
Para mim o Ennis só começa a pensar em amor, e não apenas nos encontros de tempos em tempos que o entusiasmam tanto, muito tempo depois, apesar de não “se permitir” esta possibilidade.
Mas, de todo jeito, eu tenho certeza que o fato de dois homens ficarem juntos sozinhos não é o suficiente para despertar o amor homossexual...Será que foi porque o Ennis cozinhava bem?
(putz, este texto ficou tão grande que vou deixar o meu segundo “incomodo” com o filme para o post de amanhã!)

E você, na sua opinião o que despertou o amor entre os dois?

4 de março de 2006

TORCIDA!

Ei pessoal! Não esqueçam que neste domingo tem a entrega do OSCAR, com tres filmes com temática GLTTB concorrendo a diversos prêmios, além de BROCKBACK MONTAIN, que já ganhou mais de 50 prêmios de critica desde que foi lançado, temos ainda CAPOTE, que conta a história do escritor homossexual Truman Capote, e TRANSAMERICA que conta a estória de uma transexual, que antes de fazer sua operação para mudança de sexo, deve se confrontar com seu filho.
Junte os amigos, estore a pipoquinha, e não perca a entrega do OSCAR mais engajada que houve!

3 de março de 2006

Duas Mães

"Se nós tivessemos feito mais dois gols no segundo tempo, teríamos vencido. Mas "se". Se meu pai tivesse dois seios, eu teria duas mães"
(Viola, jogador do Juventus,
depois da derrota por 4 a 3 para o Palmeiras,
citado na Revista Veja de 1 de março)

2 de março de 2006

ANA CLAUDIA


Você já ouviu falar em "ana claudia"? Não estou falando "da" Ana Claudia, mas da giria "ana claudia".
"ana claudia" é aquela mulher que gosta de ter vários amigos gays, gosta de compartilhar suas conversas e seus segredos, torna-se verdadeira confidente de alguns deles, compartilha até mesmo suas estorias sexuais mais intimas...
Mas ...no fundo ...no fundo, o que ela gosta é do "status" que adquire ao ser tão amiga dos homossexuais, uma vez que a sociedade os encara como "pessoas cultas e descoladas", as "amigas" dos homossexauis são tidas "por tabela" como pessoas "modernas". Além do fato que é muito "cool" ser amiga de casais gays e até mesmo convidá-los para suas festinhas, como verdadeiros troféus...
Mas, a tal da "ana claudia" pode ser facilmente identificada numa conversa em outros ambientes, no fundo no fundo ela não apoia o casamento gay e a "descriminalização" das relações homafetivas, porque acha que "não precisa" e a "sociedade não está preparada". Homossexuais terem filhos? Não precisa...eles tem um estilo de vida muito "movimentado" e não conseguiriam "se adaptar" ás necessidades de uma criança...
eu diria até que ela fica bastante horroizada com algumas estorias que escuta do amigos homossexuais, e não deixa de fazer "caras e bocas" ao repassar estas estorias em seus outros circulos de amizade...
A amizade que ela "dispensa" ao homossexuais é quase uma "caridade", coitadinhos, são tão discriminados..eu sou uma pessoa "boa" e "descolada" e tenho paciencia com eles, escutraqr suas estorianhas e suas intimidades sexuais, coisa que nem suas mães fazem...
Já viu não é? Uma "ana claudia" não é exatamente a melhor amiga que se pode ter...e você? já teve uma amiga "ana claudia"?

1 de março de 2006

Cada um tem seus segredos...

"Nós temos um acordo, eu não digo a ninguém que ele é gay e ele não conta para ninguém que eu bebo água da privada"