3 de setembro de 2013

a morte de um professor...


Uma parada nas recordações e atualizações...
 
Semana passada minha filha foi surpreendida com a noticia da morte de um professor, ele teve um ataque do coração fulminante durante a noite. Ela tinha tido aula com ele durante o  mesmo dia
Um pouco antes de ir para a escola no dia seguinte ela soube da noticia.
Ao que parece era um professor bastante querido, que ressoava bastante no coração dos adolescentes, se declarava comunista, ateu, não tinha televisão em casa, usava uma boina estilo Che Guevara, e ainda era professor de história, que pontuava bastante as mazelas da sociedade e do capitalismo...Só que ele era muito obeso, fumava desbragadamente, não era casado nem tinha filhos, e aos 52 anos morreu.
O ídolo perfeito para adolescentes, e mais perfeito ainda porque não será questionado mais... me lembrei muito do Tancredo Neves, que foi sem nunca ter sido!
  
Ela, e todas as amigas e amigos ficaram verdadeiramente abalados, pela surpresa, por se depararem de certa forma com a finitude e o imponderável da vida, ela chorou bastante, e dizia que nunca tinha tido oportunidade, e coragem, de dizer para ele o quanto ele tinha sido importante para ela, e  quanto gostava dele.
Como pai eu fiquei ao lado, tentando acalma-la, tentando passar um pouco de empatia, deixei que ela fosse ao enterro, e parece que um grande numero de professores e alunos foram.
É sempre difícil para um pai e uma mãe falar destes "grandes temas" (morte, sexo, perdão, ética) mas se a gente souber aproveitar o que acontece no dia a dia fica mais fácil. Dá uma chance de conversarmos...
 
Quando eu estava na faculdade, no final da década de 80, tive vários professores meus que morreram, vítimas da AIDS, que aquela época ainda não podia ser combatida pelos coquetéis atuais, e eu me lembro de ter ficado consternado também, em especial pelo FLAVIO IMPÉRIO, que tinha a idade que tenho hoje,  quando morreu. Aliás, foi uma década pesada neste sentido, com muita gente adoecendo rápido demais e morrendo mais rápido ainda.
 
No final ainda teve um momento bonitinho dela, que, quando fui buscar ela após o enterro,  preocupada me perguntou - Pai vc tb está gordinho, quando vai fazer seus exames do cardiologista? (que coincidentemente já estavam  marcados para a segunda semana de setembro)

E vc? como enfrenta a morte? como fala dela?
 
 

9 comentários:

  1. penso q para lidar com crianças o melhor mesmo é aproveitar estes momentos da vida ...

    qto a mim lido muito bem com a idade da morte ... para mim a morte é igual ao nascimento ... saí-se de uma realidade e entra-se em outra ... só isto ...

    afinal, quem já anda com atestado de óbito assinado no bolso só faltando datar por mais de 20 anos tem mais q aprender a lidar com esta realidade da vida ... né?

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  2. Sabe amigo, desde criança, tive que encarar a morte de frente. Primeiro foram 02 tios, um em cada ano; depois minha prima com quem eu tinha muita afinidade. Foi meu primeiro "choque" em relação a morte.No ano seguinte meu único irmão. Então com 12 anos já tinha perdido 04 parentes bem próximos e queridos! Cresci com uma visão diferente e inconscientemente me preparava de maneira racional. Tanto é que ainda hoje não choro quando alguém morre! Não me pergunte o por quê! Quando minha mãe faleceu, eu não chorei, mas fiquei ruim da cabeça por longos 02 anos! Já a morte de minha vó me trouxe paz de espírito. Ela fez a passagem em meus braços e foi de forma tranquila e serena. Minha maior experiência no entanto, aconteceria anos mais tarde. E foi um grande aprendizado espiritual, pra mim! Eu cuidei do pai de uma grande amiga, ele um ilustre professor de literatura do Colegio Sion, um dos mais conceituados de Sampa! Adorado pelos alunos e pelos familiares. Foram 02 meses de intensa troca de experiências, de desabafos e de muita verdade. Estava ao seu lado quando ele lentamente, foi deixando de respirar e uma tênue lágrima rolou... aprendi que independente de qual seja a posição na sociedade ou do que se tenha adquirido durante toda vida: o que vale é a simplicidade em viver cada experiência com profundidade, com generosidade e aceitação! Isso nos faz ver a morte como transição e como complemento! Grande abraço em você e na sua filhota!!

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  3. Anônimo10:37 AM

    r: você tem razão..

    abc

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  4. A morte é a parte chata da brincadeira. Mas #fazparte e a melhor saída - já que não podemos reviver como no Atari - é aproveitar hoje!
    E te cuida "gordinho", hein? Hugzão!

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  5. É muito bonito ver como os adolescentes se relacionam com seus professores, como professor sempre me preocupei por causa disso em ser um modelo para eles, agir corretamente, não fomentar preconceitos, e como sou professor de história tb sempre foi minha responsabilidade incitar neles a cidadania política (o belo espírito de rebeldia), é nosso papel.

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  6. Muito agradecido pela visita lá no meu blog. Sempre que possível, volte. Estou passeando aqui pelo seu! Abraço

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  7. Encontrei seu blogue, por acaso. Mas curti muito, muito mesmo, principalmente pela clareza e coerência de sua fala, em termos, principalmente, de experiência de vida. Papo bom de se ler. Também - e aí vai uma preferência pessoal - pelo estilo de escrita, eu que lido com literatura. Muito interessante nesse sentido. Coloquei em meu "favoritos" para voltar. Parabéns.
    Eliane F.C.Lima (Blogue "Literatura em vida 2".

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  8. E nao sei se a gente lida com a morte. A gente encara-a como que nao querendo, da primeira vez. Da segunda, ainda fica no receio. Na terceira já está mais lúcido para lidar com a questão. Depois, infelizmente, ela nos afeta de forma ainda indelével, mas parece que já nos "acostumamos" com ela. Nos anos 1990 perdi inúmeros amigos com a Aids, um primo querido, e neste percurso mais uma leva de pessoas intimas ou diretamente próximas. Mas cosmorama o Fred com muita sabedoria, "é a parte chata da brincadeira". Mas não dá para tira-lá da roda, portanto...abs rapaz!

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  9. Não sei te dizer como lido com a morte... Acho que são estágios... Existe o choque - meio que não acredito que aconteceu... Depois é um sofrimento profundo, dilacerante. Depois aceito... Aceito, acima de tudo, que sempre vai doer. Que é uma ferida para sempre aberta, que a dor vai e volta, dependendo de nossas lembranças... E infelizmente, acho que sou apegado à memórias. Cheiros, cores, sabores... Tudo me remete à situações e pessoas, que estão entre nós, e que não estão. Mas, para resumir - certo dia via uma amiga, no facebook, falar à respeito da saudade pelo pai falecido : "Pai querido, logo nos encontramos... Os dias passam, e com eles, diminui a distância entre nós... " . - E acho que é isso!
    abraço

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