Ontem a noite me aconteceu um episódio interessante... Uma pessoa que conheci lá pelos idos de 97/98 me re-encontrou... na realidade eu já tinha re-encontrado ele uns três anos atrás, bem depois que eu tinha me separado... .. ele tinha meu contato e me mandou uma mensagem...
Ele foi um cara pelo qual me interessei lá no século passado, um professor, uns 10 anos mais novo que eu, bom de papo, que parecia alma boa. Saímos "um par" de vezes, mas ele não quis engatar nada comigo... #rejeitado!
Pelo que me lembre (lembrar não é o meu forte) ele tinha uma situação não resolvida com um relacionamento anterior, com idas e vindas, e não tinha espaço para algo novo, no caso eu... Nem tivemos nada mais sério, mal trocamos uns beijos...
Ele entrou em contato porque tinha encontrado uma carta e um cartão que eu tinha dado para ele no meio de uns guardados (eu até tenho medo de fuçar nos meus guardados!). Na época eu dei de presente para ele a biografia da Clarice Lispector, que tinha sido recém lançada e que ele curtia.
Conversamos um pouco por mensagem, com a clássica promessa "vamos marcar um café"...
O episódio, com cara de "deja vu", me deu um pequeno "insight" sobre esta questão das escolhas, e eu até comentei com ele... - Imagina como nossas vidas seriam diferentes se tivéssemos feito outras escolhas anos atrás... (se bem que eu estava "alfinetando" o fato que ele não me "escolheu" na época! rsrsrs)
Ele argumentou, e eu concordei, algo como não existirem "escolhas certas e escolhas erradas, pois o importante é o que se aprende com elas" ... foi uma conversa boa e divertida... com ele concluindo que a "vida é como um paciente do CAPS, sempre sendo internada e recebendo alta"Para mim todo dia exercemos nosso poder de escolha, quase a todo minuto, acordar, sair da cama, comer, comer o que, comprar... mas principalmente precisamos escolher AMAR e NOS DEIXAR SERMOS AMADOS... e isto não só falando de amor entre uma dupla, amor de casal (ou trio ou outra configuração) mas todo dia, a todo momento, escolhemos AMAR e NOS DEIXAR SERMOS AMADOS pelos amigos, por algum colega de trabalho, por nossos pais, filhos e irmãos. E eu penso que AMAR alguém talvez seja mais espontâneo, mas deixar SER AMADO requer um pouco mais de trabalho... e talvez assuste mais...
Talvez assuste porque você sempre ouve Saint Exuperry sussurrando no seu ouvido quando percebe que está, por pouco que seja, impactando a vida de alguém. Talvez assuste porque ás vezes você não pode - ou não quer - retribuir. Talvez assuste porque não nos achamos merecedores daquela forma de amor.
Eu demorei muito para aceitar, ou entender, que eu era uma pessoal "legal", que tinha gente que gostava de mim apenas pelo que eu era, e não pelo que eu fazia pela pessoa, eu demorei para me permitir SER AMADO... mas acho que demorei principalmente porque AMAR é uma coisa muito presente em minha vida, e talvez eu fosse mesquinho em achar que "só eu sabia amar"...
A primeira coisa que começou a me ensinar a ser amado foi a paternidade, mas mesmo assim eu demorei para acreditar que não era um amor só baseado no "cuidado" e "no que eu fazia", demorei a entender que era o mesmo amor que eu sentia... eu me deixei SER AMADO e me tornei um melhor pai.
Meryl Streep - maravilhosa sempre - ficou, durante anos, com fama de "chorona" por causa deste filme! |
Sofia teve que fazer a que pode ser considerada a mais difícil das escolhas, tanto que o nome da personagem virou sinônimo de escolhas difíceis, mas talvez a escolha de SE DEIXAR SER AMADO seja a mais difícil...
E você? Já aprendeu a SE DEIXAR SER AMADO? Ou acha que isto não é uma escolha?