2 de maio de 2014

explicando diversidade para as crianças... na família!

Ontem, feriado de 1 de maio, fomos almoçar na minha mãe, como trabalhávamos todos hoje, ninguém viajou neste 30o. feriado emendado do ano...
Minha prima - que é quase irmã - lá estava com seus dois meninos, um de dois anos e outros de sete. Mas o o que motiva o post foi o que ela veio me contou hoje:
Ela disse que quando chegou em casa o mais velho (7 anos) veio perguntar:
- O J é da família? (J = Mr. Jay)
- Sim - respondeu minha prima
- Então ele é filho da vovó? ( uma delicia a confusão que as crianças fazem não é?)
- Não, ele não é filho da vovó - respondeu minha prima
Detalhe importante, quem tem filhos aprende com o tempo que devemos responder apenas o que eles perguntam, primeiro porque as dúvidas ás vezes são bem simples, depois porque devemos deixar eles fazerem o caminho das descobertas...
- Mas como ele é dá família? perguntou o menino.

Ai minha prima disse que pensou, se fosse um casal hetero eu não ia dizer que eram namorados? Se são gays e aqui nesta família isto não faz diferença e está na hora de eu mostrar isto para meu filho!

- Ele é namorado do seu tio.
O menino fez caras e bocas! 
- MAS ENTÃO ELES SÃO GAYS!
- Sim eles são. Lembra o "F", ele também era namorado do seu tio, mas talvez você não lembre porque era muito pequeno.
- Mas meus amigos disseram que ser gay é errado!
Ai ela aproveitou a oportunidade...
- Ser gay não é errado, errado é não gostar das pessoas por elas serem de um jeito ou de outro! Sabe seu amigo, o B. Marrom? (eles são amigos desde pequeno e na escola havia dois meninos com o mesmo nome, e o filho de minha prima, para distingui-los chamava um de B. Branco e outro de B. Marrom, sem nenhum preconceito no apelido)
- Sei, eu vou lá brincar na casa dele amanhã não vou?
- Sim vai, mas você sabia que tem pais que não deixam o filhos brincar com os meninos só porque eles são marrons?
- Não sabia!
- E tem lugares do mundo que as meninas não podem brincar com os meninos porque eles acham que elas são inferiores e menos dignas? E tem até lugar que as pessoas marrons são presas só por serem marrons!
- Não sabia!
- E você vai gostar menos do seu tio porque ele é gay?
- Não!
- Mas se você quiser pode conversar com ele sobre isto hoje quando for ficar na casa dele ok!
- OK!
Assunto encerrado! Ele voltou a brincar. 
Eu vou dizer, eu já era fã da minha prima, e agora com mais motivos, acho que ela vai conseguir criar dois seres humanos muito especiais e abertos a todas as pessoas! Ganhei meu dia!

Aliás! ela precisou sair e o pai dos meninos (ela é separada) não podia ficar com as crianças e eles estão aqui, vão dormir aqui! Ou seja, hoje vai ter festa baile e vou levantar amanha ás 7 da manhã! Hora que o mais novo costuma acordar!
Eu estou até esperando para ver se ele vai fazer algum comentário quando Mr., Jay chegar....vai ser divertido...

E você? Ja presenciou estas reações de crianças? Conta ai!

5 comentários:

  1. Não presenciei ainda, mas tenho uma filha e um dia isso terá que acontecer.
    Mas concordo com as tuas máximas; o melhor é responder ao que eles perguntam; mas temos que estar preparados para responder a todas as perguntas.
    abc

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  2. Acabei rindo demais com essa história, porque me identifiquei com uma bem parecida. Chegando a Sampa, 14 anos atras, fiz uma amiga no meu primeiro emprego. "B" tinha dois filhos, um de 5 e o outro, de 2.

    Sempre tivemos uma relação muito aberta e, com a chegada do Mr. V (usando sua própria terminologia, que eu amei), me preocupei como as crianças enxergariam dois homens numa relação. B simplesmente me disse: "aja naturalmente". E assim o fiz, sem exageros. Não me pendurei no pescoço, dei beijos cinematográficos ou me fiz presente em atos que pudessem causar algum constrangimento.

    Contudo, não deixei de deixar minha cabeça em seu colo, enquanto assistíamos filme, ou comentar alguma coisa com ele enquanto estava jogando videogame com os meninos - tudo isso no primeiro dia que eles tiveram contato com Mr. V.

    Uma semana depois, em um encontro numa lanchonete com eles, eu sem a companhia do V, fui deixado sozinho na mesa com as crianças. O mais novo, com 7 anos já, enquanto escolhia qual hambúrguer iria querer, sem qualquer constrangimento e com toda naturalidade, perguntou: V é seu namorado?

    Respondi que sim. Ambos se olharam, sorriram é o mais velho, então com 10 anos, disse: "gostamos dele. Estamos felizes por você".

    E assim, ganhamos, eu é Mr. V, dois afilhados, porque eles nos chamam de Padrinhos Mágicos desde então.

    E eu aprendi uma lição valiosa: preconceito gera preconceito. Essas crianças nos respeitam tanto, que mesmo adolescentes heterossexuais de 19 e 16 anos, hoje, nós cumprimentam com abraços e beijos no rosto, em qualquer lugar que nós encontrem.

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  3. É incrível e nos deixa boquiabertos, como as crianças de hoje sabem lidar melhor com as diferenças!
    Desde que bem conduzidas claro!
    Quando passamos por experiencias assim, nos sentimos revigorados e cheios de energia!!!
    Obrigado por compartilhar!
    Grande abraço

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  4. Anônimo8:29 PM

    Crianças são seres fabulosos! Não existe mentira, por mais bem contada, que escape ao radar natural delas!
    O que você mostrar de mais verdadeiro dentro de você será aquilo que a criança irá perceber!
    Tenho certeza que ele irá amar o tio com a mesma naturalidade que você o ama!
    bjs

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  5. já presenciei e vivenciei ... tive um papo semelhante e tudo ficou bem ... sem nenhum trauma ... simples assim ..

    ps: o fato a q me refiro foi entre eu e minha sobrinha, na época ela tinha 6 anos e falava de mim ...

    beijão

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