16 de setembro de 2007

Pais Homossexuais que eram Heterossexuais

Neste sábado participei da Reunião de Pais Homossexuais, que tinha divulgado aqui uns dias atrás, lembra?
O encontro, coordenado pelos psicólogos Vera Moris e Edson Defendi, foi muito significativo, estavam presentes, além de mim, outros 4 pais, que contaram um pouco de suas estórias de vida, e como lidam com a paternidade homossexual junto a seus filhos. Estórias de vida muito ricas e que deram a oportunidade de conhecer homens muito corajosos.

É claro que é importante respeitar o sigilo destes pais, e nada que foi dito na reunião pode ou deve ser comentado, mas eu posso falar dos meus sentimentos, do que aprendi nesta reunião.
Para resumir, eu poderia dizer que levei um pequeno TAPA NA CARA, no bom sentido, pois me deparei com realidades que eu tinha me "esquecido", pois depois de um tempo, como uma vez disse o André Fischer, a gente vive nosso mundinho com certa liberdade e tranquilidade que esquece que existem outras realidades.
E eu me deparei com realidades que tinha esquecido, ou, melhor dizendo, realidades que eu não conhecia de perto.
Me deparei com a realidade do homem que constroi uma identidade heterossexual porque é muito dificil ser homossexual, (e aqui não cabe julgamento pois todos nós fizemos isto em alguma medida), e depois quando esta "casca" o sufoca e o agride demais, ele temque enfrentar o mundo por ter "virado" homossexual.
Na reunião eu vi homens que tiveram que enfrentar a fúria de suas ex-esposas, ameaças da exposição pública, em alguns casos até acusações criminais, ameaças de que nunca mais verão seus filhos, mas principalmente o medo de enfrentar seus filhos, o medo de contar que seu pai tem caracteristicas diferentes das que o filho já estava acostumado.
Conheci homens vitoriosos, que na maioria das vezes foram até libertados pelo amor de outro homem, que lhes deram oportunidade de traçar um outro rumo, mas que estão travando batalhas diárias para se entenderem, se aceitarem, e procurarem um caminho para não ficarem longe de seus filhos.
Enfim, cresci "um montão" em menos de duas horas, ao encontrar pessoas falando de suas angustias e enfrentando seus medos. A coragem dos outros nos fortalece.
Este grupo vai se encontrar de novo, e a vontade destas pessoas, que ainda atravessam muitas dificuldades, é poder encontrar com outros homens que estão passando pelas mesmas questões, ampliar a ajuda mútua. Mas eles sabem que este é um grupo que tem muitas particularidades, muitos homens não querem se expor, muitos homens não podem se expor. Precisam de garantia de sigilo e privacidade.
Mas ao mesmo tempo sabem que este grupo pode ajudar muita gente, como tem ajudado a eles mesmos. E também ajudar seus filhos.
Se você gostaria de participar deste grupo, ou conhece alguémquepode se beneficiar de um grupo destes, com garantia de sigilo e privacidade, entre em contato com a Vera no email vemoris@uol.com.br ou com o Edson no email edsondefendi@uol.com.br
Lembre-se "juntos somos mais fortes".

12 comentários:

  1. Anônimo10:46 PM

    Nossa vida se enrique quando vemos tantos testemunhos de vida de pessoas que tem um contexto totalmente diferente do nosso, né? :) Embora não seja pai (ainda), no próximo encontro gostaria de ir. Conheço uns 5 homossexuais que são pais e as vezes eles partilham conosco um pouco dessa "luta" diária cheia de vitórias.

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  2. Anônimo12:53 AM

    Olá!
    Primeiro quero agradecer pelas palavras gentis que dedicou a mim em meu blog!
    E segundo, parabenizar pelo blog de muito bom gosto que você criou.
    Adorei esse seu post. Muito interessante e confesso que nunca havia pensado em com profundidade em tal tema. Mas verdade é que estamos sempre tão ocupados pensando em nós mesmos, que fica difícil olhar o mundo a nossa volta...
    Um grande abraço! Paz!

