5 de julho de 2015

Fato Relevante ao Mercado (parte 2)

(para entender o assunto leia primeiro AQUI)

Eu trabalho na área de Recursos Humanos e estou muito acostumado a entrevistar e avaliar pessoas - o que não quer dizer que eu não me engane e faça avaliações equivocadas - então eu tinha um bom roteiro do que deveria conversar com a candidata a empregada 
Eu pedi indicações para várias pessoas, e uma das que veio falar comigo era prima da empregada que trabalha com minha mãe (há mais de 15 anos). Esta funcionária da minha mãe é evangélica, daquelas que usam saia obrigatoriamente e vão ao templo todo dia...mesmo antevendo algum problema falei para a tal da prima vir conversar comigo.
Quando a moça chegou já fiquei um pouco mais tranquilo, pois ela não usava a indefectível "saia abaixo dos joelhos" que as denominações cristãs mais ortodoxas recomendam que as mulheres usem. Perguntei da experiência dela, o que sabia fazer vida familiar etc...
Ai foi o momento de iniciar a operação "o gato subiu no telhado"
- Em nossa casa moram eu, minha filha e o Mr. Jay, Você deu sorte que é uma casa "sem patroa".(patroas sempre são mais chatas que patrões) Eu trabalho, minha filha faz faculdade e o Mr. Jay viaja bastante, então muitos dias você nem vai encontrar ninguém aqui.
Expliquei outras coisas, falei que não tinha patroa porque minha filha é adotiva, falei que o Mr. Jay era mineiro e que ia ensinar ela a fazer umas comidas que ele gosta, que não como carne, etc  etc etc... porque a gente não pode esquecer que quem está contratando também está sendo avaliado...
Então falei para subirmos para eu mostrar o apartamento  para ela.
- Este aqui é o quarto de minha filha, este aqui é o quarto de hóspedes, este aqui é o meu quarto e do Mr. Jay (acho que nesta hora o cérebro dela deve ter procurado duas camas, mas os olhos só viram a cama de casal, o gato subiu no telhado)
- E quando você quer começar? -  eu perguntei, dando a chance dela pular fora se não tivesse gostado de algo que disse, ou achado a casa grande, ou qualquer outra coisa...
- Amanhã - disse ela.

Isto foi na terça, e parece que tudo vai bem... a não ser que ela seja muito "tapada", e não tenha entendido nada, parece que ela se adaptou rápido á nossa realidade. Se bem que ela ainda nem encontrou os outros dois moradores da casa que estão viajando - uma de férias e o outro a trabalho. Mas acho que ela já entendeu o que aconteceu com o gato! Provavelmente a empregada da minha mãe, prima dela, já deve ter passado minha ficha corrida, pois ela sabe que sou homossexual, mas pelo sim pelo não eu também dei meu recado...

E ai? Acham que meu método foi objetivo o suficiente? Ou sutil demais e ela não entendeu nada?


15 comentários:

  1. Então... acho que você se saiu muito bem, se você queria que ela agisse com naturalidade, creio que cabia a você também agir assim e pelo jeito foi o que fez! Vou anotar aqui as dicas! eheheheh

    Muito provavelmente ela já tinha a sua ficha, a radio tamanco é muito efetiva nessas horas e para além das crenças, nessas horas vale mesmo a indicação de um bom patrão para se trabalhar.

    Legal quando as pessoas nos surpreendem, nessas horas tenho um tiquinho de esperança que as coisas ainda vão mudar.

    Abração.

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    1. "radio tamanco" eu não conhecia! só a radio peão! mas sem duvida ela funciona, eu sempre ouvia fofocas de outros vizinhos que vinham pela radio tamanco! rsrsr

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  2. Anônimo12:38 PM

    Foi um bom método, simples e natural! :)

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  3. Metodologia precisa mas observando bem os fatos, ela já tinha sua ficha completa pois, evangélicos ou não. as notícias da vida dos outros correm rápido e a prima com certeza deu o serviço.
    Outra questão a ponderar: Mesmo sendo evangélica, há q se considerar que, nos dias atuais, Jesus não anda distribuindo empregos ... assim é pegar ou ficar desempregada ... na relação custo benefício ela foi esperta. Acho q se ele consultou o pastor sobre a possibilidade dela estar pecando por acobertar uma relação destas [coisa de Satanás] ele afirmou com seu pragmatismo finaceiro: Vai minha filha, foi o Senhor q colocou esta missão à sua frente ... afinal fiel sem emprego não gera dízimo ... kkkkkkkkkkkkkk

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    1. UAU bratz! avaliação precisa... sem emprego com o gay sem dizimo! muito bom!

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  4. Com naturalidade e dando chance. Tá tudo lá.
    A minha não foi tão preparada... contratei-a, indicada por uns amigo hétero e logo se apercebeu que eramos dois homens. Já lá vão 10 anos e somos "os rapazes" ou "os meninos"

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    1. Com a minha primeira foi assim... mas agora o panorama é outro! Eu tenho muitos amigos que são chamados de "meninos" por suas empregadas!

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  5. Já trabalhei na área de RH, e nas entrevistas e dinâmicas eu via de tudo rs...
    Eu acho que ela entendeu muito bem, e ela está sendo discreta, ou seja, tem coisas que não necessitam de questionamentos e sim aceitação.
    Abraços!

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    1. Como vc é da área sabe bem Ro.... o recrutamento é uma coisa, depois quando "faz parte da equipe" é que são as coisas!

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  6. Anônimo10:56 PM

    The ol' British way, my favourite: simple, direct, but somehow suttle and true!

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  7. Acho que tratou com naturalidade, do jeito que tudo deve ser tratado. E ela, caso tenha percebido alguma coisa, ou desgostado (o que esperamos que não) também agiu com naturalidade, então foi uma win-win :) Congrats!

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    1. obrigado F! foi bom que deu certo! e continua dando!

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    2. obrigado F! foi bom que deu certo! e continua dando!

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