8 de fevereiro de 2017

Sentimento zero...

Em alguns dos meus posts eu já tive a oportunidade de falar sobre a "não-relação" que tenho com meu pai... uma coisa que me causou muito sofrimento emocional e que eu só consegui administrar - mais ou menos - há alguns anos atrás, quando algumas coisas ficaram mais claras.

Esta semana ele está internado, com uma infecção (erisipela)  que começou na quarta e foi piorando, e ai me bateu o dilema, visitar ele no hospital ou não? 

Vontade zero... 
Não só por todo o histórico da "não relação", que culminou com ele simplesmente ignorando meu casamento (nem foi e nem presente), mas com todos os recentes agravantes, como o fato de que, no inicio do mês, quando minha filha teve uma crise renal e ficou internada 5 dias ele não teve a dignidade de sequer ligar perguntando como ela estava, se precisava de algo (sabe, como a gente faria se o cachorrinho da amiga estivesse doente) e nem comemorar - nem que fosse no grupo de whatsapp da família - o fato dela ter saído do hospital...

Mas por trás da vontade zero eu tenho sempre o meu lado "conciliador" e "pacifico", que já foi visitar muita gente doente as quais eu não tinha nenhuma relação formal e fico com um pensamento do tipo... "Não custa nada visitar"...  

Hoje em dia as atitudes dele me agridem bem menos, ou pelo menos eu prefiro sentir assim. Mas me parece tão injusto, emocionalmente falando, eu ir visitar ele, dando a entender que eu não ligo para o que ele faz, ou, o que é pior, que eu ligo mas mesmo assim eu perdôo... Me parece ser uma violência que eu posso evitar e mesmo assim "escolho" sofrer. Mais ou menos como querer visitar Chernobyl porque "simpatiza" com os Russos...

Ai também aparece minha mãe buzinando no meu ouvido... que se eu não for visitar e "acontecer algo" eu vou "me sentir culpado" ... e que eu  "não devia guardar rancor por todas as coisas que ele fez" porque eu "sou muito mais humano e melhor que isso"... o que me chateia profundamente...  pois me bate uma coisa do tipo "será que ela não percebe tudo que acontece?", " será que ela não percebe que ele é uma pessoa do mal?"
Eu até entendo a história dela, apesar de estarem separados há muitos anos ela deve guardar algo bom ainda, afinal ele foi o primeiro homem dela (e único ate onde eu sei), é pai dos filhos que ela tanto ama. Mas ela conseguir relevar todos os maus tratos psicológicos que sofreu, as vezes que apanhou dele, as humilhações, as traições... é bem difícil para entender... Eu sei que muito - tudo - que ela aguenta é para nos proteger, nos manter unidos de certa forma...

Eu estou me decidido a não ir, especialmente porque é uma doença SUPER CONTAGIOSA e não tem porque me arriscar...  
mas tem todo um lado meu que fica buzinando que devo ir, que sou melhor que isso, que estou cagando e andando... porque eu sei que eu ir visitar ele não vai mudar nada... e eu sei que sempre vou ficar com aquele esperança idiota que algo mude...

E no meu lugar o que você faria? Colocaria a "veste da boa vontade" e iria visitar ou apertaria o botão FODA-SE?

15 comentários:

  1. Anônimo1:36 PM

    Meus pais nunca aceitaram ter um filho gay, nossa relação acabou, tentei várias reaproximações em vão e foi assim até o fim.

    Sendo um ser humano provido ainda de alguma humanidade nesse mundo maluco, por mais que tenha sido uma relação tóxica, eu iria.

    Não sei como seria minha reação ou meu arrependimento no futuro e nessas situações prefiro ter errado pela ação do que pela omissão.

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    1. pelo jeito sua historia foi pior que a minha... bom resolvi não ir... vou pagar para ver... alias, ele resolveu não ir tantas vezes, em tantas coisas...

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  2. Eu iria, se ele te aceita como és ou não, será um problema do senhor.

    Tu fizeste a tua parte ;)

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    1. ja fiz minha parte muitass vezes francisco... resolvi não ir, obrigado pelo carinho

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  3. Eu iria por todas as razões acima indicadas e quanto mais não fosse nunca mais seria apoquentada com o início de frase "E se (...) ? ".

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    1. Magg, não vou... realmente percebi que não me importo.. triste isso né? obrigado pelo comentario e pelo carinho

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  4. Anônimo12:54 AM

    Não sei responder a sua pergunta em termos de SIM ou NÃO. O que pude descobrir recentemente é que existem alguns amores que tem o potencial de nos matar se não delimitarmos a fronteira da doação. Essa delimitação não é uma "vingança", mas uma maneira de proteger o próprio amor. Não conseguiremos nunca doar o amor para quem não está disposto a recebe-lo.

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    1. querido Jose antonio, acho que minha questão é exatamente esta, acho que os meus limites para quem não quer receber estão menores... obrigado, adorei oq que escreveu!

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  5. In dubio pro reo!

    Então, é bem mais simples da pitaco na vida dos outros, mas... sendo bem sincero... O fato de você estar nessa dúvida para mim é sinal de que você ainda se importa com ele. Nem vou apelar para o "você é maior e melhor", mas acho que cada um oferece que o tem... infelizmente ele, ao contrário de ti, pelo jeito não tem muito a oferecer...

    Vá como iria por qualquer outra pessoa, acho que você ficará com o sentimento que cumpriu seu papel e de verdade, não custa "muito"... ;)

    Se precisar a gente vai contigo! Só chamar ;)

    Abração.

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    1. Bem que eu iria precisar... mas não vou te submeter a isso tim man! obrigado pelo coment... abraçao!

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  6. Wagner8:24 PM

    Eu tocaria um foda-se!
    Mas não existe ex-pai, apesar de tudo... visita. Não por ele, por você...

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    1. Bom, realmente não existe ex-pai... mas ele nem pai direito foi Wagner... obrigado pelo comentario e pela visita

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  7. Anônimo8:17 PM

    Como alguém aí em cima disse, acho melhor errar pela ação do que pela omissão. Pode doer mais agora, mas me parece preferível do que ter o "será que eu devia ter ido?" te assombrando pelo resto da vida.

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