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  3. É a primeira vez que aqui entro e gostaria de dizer que gostei mt do seu blog...
    Eu sou portuguesa e por cá a relação entre ser pai e ser gay é mt complicada, as pessoas não vêm com bons olhos e para ser sincera houve alturas em que eu tb não via. Sempre achei que o melhor para uma criança era a presença de um pai e uma mãe, que o ideal era ter as duas referências, feminina e masculina e sinceramente ainda acho. No entanto com o tempo fui amadurecendo esta ideia e agora penso que um casal gay se quiser pode dar as "mesmas condições" a uma criança. Penso nisso especialmente em relação à adopção, por exemplo, não será melhor ter dois pais ou duas mães ao invés de não ter nenhum? decerto que sim. Apesar de achar que o "problema" reside no facto das pessoas serem muito preconceituosas e de as crianças em particular conseguirem ser muito mazinhas umas com as outras parece-me muito mais fácil ultrapassar o "problema" da diferença do que a falta de afecto e carinho...
    Uma vez vi um documentário sobre um pai gay, na verdade comoveu-me imenso porque no final ele estava a criar o fruto da traição do seu namorado com uma amiga comum. Pensei como pode ser especial essa pessoa para aceitar a dupla traição e ainda amar como pai o seu fruto, na verdade agora a criança morava apenas com ele.

    Peço desculpa pela "reflexão" que aqui deixei. Espero que compreenda o que disse e acima de tudo quero que saiba que admiro a sua coragem e que lhe desejo muita sabedoria e força para criar o seu filho!

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  4. Como você, também fiquei muito emocionado com seu depoimento neste post.
    Muito obrigado pela presença e confiança.
    Grande abraço

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  5. Muito legal esse encontro de pais, viu... não sei se você já leu sobre isso, mas nos EUA tem um grupo de pais e mães homossexuais, e todos os anos eles promovem uns encontros com todas as famílias, é tipo um clube... acho super legal, aqui no Brasil deveria ter algo assim também. Eu participaria, com certeza!
    Bju

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  6. Anônimo9:55 PM

    Muito legal estas questões que vc coloca aqui, normalmente julgamos os caras que controem uma vida HT, e reprimem seu lado homo, mas esquecemos do peso, da história de vida de cada um, e da auto-agressão que é se esconder. Infelizmente existem muitos caras que optam pela vida HT para continuar as tradições familiares, e acabam passando por isso no futuro, quando não aguentam mais e querem se assumir. abçs

    Edson
    afterglow.zip.net

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  7. Anônimo8:26 AM

    Oi !!!
    Que maravilha mais esse grupo se formando! Faz lembrar o início do GPH que agora já ajuda tanta gente, não é ?
    Passo por aqui sempre e quero lhe dar os parabéns !
    Saudade...
    Marília

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  8. Anônimo12:34 PM

    Realmente, em relação a ser pai e adotar postura hetero as vezes é necessário... Infelizmente a sociedade ainda não está pronta para algumas coisas...
    Um abração!

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  9. Anônimo10:46 AM

    Achei esse blog no "google"... fiquei muito surpreso com os textos e com a partipa�o de todos. Gostei mesmo. Estava me sentindo um "ET" entre os homens que gostam de homens, que est�o vindo de um relacionamento dito "hetero" .
    Estou num processo delicado da minha vida, estou me separando, tenho 2 filhas. Fiquei feliz em poder falar e participar de um f�rum bacana como este.

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  10. Anônimo11:56 PM

    Muito positivo. Vivo essa situação e só. Fiquei feliz em saber que "anjos" estão se preocupando com o assunto. Preciso de ajuda.

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  11. Anônimo12:57 AM

    Fácil, Para o pai e fácil para a mãe, a vida continua e sinceramente homens tem de montão.....
    Mas já se perguntou sobre a desilusão de um/a filho/a quando sabe da notícia e que tinha vivido numa família comum até então.
    Tinha ido nas festinhas dos amigos pela mão do pai que era igual aos outros meninos....
    Ninguem pediu para nascer então quando se tem filhos temos mais responsabilidades....Temos uma vida em formação na nossa mão.
    O que é considerado egoismo!? Nunca assumir ou tornar publico e os sem culpa terem de viver com isso.....
    Sou mulher e mãe e neste momento tenho esse problema com 3 filhos adolescentes pela simples razão que o pai resolveu assumir o seu lado homo!
    Fácil para eles ...com certeza que não. Ultrapassável com certeza que sim! Só me pergunto qual o preço que vão pagar por isso?!E o pai deles também....
    Assumam-se antes de arranjarem responsabilidades com filhos.Falta de atitude que pode trazer danos irreparáveis para eles...

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  12. Este comentário foi removido pelo autor.

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